em 05/07/2003 por Hugo Montarroyos
Peso domina segunda noite do PE no Rock
Devotos, Sick, Scream e Psycho Clown foram os grandes destaques.
Como já é de praxe, o segundo dia do PE no Rock foi totalmente dedicado ao som pesado, em suas mais variadas correntes, desde o punk e hardcore, até o nu metal.
Os Aborígenes
foram responsáveis pela abertura da noite. Não sou muito apreciador da principal influência da banda, o Korn. Mas a molecada gosta, fazer o que? E já que o que conta em show é a opinião do público, devo dizer que os caras mandaram muito bem. Aqueceram o público (quase seis mil pessoas) na medida certa, e, de certa forma, fiquei com a impressão que teria uma longa e agradável noite pela frente.
Bem, como sinceridade é meu lema, aviso logo de cara que sou admirador do trabalho do Nor-k
, pois acho extremamente original a mistura que eles fazem de hip hop com death metal. Estranhei muito o atraso do show. Depois fiquei sabendo que um dos guitarristas ficou preso num engarrafamento na Agamenon Magalhães. Isso, sem dúvida, comprometeu a performance dos meninos, que poderia ter sido bem melhor. Mas, ainda assim, fiquei arrepiado com o solo de violino do guitarrista Carlos e, confesso que, numa falta de profissionalismo extrema, quando dei por mim, estava no palco, atrás do baterista, pulando feito um louco. Ou seja, achei o show maravilhoso. Para
a platéia, foi apenas razoável.
Sickness
teve o mesmo problema do Nor-k, mas teve mais habilidade em contorná-lo. Um dos guitarristas da banda simplesmente não apareceu. E aí, quem sobrou em cena foi o vocalista Rayran, que tem só 17 anos ! O Sickness está bem longe de fazer um som que me agrade, mas, devo admitir, os caras, apesar da pouca idade, já sabem como dominar uma platéia. Rayran esbanjou carisma, e a banda, mesmo desfalcada, se virou na boa. Ótima apresentação.
Novamente confessarei algo que não deveria expor publicamente. Gosto pra caramba do Sick
. Acho uma das bandas mais promissoras do Estado. Mas os caras têm um problema sério. Simplesmente não possuem presença de palco, o que acaba cansando o público. Se musicalmente eles mandam muito bem, carisma que é bom, falta um bocado. O grupo também ainda não tem um público formado, o que prejudica, e muito, suas apresentações ao vivo. Mais uma vez, decidi ver os show do palco, mais precisamente ao lado do baterista Caio, pra ver se aprendia alguma coisa. Se algum dia conseguir tocar metade do que esse cara toca, me dou por satisfeito. Vai ser bom baterista assim no inferno, meu filho.
Depois foi a vez da primeira grata surpresa da noite, o Scream
. Apesar de fazer um som batido (inspirado em Pantera e Sepultura), os rapazes mostraram vigor, atitude e coragem, ao tocar “Territory”, do Sepultura. Mais uma vez fui pego de surpresa, pois não esperava muita coisa deles.
Desta vez, ao contrário da noite anterior, o dia foi de um forasteiro. Os Garotos Podres simplesmente abusaram do direito de ser competente. com 20 anos de estrada, barrigudinhos e com jeitão de pai careta, os senhores simplesmente detonaram. Literalmente, viajei no tempo, embalado ao som de “Papai Noel Filho da Puta”, “Eu não gosto do governo”, “Presidente Veadinho”, e tantos outros clássicos punk. Nota 10. A parte antológica foi quando Cannibal entrou em cena para dar sua contribuição na mais que engraçada “Eu quero fazer cocô”. Até minha namorada, que detesta esse tipo de som, adorou o show deles…
Fico com muito medo de elogiar demais uma banda nova. Mas não posso deixar de fazê-lo. O Psycho Clown foi o grupo novo que mais me impressionou nesta edição do PE no Rock. Achei o show fantástico, e acho, sinceramente, que a banda está pelo menos um passo à frente de todas as outras que se dedicam ao nu metal. Aliás, foi uma influência que não consegui detectar no show deles. Vai ver que é por conta deles serem fãs de Nirvana. Vai saber…
Outro show que decidi assistir do palco foi o do Devotos
. Basicamente por dois motivos. Primeiro porque precisava tirar fotos de Cannibal (tarefa não realizada, uma vez que queimei, literalmente, o filme). Segundo porque gosto, e muito, da banda. Acho que será difícil dizer qualquer coisa sobre o trio do Alto José do Pinho sem soar redundante. Prefiro plagiar o chapa Guilherme Moura e dizer que o show foi “do caralh…”.
Ah, meu Deus, ainda vou me dar muito mal por não ter papas na língua. de longe, o pior show foi o do Protesto Urbano
. Além do som, que estava péssimo (disso a banda não tem culpa), os vocalistas mostraram uma total falta de preparo para lidar com o público, sem contar que o som que fazem é mais chato que o Raul Gil e o Sílvio Santos juntos. Um dia ainda vou me arrepender de ter escrito isso. Por enquanto, vai em tom de desabafo mesmo. Galera do Protesto Urbano, um recado…melhorem…só isso.
Os Cachorros
fecharam o festival de forma correta, apesar da nítida
diferença na qualidade de som deles em relação ao das outras bandas. Mas, uma coisa é inegável. Os caras têm um público consolidado e esbanjam presença de palco. Foi um fechamento bacana, para um evento que, se continuar se levando à sério, promete.
Clique na foto abaixo para abrir a PopUp com as fotos do segundo dia do PE NO ROCK 2003:

Links:
» Nor-k no RecifeRock
» Sickness no RecifeRock
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