Rodrigo Baltar Fala Sobre a Programação do PE No Rock

Por Hugo Montarroyos em 12 de setembro de 2004


em 12/09/2004 por Hugo Montarroyos

Em pleno bar “O Cangaceiro”, no Pina, no final de agosto, a produção do PENOROCK soltou a lista da programação da edição 2004 do festival. Com toda a mídia especializada presente, entre caldinhos de bode e carnes de sol, o produtor Rodrigo Baltar falou sobre a escalação deste ano, das expectativas e da homenagem que será feita em comemoração aos 20 anos do Mundo Livre S/A. Confira abaixo a conversa, onde Baltar explica, entre outras coisas, seu critério para a escolha das bandas, boa parte ainda desconhecida do grande público.

Em relação a programação do ano passado, as únicas bandas que estão também nesse ano são Sickness e Os Cachorros. Isso é devido a uma necessidade de renovação na programação do PENOROCK ?

Não é nem a necessidade de renovação, e sim uma quantidade e qualidade de bandas em excesso em Pernambuco. Então se eu continuar a segurar uma programação que já vem há vários anos, eu vou deixar de dar oportunidade a muitas bandas boas que estão por aí. Dava para fazer um festival com pelo menos 40 bandas. Mas infelizmente não dá para colocar todo mundo. Então a gente tem que dar uma renovada, sempre pensando em manter o nível. A nossa preocupação é em renovar para dar oportunidade as bandas novas que estão batalhando um espaço. A gente procura com dedicação e muita pesquisa para poder botar as melhores bandas novas. No caso dos Cachorros a gente tá repetindo até por uma questão de osmose. A gente até tenta não escalar a banda, mas não tem jeito. Até porque não é uma banda que toca muito em Recife. E é uma banda que tem um poder de fogo muito grande. E a gente tem um laço de raiz e de amizade com os caras. São sete anos galgando espaço. Começaram a tocar no palco dois, depois passaram a tocar no principal, até que no ano passado eles fecharam o festival. Foi uma progressão natural deles, e a gente não pode deixá-los de fora.

E o resto é renovação mesmo. Sem medo de apostar nos novos talentos. No nosso humilde ponto de vista, essa é a melhor programação que o festival já teve. Queria até colocar mais gente, mas infelizmente só tínhamos espaço para 16 bandas. Hoje às 16h eu aumentei para 12 bandas a programação do sábado e para sete a programação da sexta…

Quais foram as bandas que entraram de última hora ?

A que entrou de última hora, que eu estava já de saída da Disco de Ouro foi a Sickness, que eu peguei o disco dos caras e achei o CD fortíssimo, vigoroso e raivoso. Ano passado eles tocaram no palco 2 e esse ano vão tocar no palco principal.

E a outra foi a Fiddy.

Como foi seu contato com a Fiddy ?

Eu estava na Disco de Ouro pegando um material. Quando eu estava saindo, Rogério (dono da Disco de Ouro) colocou de propósito a banda para eu escutar. Aí da porta mesmo eu voltei e perguntei “meu irmão, que parada é essa?”. Na mesma hora eu liguei para Geraldinho (idealizador do PENOROCK) e disse que tinha pintado um imprevisto, que teríamos que aumentar o número de bandas. Eu fiquei impressionado com o vigor da banda. Vocês vão ver.

Como surgiu a idéia de homenagear o Mundo Livre S/A ?

A gente sempre teve a idéia de valorizar o que é nosso. Tanto que até 2001 nenhuma banda de fora tinha tocado no PE no Rock. E continua sendo assim. A gente traz uma ou duas bandas de fora e o resto é de Pernambuco. A gente nunca vai abrir mão disso.

Homenagear o Mundo Livre é uma honra. É um orgulho muito grande pra gente que faz o PE no Rock homenagear uma banda com o Mundo Livre, que já tem toda uma história na cena nacional. E para essa festa não ficar apenas com um bolinho e 20 velas, a gente resolveu trazer alguns convidados, como B Negão, do Planet Hemp, Jorge du Peixe e Cannibal.

