em 24/01/2005 por RecifeRock.com.br
No fim-de-semana passado, rolou o 27º Baile dos Artistas do Recife no Clube Português do Recife. A eclética programação tinha: Edson Cordeiro e Orquestra 100% Mulher, Paulinho da Gigante e a Orquestra de Frevo do Maestro Ademir Araújo e as grupos de hip hop Êxito d’Rua e Donas.
Mas… parece que a mistura de HipHop com Pop e Frevo, não deu certo…
Vou publicar na integra o e-mail que recebemos de Bianca Simpson, produtora da banda Zantorriff:
(nota: se produção ou alguém que estava lá tiver outra versão… manda aí que publicamos.)
Caros amigos,
Venho por meio desta, relatar um triste fato ocorrido no baile dos artistas deste ano (no clube português, onde fui acompanhar a apresentação dos grupos de hip hop: Exito d’rua e Donas Mc que levarão este ano ao palco do pre amp 2005 uma belíssima apresentação).
É incrivel como pessoas que se dizem ser excluidas da sociedade, cometem tamanha crueldade tratando de forma tão humilhante os artistas da nossa terra.
Os meninos do êxito mal começaram a fazer seu show e logo foram tratados como malandros, vaiados pela platéia (dos camarotes do baile) e chegando até a serem expulsos do palco no meio da sua apresentação, onde o apresentador do evento tomou o microfone de galo (vocalista) e a orquestra que se apresentaria após o Exito d’rua entrou no palco, tomando seus lugares, afinando seus instrumentos… De inicio parecia até que iriam fazer uma apresentação junto ao êxito mas não! Estavam expulsando os garotos do palco! E assim foi de fato.
Apesar do apresentador também ser vaiado pelos que assistiam ao show logo abaixo do palco, o grande baile prosseguiu como se nada tivesse acontecido. Como se não bastasse cancelaram também o show das donas (grupo de hip hop feminino) que se apresentaria logo em seguida.
A falta de respeito com os artistas foi a estúpida prova de que existem preconceitos diversos mesmo em sociedades que também sofrem com isso em outros aspectos, muitos indignados com aquela situação constrangedora, reclamaram, mas de nada adiantou e o frevo e o samba tomou conta do baile.
Logo após o fato, conversei com Galo (vocalista) que pareceu estar nervoso, pois não esperava este tipo de reação de um público que tanto reclama seus direitos, igualdade de sexos, raça, cor, exclusão… Mas logo se contentou em saber que deixara sua marca , seu recado para talvez escolhererem melhor o próximo tema da passeata gay nas ruas de recife.
Que democracia é esta que vivemos? Se eu não gostar de uma banda tenho que vaia-la? Se estou produzindo um evento e a banda que está no meu palco não agrada o público tenho que expulsa-la? Que sociedade é esta que reclama tantos direitos e não exercem os seus ?
Bom, acho que dividindo este fato com vocês sinto-me melhor… Ao menos alguma atitude eu tomei em defesa da nossa classe.
Ah! Gostaria de lembrar também que a decoração do baile foi belíssima e muitos que estavam lá admiravam encantados com tanta criatividade. Mas, certamente esqueceram de perguntar quem havia feito tão bela arte grafitada nos metros de tecido espalhados pelo baile! Galo!
Atenciosamente
Bianca Simpson
Produtora cultural
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