
O Circo da Solidão é um dos discos mais bem feitos por bandas locais nos últimos tempos.
em 26/09/2004 por Bruno Arrais
Fazer “Rock Literário” pode parecer uma idéia muito pretensiosa, mas no caso da Mula Manca não se trata disso. O que acontece na verdade, é que os letristas, Lula e Tibério, são amantes da literatura e escritores em início de carreira dando vazão a parte de sua produção através da música, o que dá uma dimensão mais profunda a ela.
O disco, como um todo, tem um clima circense / carnavalesco, devido em grande parte ao instrumental, mas que é ressaltado pelas letras – por meio das personagens -, que tratam das dificuldades de amar e dos questionamentos existenciais. Há ainda entre as canções, trechos de textos de Lula e Tibério e também de Herman Hesse e Miguel de Cervantes, que são interpretados por Raimundo Carrero e João Lima.
As melhores músicas do CD são “Carnaval”, faixa de número três, que tem um refrão espetacular; “O Palhaço e a Bailarina”, a número sete, que tem letra e melodia muito bonitas e conta com uma ótima interpretação de Tibério; “Vira-lata”, a oitava, com seus tecladões marcantes à Os Mutantes; “Panfletos de Intervalo”, faixa 10, que tem um ótimo instrumental, começando bem lenta, para terminar de maneira agitada, quase nervosa; e “Ainda Sou Louco o Bastante pra Rir”, a 13ª, com sua letra forte.
O Circo da Solidão é um dos discos mais bem feitos por bandas locais nos últimos tempos. Ele foi produzido por Fabinho Trummer (Eddie) e gravado inteiramente em Recife, no Estúdio do Poço e no Batuka – onde também foi mixado, por Fabinho e Berna Vieira. A masterização foi feita no Fábrica, por Zé Guilherme Lima.
A Mula Manca e Triste Figura é uma banda nova, que ainda parece estar em busca de sua sonoridade própria, mas que mostra com este primeiro disco que o futuro pode ser muito promissor.

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» Mula Manca e a Triste Figura no RecifeRock
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