Exodus no Recife

Por Recife Rock! em 25 de outubro de 2004

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EXODUS NO RECIFE
data: 24/10/2004 (Domingo) – local: Clube Internacional
com Exodus (EUA), Torture Squad (SP) e Imago Mortis (RJ)
Resenha por Breno Mendonça – Fotos por Ariana Couto

Exodus toca apenas 5 músicas e Torture Squad rouba a cena…
em 24/10/2004 por Breno Mendonça

Tinha tudo para ser o show metal do ano em Pernambuco. Uma verdadeira lenda do metal (Exodus), dois nomes de gabarito da atual cena nacional (Torture Squad e Imago Mortis), espaço amplo, um bom equipamento de som, um público ansioso e receptivo. Uma rápida espiada do lado de fora mostrava que caravanas de outros estados vizinhos (Maceió, Rio Grande do Norte) também se encontravam no local.

Tinha tudo para ser o show do ano, mas para a infelicidade geral, não foi. O que se viu foi uma enorme decepção, seguida de grande revolta por parte do público. Pois é como o ditado diz: se alguma coisa começa mal, vai acabar mal. O Exodus já teria que ter vindo no mês passado, mas devido a problemas com o então vocalista Steve ‘Zetro’ Souza, que foi demitido, o grupo foi obrigado a adiar sua vinda ao Brasil.

Com a turnê remarcada e o vocalista substituído, tudo parecia restabelecido. Os fãs teriam o prazer de desfrutar uma hora e meia do mais puro, brutal e clássico thrash metal, de um dos grupos que ajudou a forjar esse estilo.

Porém alguma coisa estava errada. A começar pela hora do show, que de 18h passou para o bisonho horário de 14h. Uma das justificativas plausíveis era de que, quem assim quisesse, poderia ir ao show do Offspring logo que saísse do show do Exodus. Mesmo sem crer na hipótese de que algum metaleiro iria ao show dos punks californianos, achei razoável a decisão, apesar do horário escolhido.

Devido a um atraso da minha carona, saí de casa somente às 14:00, achando que assim perderia o começo da apresentação do Imago Mortis, provável banda de abertura. Porém chegando ao Clube Internacional, ainda no carro, percebi que o show ainda não havia começado e que todos estavam do lado de fora do clube. Mais aliviadoa, eu e meus amigos fomos estacionar o carro, quando então ouvimos uma banda começar a tocar.

Só que os portões ainda estavam fechados, pensamos. Pois é, os portões foram abertos ao mesmo tempo em que a banda começou a tocar. Nos apressamos e chegando mais perto constatamos, para nossa total surpresa, que a tal banda que começara naquele instante a tocar não era o Imago Mortis, e sim, o Exodus.

Incrédulos e correndo para não perder nada do show adentramos no recinto. A música que estava rolando era a lapadeira e clássica ‘Exodus’. Era um tal de gente se empurrando e gritando que evidenciava que o show tinha tudo para ser ótimo.

Na sequência e mantendo um ritmo incrível, mais uma porrada na orelha, a recente ‘Blacklist’ do último disco do grupo “Tempo Of The Damned”. Não precisa nem dizer que o público, que ocupou grande parte do Internacional, estava em êxtase.

Dando seguimento à destruição, tivemos aquela que talvez seja o maior clássico da banda, e um dos maiores clássicos do metal, o arrasa-quarteirão ‘Piranha’. O que já era êxtase virou catarse. Era realmente contagiante a energia exalada do palco e rebatida pelo público. O vocalista Steev Esquivel, substituto de Steve Souza, caiu muito bem no grupo, esbanjando carisma e competência. Os coroas Gary Holt e Rick Hunolt continuam mandando muito bem nas guitarras. Pra dar uma “acalmada” eles mandaram em seguida a pesada ‘The Toxic Waltz’.

Mais um clássico do thrash metal veio em seguida, a violenta ‘Bonded By Blood’. E então ocorreu o que absolutamente ninguém esperava. Tão logo a banda acabou de executar a canção, se despediu do público anunciando o fim do show.

O público ficou atônito. “Como assim o show acabou ?” era o que todos se perguntavam. O show que tinha tudo para ser histórico acabava de uma forma melancólica. Foi um misto de surpresa, incredulidade e principalmente decepção. Seguidos de indignação, revolta e gritos de marmelada, além de outras palavras menos elogiosas.

Ninguém da organização veio ao microfone dar qualquer explicação sobre o ocorrido, o que só fez aumentar a ira da galera, que apesar da raiva não partiu para a violência, quebra-quebra ou algo do tipo. Várias pessoas foram embora logo que viram que não teria jeito mesmo.

