![]() EDDIE: 15 ANOS DE ESTRADA data: 07/08/2004 (Sábado) – local: Ancoradouro com Eddie e Mundo Livre S/A Resenha por Hugo Montarroyos – Fotos por Bruno Negaum |
em 07/08/2004 por Hugo Montarroyos
Uma noite qualquer de outubro de 1994. Teatro do Parque lotado. O Mundo Livre S/A fazia o show de lançamento de seu primeiro álbum, “Samba Esquema Noise”. O hype em torno da banda era enorme. O grupo tinha sido contratado pelo “Banguela”, selo da “Warner” que pertencia aos Titãs, e seu disco de estréia, produzido por Miranda e Charles Gavin, contava com as participações de Nando Reis, Nasi e até Malu Mader, entre muitos outros.
Um então desconhecido Eddie foi recrutado para abrir o show. Logo no início, o ainda tímido guitarrista Fabinho dizia “É uma honra pra mim tocar antes de uma banda da qual sempre fui fã “.
Dez anos depois, no Ancoradouro, a ordem se invertia. Agora era o Mundo Livre que abria o show de aniversário de 15 anos (pois é) do Eddie. Nesse intervalo, o Mundo Livre lançou mais quatro discos, enquanto o Eddie, com cinco anos a menos de estrada, lançara dois.
Ver o Ancoradouro lotado para prestigiar as duas bandas era algo inimaginável há 15 anos. Foi bacana testemunhar gente daquela e da nova geração esperando ansiosamente pelo começo dos shows. Estes, por sua vez, foram completamente distintos. Comecemos pelo começo, ou seja, pelo do Mundo Livre.
Curto e grosso, Zeroquatro, assim que subiu no palco aproveitou para dar o set list completo, dizer que o show duraria meia hora e, como de costume, metralhar verbalmente a Ordem dos Músicos do Brasil. A apresentação, que começou morna apesar da boa vontade do público, foi crescendo aos poucos. “Cidade Estuário” ficou um tanto estranha sem o naipe de metais, e “Homero, o Junkie” pareceu um pouco destoada do resto do repertório. O show começou a engrenar após “Musa da Ilha Grande”, em que Zeroquatro fez questão de apimentar ainda mais a já apimentada poesia sacana da música, cantando o seguinte verso “Ela entrou de biquíni branco/ deixou a blusinha na areia/ jogou um sorriso pra trás/ me deixou com a cabeça cheia de esperma”. Pouca gente percebeu a mudança.
E, definitivamente, quando Fred empunha seu cavaquinho punk, o estrago é grande (no melhor dos sentidos). Foi assim em “Bolo de Ameixa”, “Xicão Xucurú”, “Seu Suor é o Melhor de Você”, “Free World” e, no bis, “Livre Iniciativa”. O show, que começou morno, terminou borbulhando.
O problema todo foi ter que agüentar o repertório “caldo da galinha azul sassaricante” de DJ Lala K até o começo da apresentação do Eddie, que começou já depois das duas da matina…
O show do Eddie foi um verdadeiro contraponto em relação ao do Mundo Livre; começou muito bem e foi se arrastando tediosamente até o final.
Hipnotizaram com “Quando a Maré Encher”, encheram os olhos com a participação sempre especial de Erasto Vasconcelos “Tinha”, contaram com o coro total dos presentes com a alagoana “Me dê Uma Cachaça” e abrilhantaram geral com a praiana “Pode me Chamar”. Só que depois disso a coisa ficou meio enfadonha, atabalhoada. O som local, que já não era nenhuma maravilha, piorou muito, e a banda, com todo o direito de quem completa 15 anos de chão, começou a comemorar de fato. Ou seja, se divertiu mais quem estava no palco do que quem estava fora dele. A partir daí foi uma infinidade de participações especiais, o desenterro ao vivo de “Falta de Sol” e a impressão, para quem estava no público, de que o show não acabaria nunca.
Tudo bem, a gente entende. Afinal, não é todo o dia que uma banda fora do grande circuito e do mainstream completa 15 anos. Poderia ter sido melhor, mais enxuto, menos cansativo. Mas foda-se! Era festa. E festas são feitas para atolar o pé na jaca, beber cachaça no lugar de cerveja, ir atrás do rebolado que ela faz, não esperar a sujeira passar e se lembrar que a vida é metade futebol, metade mulher.
Parabéns! Eu sou Eddie…
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