
Não basta ser bom músico para produzir boa música…
em 19/09/2004 por Hugo Montarroyos
Sabe aqueles discos que te deixam extremamente confusos ? Este homônimo de estréia do Zantorriff é um desses casos emblemáticos. Os caras são ótimos músicos, se bem que não ligo picas para isso. O que importa para mim é o produto final soar agradável, seja na punheta do jazz ou na simplicidade do punk rock.
Então; o Zantorriff é precisamente uma banda de rock. Mas também flerta com o reggae e o funk. O baixista Gustavo Bigode é um dos melhores que já ouvi na vida…
Comecemos então pelos acertos; Seu Discurso tem começo que lembra Bala Perdida, antigo hit do Eddie, para depois mostrar seu balanço semelhante ao do Squaws (alguém lembra?). Surfando no Lodo possui uma parede de guitarras irresistível. Por vezes lembra o Planet Hemp, mas isso não chega a ser demérito. Charque to Shark, que abre o CD, embora tenha uma introdução bem reggae, logo descamba para o rockão. O problema é sua letra iletrada, que pergunta no refrão Por que tubarão não come carne nordestina… ai, ai… Fora isso, beleza.
Deslizes: O Santo é Black Power; bem, não conheço os caras. Também não tem foto deles no CD. Mas, pelo som, posso deduzir que são brancos tentando fazer som de negão. Não dá certo, aliás, nunca deu…
O Africano e o Patuá é chata. E, o principal problema consiste nas temáticas. Como eles se denominam caras de praia, muitas vezes suas letras acabam tendo semelhanças com as do Chalie Brown Jr. Aí sim, meu amigo, é demérito. A letra de Tô no Rato é a maior prova dessa dialética do Chorão, eis um trecho: Vai clarear e eu vou matar / um pitbull por dia só pra te ver pelada no fim de semana/não jogue pesado comigo pela madrugada/ meu bolso furado nem dá pro lazer.
Em suma, não é o inferno, mas também não vai mudar a vida de ninguém. E é a prova cabal que não basta ser bom músico para produzir boa música.
Onde Comprar:
com a banda pelo e-mail: zantorriff@pop.com.br

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» Zantorriff no RecifeRock
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