COQUETEL APRESENTA: THE DEAD SUPERSTARS E BACKSTAGES data: 29/10/2004 (Sexta) – local: Barramundo com The Dead Superstars e Backstages Resenha por Tiago Barros – Fotos por (em breve) |
A nova cena musical da cidade ainda tem muito mais a oferecer do que imaginamos…
em 29/10/2004 por Tiago Barros
Alguém tem fotos dos shows ? por favor manda pra nós! contato@reciferock.com.br
Tem certas combinações que dão certo de cara. No caso, os eventos promovidos pelo pessoal do Coquetel Molotov em junção com a casa de shows Barramundo Social Clube tem se mostrado uma das parcerias mais bem sucedidas feitas na cidade. Qualquer festa promovida por essa galera é sinal de bom divertimento com direito a muita música de qualidade. E foi isso o que rolou para o curioso público que pintou por lá nessa sexta passada.
E quando chamo de curiosa a audiência presente nesse dia, é apenas para retificar o fato que ninguém estava ali para assistir o show de algum baluarte da recentíssima e ascendente cena indie, pós-mangue, ou seja, lá qual for a mais nova designação que deram para ela, que tomou de assalto Recife. As duas bandas que se apresentaram nessa noite são autênticas e pouco conhecidos emergentes nesse cenário, ambos querendo a sua maneira galgar seu espaço no meio disso tudo. E no caso, as tais bandas eram o Backstages e o The Dead Superstars.
Podíamos perceber logo de prima que a noite seria bem barulhenta e com barulho para todos os gostos e volumes. Quem iniciou a ruidosa seqüência de shows de uma forma mais serena e canalizada foi a The Dead Superstars, banda com menos de 1 ano existência e que possui uma gritante influencia de Sonic Youth no seu trabalho. Tudo bem que a camisa do Washing Machine (disco do SY) que o vocalista e guitarrista João usava já indicava uma preferência pessoal pela banda nova-iorquina, porém, isso ficou ainda mais evidente logo nos primeiros acordes desferidos pelo grupo, sem falar na formação parecida (4 caras e uma garota) e no jeitão a la Steve Shelley de tocar do batera Rodrigo. Inclusive “Aerowillys”, quarta música tocada pela banda, é particularmente parecida com “Diamond Sea” do… ah, vocês já sabem quem!!! Talvez seja esse o principal defeito do Dead Superstars, eles ainda não conseguiram se afastar de sua referencia básica em prol de um som mais próprio. Porém, a rapaziada fez sua parte com conhecimento de causa e competência. A performance do palco do grupo era um tanto quanto acanhada, mas combinava totalmente com a atmosfera viajante das músicas, que, por mais que fossem cheias de microfonias e acordes dissonantes, pareciam acariciar os ouvidos invés de incomodar.
Destaques a parte para a excelente canção “Broadway Like That” e para a presença da pequena baixista Poli, cujo baixo era quase do seu tamanho. E quando a banda conseguir se livrar do espectro Sonic Youth que ainda os ronda, pode ter certeza que ela nos trará ainda melhores surpresas.
Depois da suavidade noise do The Dead Superstars, entra o esporro sonoro propriamente dito. Eu já tinha visto o show da rapaziada do Backstages e sabia que podia esperar uma porradarias das boas. Eu só não imaginava que seria a hecatombe nuclear que foi. Se a lei do menor esforço faz você compará-los aos White Stripes pela formação guitarra/bateria, esqueça!!! Perto do Backstages a banda gringa vira brincadeira de criança.
Formada por dois macacos velhos da cana roqueira recifense (o guitarra Kléber já tocou no Badminton e no Dolores Del Fuego, e o batera Gustavo já passou pelo Supersoniques, River Raid, Lara Hanouska, etc) o grupo pratica um rock de garagem para lá de visceral, com influencias de Jon Spencer Blues Explosion (talvez a alusão mais visível, ou melhor, audível deles), Man Or Astroman, psychobilly, hardcore e até uma pitada de ska para desopilar um pouco, como podemos perceber na sugestivamente intitulada música “Skazando”. E o fato de serem apenas dois caras tocando impressionava, não só pelo volume estridente, mas também pelo fato que aquela sonzeira conseguia sair extremamente compacta e uniforme. Kléber parecia estar tocando umas três guitarras ao mesmo tempo já que era difícil encontrar qualquer espaço para sentir falta de um baixo ou de uma segunda guitarra. Sem falar na performance de Gustavo, uma dos bateristas mais caceteiros e precisos que já vi tocar por essas bandas. Dizer que o cara destruiu nesse show é simplesmente chover no molhado.
O show foi lapada atrás de lapada, sem maiores descanso, o que dificulta o trabalho de destacar algo. Mas definitivamente “Black Stripes (a mais John Spencer de todas) e a caótica “Just” merecem uma menção honrosa.
No mais, dois ótimos shows que mostraram que a tal nova cena musical da cidade ainda tem muito mais a oferecer do que imaginamos. E se as próximas “safras” reservarem novos frutos tão bons quantos esses dois aqui, podemos esperar uma próspera colheita no futuro.
Links:
» Backstages no RecifeRock
» The Dead Superstars no RecifeRock
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