O pepino sobrou para o Imago Mortis que começou a tocar em seguida e teve que se desdobrar para acalentar os fãs que ainda estavam apáticos e decepcionados. À margem de todo o problema, o grupo, nome de peso da cena metaleira nacional, conseguiu dentro do possível remediar a situação, com uma performance correta e vigorosa.

O show foi baseado no último lançamento deles, o cd “Vida”. Canções como ‘Long River’, ‘The Silent King’, ‘Me And My God’ evidenciam as influências do grupo, que vão desde o doom metal até o grind. Passagens mais calmas e cadenciadas com climas soturnos são entrecortadas por partes de pura porradaria. Mas uma porradaria melódica, acima de tudo.

Para ganhar a simpatia do público pernambucano de vez, eles emendaram duas covers matadoras no final do set deles, ‘Black Magic’ do Slayer e ‘Troops Of Doom’ do Sepultura. A galera que estava dispersa e acompanhou todo o show sentada nas mesas do clube, se levantou, veio à frente do palco e começou uma roda gigante.

O Internacional talvez não seja o lugar ideal para um show de uma banda do estilo do Imago Mortis. Um lugar mais intimista seria o ideal para os climas e o instrumental mais cuidado do grupo. Mas foi uma boa apresentação.

O Torture Squad veio depois. Depois de uns 20 a 30 minutos acertando o som, os caras começaram o seu set. Conversando com algumas pessoas pude constatar que muitas dos presentes estavam ali para ver o Torture Squad mesmo. Verdadeiros fãs. E tão logo eles iniciaram sua apresentação, esse fato só veio se confirmar.

Foi um começo avassalador. ‘Horror and Torture’ e ‘Towers On Fire’, músicas do último disco deles, o Pandemonium, mostraram que eles não estavam para brincadeira. Ambas foram tocadas numa velocidade assombrosa e com uma garra incrível.

De cara deu pra notar que quem ainda estava decepcionado pelo Exodus, conseguiria esquecer aquilo diante da performance destruidora do Torture Squad. Devo confessar que os caras me deixaram de queixo caído. Não devem a nenhum grupo, seja ele nacional ou gringo.

O baterista Amilcar Christófaro é um monstro. Um verdadeiro rolo-compressor. O ritmo que ele imprime às músicas é inacreditável. Muito do crédito da qualidade da banda deve-se a ele.

A banda tocou músicas de todas as épocas da banda, porém centradas nos dois últimos discos do grupo. ‘Pandemonium’, ‘A Soul In Hell’, ‘Out Of Control’ e ‘World Of Misery’ foram mostras do poderio do grupo. Um mix de tudo que é estilo pesado dentro do metal compõe o som deles. Death, thrash, grind.

Finalizando com o clássico da banda, ‘The Unholy Spell’, o Torture Squad deu um show de profissionalismo e competência, com um set fantástico de músicas, que salvou a lavoura literalmente. Os produtores devem ter agradecido aos céus por terem tido a idéia de trazê-los. Não falta nada a eles para alcançar respeitabilidade internacional.

EPISÓDIO EXODUS

Foi lamentável o tamanho desrespeito da produção do show em relação aos fãs. A produção em nenhum momento veio dar qualquer justificativa ou pedido de desculpas para os fãs. João Marinho, o produtor do evento, é batalhador da cena local há muitos anos, com vários serviços prestados ao metal. O que torna esse episódio ainda mais lamentável por vir de quem veio. O preço do ingresso foi caro e os fãs não mereciam tal atitude irresponsável e não profissional.

Na posição oficial da banda, que está no fórum deles na Internet, o guitarrista Gary Holt afirmou que o grupo não tinha qualquer escolha a fazer, e que eles tinham realmente que sair senão perderiam o vôo (eles viajaram daqui para São Paulo, de onde foram para Miami, para então viajarem para Los Angeles). Ele afirmou que o show não deveria ter sido remarcado, pois não haveria tempo hábil para o show acontecer, mas foram convencidos pelo produtor do show, a fazê-lo mesmo assim. Nas palavras dele: “O produtor local queria que fizéssemos o show mesmo sabendo que provavelmente não teríamos tempo para fazer um show de verdade”.

Fica a dúvida: Porque o show não começou no horário marcado, de 14h ? Provavelmente haveria tempo para um show, se não completo, mas pelo menos parcialmente completo. Mas agora já era. Mais uma vez a corda arrebenta do lado mais fraco, e os fãs arcaram com o prejuízo.

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Links:
» Site Oficial do Exodus
» Site Oficial do Torture Squad
» Site Oficial do Imago Mortis

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