Abril Pro Rock 2004 (Segundo Dia)

Por Hugo Montarroyos em 17 de abril de 2004

 

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ABRIL PRO ROCK 2004 (SEGUNDO DIA)
data: 17/04/2004 (Sábado) – local: Pavilhão do Centro de Convenções
com Vamoz!, Forgotten Boys, Switch Stance, Forgotten Boys, Eminence, Lava, Destruction, Maldita, Ratos de Porão, Insurrection Down e Krisiun
Resenha por Hugo Montarroyos – Fotos por Bruno Negaum

Ratos e Krisiun promovem massacre sonoro no APR
em 17/04/2004 por Hugo Montarroyos

Se o mundo não acabou ontem, provavelmente não acabará mais. O esculacho sonoro ao qual o Centro de Convenções foi submetido no segundo dia do Abril pro Rock foi de uma violência tremenda. Mas, como nos roteiros dos filmes da “Sessão da Tarde”, no final todos saíram felizes e salvos.

A noite começou muito bem com o pernambucano Vamoz! Visivelmente emocionados, Marcelo Gomão (vocal e guitarra), Henrique Muller (guitarra e voz), Pedro Henrique (bateria) e Leo D (teclados) provaram mais uma vez o quanto são bons ao vivo. Show com pegada rock, tocado com entusiasmo e que, ao contrário do que previra, foi muito bem aceito pelos metaleiros. “Letter” foi de arrepiar, comovente, linda. Assim como “Rock Me” e a instrumental do capeta “Fire Baby”. Depois, o tão esperado cover, que, como já sabíamos, foi “Highway in the Hell” do AC/DC, para delírio dos homens de preto. Fecharam o show com “Beside”, a música mais “Teenage Fanclub” da banda. O Vamoz! é datado, regressivo, saudosista e despojado. E, justamente por tudo isso, é do caralho! Foi, de longe, a melhor apresentação do palco 2. Pena que tocaram pra pouca gente.

Aliás, o público do sábado foi bem maior que o de sexta. A galera que curte metal é fiel até a medula.

Depois foi a vez do Forgotten Boys encarar o palco 1. É preciso antes, porém, explicar algumas coisas. Os caras pensaram que tocariam no palco 2. Em cima da hora, ficaram sabendo que ocupariam o palco principal. Tiveram tempo de passar o som com apenas uma música. A primeira coisa que percebi foi a ausência do baixista Fralda. Após o show, entrevistando o boa praça Chuck, fiquei sabendo que Fralda saiu da banda por conta de divergências pessoais. Bem, a soma de tudo isso resultou num show confuso, onde pesaram contra o Forgoteen Boys o som embolado do palco 1 e um certo nervosismo dos caras. Decidi me refugiar na sala de imprensa. de lá, reconheci os acordes de “Ace of Spades”, do Motorhead. Foi a salvação da lavoura. Mas foi uma apresentação apenas regular.

Perdi boa parte do show do Switch Stance enquanto entrevistava Chuck. Mas voltei em tempo de presenciar a melhor parte dele. O vocalista Maurílio Fernandes pediu para toda a platéia levantar o dedo médio (num português claro, a boa e velha “dedada”) e mandou o público gritar “Foda-se Bush”. Foi bacana. Mas, fora isso, o que se viu foi um hardcorezinho melódico sem graça, que só agrada mesmo a quem tem menos de vinte anos.

O Eminence, banda de Jairo, ex-baixista do Sepultura, começou como um dos favoritos ao título de melhor apresentação da noite. Foi pesado, vibrante, encorpado e endiabrado. Consistência sonora das melhores. Bom frisar que, daí em diante, comecei a ter uma dor de ouvido daquelas. Enfim, o Eminence foi a grata surpresa do dia.

De volta ao palco 2, as meninas do Lava tentaram (e por vezes conseguiram) tirar leite de pedra. O som estava terrivelmente alto, o que prejudicou um bocado a apresentação das garotas. Oriundas de São Paulo, elas mostraram presença de palco e uma sonoridade que fica entre a das guitars band e do punk rock. A galera aprovou. Tanto que, durante o show, houve um tumulto daqueles. Aqui vale abrir um parêntese para o excepcional trabalho dos seguranças. Testemunhei várias tentativas de briga, todas evitadas com extrema competência pelos homens encarregados de proteger o público.

