Debochebeat

Por Hugo Montarroyos em 14 de novembro de 2004

CLIQUE AQUI para abrir a janela pop-up com as fotos do show
DEBOCHEBEAT
data: 12/11/2004 (Sexta) – local: Barramundo
com Le Bustier en Décadence e Backing Ball Cats Barbis Vocals
Resenha por Hugo Montarroyos – Fotos por Bruno Negaum

Backing Ball Cats Barbis Vocals explora fórmula dos Textículos de Mary
em 12/11/2004 por Hugo Montarroyos

Seguindo o “efeito Microfonia” que parece ter tomado conta da nova cena rock local, rumamos com curiosidade redobrada para o Barramundo na intenção de conferir uma das bandas selecionadas para o festival, a Backing Ball Cats Barbis Vocals, grupo que conta com uma formação inusitada, tendo quatro garotas no vocal e quatro marmanjos segurando a onda na cozinha. Mas, confesso, quem roubou a noite mesmo foi o despirocado Le Bustier en Décadence.

O show demorou uma infinidade para começar. Chegamos ao local por volta das 23h. Estava programada uma mostra de vídeos antes das bandas subirem no palco. Pois bem, o tempo foi passando, os ajustes iam sendo feitos, e nada dos vídeos. Nessa pedalada, quando nos demos conta já eram 01h30, nenhum vídeo havia sido exibido e o Le Bustier en Décadence tinha entrado em cena.

Seria injusto dizer que tinha pouca gente no local para conferir o show. Mas seria igualmente ilusório achar que o público compareceu em massa. Foi o esperado, nada além do normal e basicamente os mesmos de sempre presentes; jornalistas, músicos, produtores culturais e afins. Enfim…

O ‘Le Bustier’ possui um humor surreal, uma ironia chapada e as letras mais esquisitas que alguém pode esperar de uma banda. A parte instrumental intriga, com um teclado à beira do brega marcando o ritmo de várias canções e um baixista incrivelmente bom (Milk) temperando muito bem a sonoridade dos caras com linhas fantásticas extraídas de seu baixo. Mandaram a hilária “Pentelhos Rastafari”, um ska rock de letra bêbada/pornográfica/anti-reggae que consegue ser muito boa de tão despretensiosa que é. Depois chamaram Sabrina, uma das vocalistas da Backing Ball Cats Babis Vocals, para cantar a histérica “Dream a Barbie Summer”. E emendaram com “Lucro Cru”, canção que é uma espécie de Sérgio Mallandro chapado e psicodélico. Flertaram com o brega, tocaram Jorge Mautner (“Cinco Bombas Atômicas”) e mostraram versatilidade, principalmente do meio para o final do show, quando o baterista Afeganistério assume as guitarras e o guitarrista Cardoso vai cuidar das baquetas. Em alguns momentos, porém, temos a impressão de testemunhar um bando de piadas internas da banda em forma de música absolutamente incompreensíveis para o público. Além disso, cometeram (o verbo é esse mesmo) uma música que repetia tanto a frase “Foi Você” que mais parecia lavagem cerebral de tão chata. Em compensação, tocaram um sambinha sem vergonha e maravilhoso chamado “Gorete” , ponto alto do show. E justamente a música que, segundo o grupo, não havia sido ensaiada. Saíram do palco no lucro, embora o show tenha sido um tanto quanto cansativo (tocaram 20 músicas em pouco mais de uma hora).

Depois foi a vez da hedonista Backing Ball Cats Barbis Vocals assumir o comando, já depois das três da matina. É uma banda interessante, que tenta soar inovadora, mas acaba repetindo a fórmula já bem melhor utilizada pelos Textículos de Mary. Ok, é bacana ver quatro garotas à frente de uma banda, berrando feito loucas, provocando, instigando e soltando impropérios (que deveriam chocar, mas não chocam) como “Me dá teu pau que eu quero gozar” e etc. Mas fica a nítida impressão de mera e constrangedora forçada de barra.

Foram corajosas ao abrir o setlist com “Só Se Alise” , a mais conhecida delas. Fizeram uma releitura completamente troncha e desafinada de “Georgia”, do Ave Sangria e convocaram o bom vocalista do Le Bustier,.HBV, para uma livre interpretação de “Beth Frígida”, clássico da Blitz.

A vontade de impressionar é tanta que, no final do show, banda e produtores simularam uma briga, que acabou tornando-se real e culminando com uma das vocalistas de bunda no chão, intervenção de segurança, pane no som e disputas surreais por um lugar ao microfone. Um dos “amigos/produtores” da banda tentou cantar “Meu Mel” (Marquinhos Moura), e acabou sendo impedido pelo grupo.

Ou seja, muito barulho, muito jogo de cena e pouca coisa a ser aproveitada. Falta à banda uma coisa essencial; naturalidade. Se um dia encontrarem a espontaneidade do Textículos de Mary, pode ser que resulte em algo interessante. Por enquanto, parece ser (atenção, eu disse “PARECE SER”) muito barulho por nada.

Clique na foto abaixo para abrir a PopUp com as fotos do Debochebeat:

CLIQUE AQUI para abrir a janela pop-up com as fotos do show

——–

%d blogueiros gostam disto: