
em 01/09/2003 por RecifeRock.com.br
Caramba.. Esbarrei ontem em outra resenha dos Astronautas em um site Curitibano.
Você pode perguntar “Como esses caras conseguem tantas resenhas ?”. O segredo deve ser Q+Q (Qualidade + Quantidade).
Quantidade = Segundo André Frank, os Astronautas já prensaram 2.500 cdzinhos e estão prensando uma nova fornada para a nova turnê!
Qualidade = Só escutando o cd e vendo o show pra saber…
vamos a resenha:
resenha do site: RoadSides – http://www.roadsides.kit.net
republicado com autorização do autor.
ASTRONAUTAS – …De Algum Lugar do Sistem Solar (Independente)
por Venâncio Vicente Filho – ve@onda.com.br
19h45. Encosta o Florianópolis/Curitiba. A última lágrima de saudade ainda não secou enquanto aperto o play no meu bom e velho discman. Tenho 4 horas de viagem pela frente, e se as lembranças de outro final de semana realmente próximo do que chamamos “perfeito” me permitirem, pretendo resenhar o disco d’Os Astronautas. Ah, tem mais um detalhe: se o meu discman da idade da pedra também me deixar ouvir o disco inteiro, pois a cada desnível ou solavanco na estrada onde o ônibus balança além do normal, preciso esperar 7 segundos pra música voltar. Sistema anti-choque? Não, meus amigos, nunca ouvi falar…
Conheci a banda no último sábado, vendo o show no famigerado Underground, em Florianópolis. Vários fatores me chamaram atenção. Alguns de maneira bastante positiva, e outras que me deixaram com um pé atrás. 70% das pessoas no mundo sabem a letra de Blitzkrieg Bop, dos Ramones. Dos 30% restantes, um terço sabe embromar de maneira satisfatória. O vocalista dos Astronautas parecia fazer parte do restante que não sabe. De qquer forma, foi uma versão honesta. E depois ainda veio um cover de Machine Gun, do Hendrix. Essa parte eu ainda não sei se é boa ou ruim. E eles também tocam todos com a mesma roupa. Uma espécie de macacão-slipknot da Paraíba. Na verdade, essa piada não cabe aqui. A banda é do Recife, logo ali do lado. E lá estava eu, um curitibano, em florianópolis, vendo a tal banda de recife. Pro lado positivo, um rock energético muito bem tocado, no limite de cair no virtuosismo. E quando eu digo MUITO bem tocado, estou falando do melhor som ao vivo que já escutei numa banda underground. Parecia playback. Musicos MUITO competentes, banda coesa e entrosada. O som algumas vezes me lembrou Chico Science tocando Rage Against the Machine no centro de treinamento da Nasa. Com a MTV filmando. Não que isso seja ruim. E uma banda que solta “essa próxima música é baseada num livro de Isaac Asimov” merece, no mínimo, que eu pare pra ver.
Pra resenhar esse disco que comprei do baterista após o show por inacreditáveis 5 reais, é preciso entender todo o contexto da banda. Os Astronautas usam mil efeitos remetendo à ficção científica. Tudo reproduzido fielmente ao vivo. Guitarras bastante modernosas, lembrando bastante o que bandas do tipo Finch vem fazendo. Só que sem as partes gritadas e com levadas mais pop, o que torna o som deles ainda mais verdadeiro. As letras são um pouco ruins, mas, como eu já disse, é preciso entender o contexto da banda. Dentro desse universo sci-fi (ou fora dele), “Ultravioleta” (eu vi você dentro do sol / você centro do sol / UVA e UVB), a faixa 2, até que faz sentido. “Orbital” e “Nós Robôs” tem refrão com a banda gritando em coro (no estilo “Resist! Control!”) e é talvez a melhor faixa do disco. Lembrei agora, ouvindo a gravação, que o vocalista/guitarrista André Frank citou que a produção é de um figura que trabalhou com Deftones e Fugazi, entre outros. As guitarras perfeitamente timbradas e o vocal dobrado às vezes e alto sempre deixam claro que, quem quer que seja o rapaz, ele sabe preparar uma banda para o estrelato. A arte é simples, mas funciona. Tem todas as letras, o CD é prensado e com todas as informações necessárias. Agora vocês entenderam o porque do “inacreditáveis 5 reais” ali em cima? Me deu vergonha de já ter vendido CD-R com encarte xerocado em capinha slim por mais que isso. Voltando ao disco, as faixas seguintes Atmosfera (quase um techno) e 21 Solar (único momento em que a banda parece perder a pegada, na faixa mais slow-down) são dispensáveis, mas o povo da MTV vai querer tocar. “No Mesmo Lugar” é um rock n’ roll pop que aquela turma do Detonautas/Tihuana tentam fazer mas soa tão fake. Com os Astronautas, é empolgante e perfeito pra botar alto na estrada, num dia de sol. Não era o meu caso, à noite sentado num ônibus convencional, mas a tiazinha que já havia se assustado com o tamanho dos meus fones de ouvido deve ter acordado com meus pés batucando o chão e os braços executando “air-drums” (ok, confesso, eu ainda faço essas coisas).
Não fiz questão de escutar as duas últimas faixas que, pelo que consta no encarte, são remixes. Preferi ficar com a bela impressão que eles me deixaram no show e não escutar DJs fazendo bobagem com o rock dos meninos. O guitarrista Djalma Rodrigues é realmente muito bom (distorção com wah wah tá com tudo!) e agita bastante ao vivo, e eu não gostaria de ver seus riffs de “Nós Robôs” sendo deturpados por um apertador de botões qualquer. Eu sinceramente acho que esses remixes não foram idéia deles. Repeti algumas faixas, troquei de disco algumas vezes, voltei pros Astronautas. Ninguém disse que pop rock é sinônimo de banda ruim e pré-fabricada. Esses caras soam sinceros o tempo todo.
Links:
» Site RoadSides (Paraná)
» Astronautas no Guia do Rock
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