Bem, como sou de carne e osso, aproveitei o show do Destruction para fazer uma boquinha. Como não sou p.h.d. em Destruction, vou resumir a apresentação deles da seguinte forma: os caras tocavam duas músicas, o público gritava “Destruction, Destruction!”. Daí os alemães agradeciam em português, tocavam mais duas músicas, e a galera gritava “Destruction, Destruction !”. Foi assim durante uma hora e vinte. Acho que não preciso dizer mais nada.

O show do Maldita, do Rio de Janeiro, foi vergonhoso de tão ridículo. A banda lança mão de todos os clichês já fartamente usados por gente como Alice Cooper, Ozzy e, mais recentemente, Marylin Manson. Para ter uma idéia de como a coisa foi patética, em determinado momento do show o vocalista pegou uma galinha branca viva e simulou comer (no mau sentido, ou seja, sexualmente) a pobrezinha. Depois tem gente que pergunta por quê somos um país do terceiro mundo. no Brasil é assim! Já que não tem morcego, o negócio é se virar com penosa mesmo… triste ! O som ? Um arremedo, imitação de décima nona categoria de Marylin Manson. A banda é fabricada para posar de malvada. de dar pena (com o perdão do trocadilho infame).

Tentei ver o show do Ratos de Porão no meio da galera. Não consegui. Uma roda-de-pogo animalesca me obrigou a preferir o conforto do palco. E de lá vi cenas hilárias, naquela que foi a melhor performance da noite. O baterista Boka é apenas e tão somente um monstro. Toca muito. E João Gordo dispensa comentários. Fora isso, olha só o set list dos caras: “Agressão / Repressão”, “Qual será o Próximo Alvo da América?”, “Caos” (que possui apenas 15 segundos de duração !), “Morrer”, “Sofrer”. Gordo pediu para mudar a roda de pogo para o “sentido horário”, e foi solenemente atendido! Depois disso tocaram ainda “Igreja Universal” (sente a letra: “Você acredita em Deus e nos seus milagres / Em troca de dinheiro, Ele lhe fará feliz (sic) / Você chorou de emoção em nome da verdade / Nas mãos de um charlatão, você é um imbecil”), “Aids, Pop, Repressão, o quê que eu fiz Para Merecer Isso?”, “Realidades da Guerra”, “Velhus Decrepitus” (em “homenagem” ao ex-presidente Jânio Quadros), “Beber Até Morrer” e “A Crise é Geral”. Por alguns momentos fui devolvido à minha adolescência, época em que colecionava os discos de vinil do Ratos de Porão.

Gordo no palco é hilário. Samba, rebola, faz careta, provoca os roadies, os jornalistas e toda a equipe técnica. Um show à parte. Estou rouco até agora! do caralho!

Não foi fácil a tarefa do Insurrection Down. Os pernambucanos ficaram espremidos entre o Ratos de Porão e o Krisiun. Pegaram um público exausto. Mas levaram na boa. O vocalista André esbanja talento, técnica e presença de palco. A banda é muito boa. Tenho certeza que, caso tocassem em outro horário, a receptividade teria sido melhor. Mas eles não deram a mínima bola pra isso. Fizeram um show bacana, tecnicamente perfeito e tocaram seu set list felizes da vida. Depois, André me contou que já sabia que iria pegar um público massacrado e preocupado em poupar as energias para ver o Krisiun. Enfim, ficaram satisfeitos com o que fizeram. Eu também ficaria no lugar deles…

O gaúcho Krisiun, uma espécie de “PSTU do metal”, faz um barulho impressionante em se tratando de apenas três pessoas no palco. A reação da platéia ao som dos caras é muito engraçada. Todos ficam parados, de boca aberta e hipnotizados com a pedreira sonora que eles mandam. Na sala de imprensa, onde tive que correr para não ter os tímpanos estourados, Edgard, da MTV, dizia que estava impressionado com o contraste entre o som que o Krisiun faz e a simpatia dos caras. “Pô, não conhecia a galera, estava receoso ao entrevistá-los, mas eles são muito educados. Gente fina mesmo”, desabafou o VJ. de minha parte, procurei proteger os meus já mais que detonados ouvidos. Cada vez que alguém abria a porta da sala de imprensa, tinha a impressão de que o mundo iria acabar. Bem, dizer mais o quê ? Teve bis. Os metaleiros pediram, e foram atendidos. Amém.

Terei que marcar uma consulta num otorrino segunda-feira. Como diria a turma do Massacration: “METAL!” .

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Links:
» Vamoz! no RecifeRock
» Insurrection Down no RecifeRock
» Site da banda Ratos de Porão

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