Como foi que você chegou até o B Negão? Por que B Negão?

A gente queria trazer mais gente, mas Geraldinho já tinha articulado com B Negão. Até por questão de agenda, não teve como trazer mais gente. E a gente achou que B Negão se enquadrava bem. Eu estou muito feliz pelo fato da gente ter tido oportunidade de fazer essa homenagem. Acho que é um orgulho para todos os pernambucanos homenagear os 20 anos de uma banda que conquistou um respeito imenso, não só aqui como em todo o país.

É uma forma também de dar uma sustentação para sexta-feira, dia que vinha dando pouco público nas últimas edições?

Esse é um fenômeno de qualquer festival realizado em Pernambuco. O público do hardcore e do punk é extremamente fiel. E a sexta-feira é um dia mais alternativo, uma coisa mais direcionada. E a gente sempre teve bons públicos. Ano passado tivemos um público um pouco menor do que o esperado. Mas esse ano, por conta do Mundo Livre, acho que teremos um bom público. Todo roqueiro pernambucano que tem orgulho do som que é feito aqui vai com certeza sair de casa para ver o Mundo Livre.

Qual foi o critério para a escolha das bandas de fora?

A gente sempre procura trazer bandas grandes no eixo do punk e hardcore do Brasil. Bandas conceituadas e influentes. A gente chegou num denominador comum que Nitrominds, por nunca ter vindo ao Recife e por fazer esse som gigante e pelo fato de estarem lançando o disco agora, seria a banda perfeita para a programação desse ano.

E a DFC dispensa comentários, é um do monstros sagrados do hardcore brasileiro.

Mas o objetivo principal da gente trazer essas bandas é fazer com que elas conheçam a cena hardcore daqui.

Algumas bandas do PE no Rock 2004 segundo Rodrigo Baltar:

Pressão Sangüínea – “É uma banda de Olinda que toca o bom e velho rock dos anos 70”.

Nós – “É uma banda pop com guitarra de bastante qualidade. Eles são do Conjunto Residencial de Boa Viagem”.

Zantorriff – “É uma banda que toca no rádio direto. Já tem quatro hits emplacados no rádio. Eles têm uma pegada pop bem dançante”.

Azougue – “Essa banda é irada! É a banda de Fred Caiçara (ex-líder dos Caiçaras), que faz um trabalho bem intimista, voltado para a eletrônica. Tem um balanço bem legal”.

Kayanareal – “Muita gente reclama que não tem reggae na sexta-feira. E o Kaia é um dos grandes representantes da cena reggae aqui em Pernambuco”.

Dr. Dedo Verde – “Essa é completamente desconhecida, mas a galera vai chapar quando escutar. É uma banda de rap que insere piano, violão, violino nas bases. São três DJs, três Mcs, tenho certeza que vai dar muito o que falar…”

Girimum e Seus Maxixes – “É a banda de China, que era do Jorge Cabeleira. É um grupo que tem uma pegada muito forte, e China tem uma presença de palco muito boa”.

Pyshalia – “É uma banda feminina de hardcore muito boa”.

The Playboys – “São os caras mais loucos de Recife. Eles fazem show na Tamarineira, então por que não fazer no PE no Rock? Eles estão lançando disco agora, têm umas atitudes completamente punk, tocam com instrumentos de plástico. Eles tiram onda do sistema, do estilo de vida deles. É uma doideira da porra!”

Fuzer – “São representantes do hardcore melódico. Achamos que a cena melódica merece um espaço. Pena que só dá para colocar uma banda do estilo”.

Terra Prima – “Banda de metal melódico. Quando eu ouvi liguei logo pro pessoal do Cidade Metal pra pegar informações sobre os caras”.

Fiddy – “Seria uma injustiça não colocar os caras na programação desse ano”.

Dyluvian – “Outro representante do metal. Fazem um som bem explosivo”.

Sociedade HC – “Basta dizer que é um projeto de Paulo (ex-guitarrista de Os Cachorros) e de Adriano (vocalista do Campo minado). Eles estão fazendo um hardcore extremamente original”.

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