Rogerman Explica a Nova Sonoridade do Bonsucesso

Por Hugo Montarroyos em 23 de maio de 2005

Rogerman, vocalista do Bonsucesso Samba Clube

“Por enquanto a gente está na raiz”
em 23/05/2005 por Hugo Montarroyos

Conversei com Rogerman, vocalista do Bonsucesso Samba Clube. Em entrevista concedida no Ancoradouro, antes do temporal que abortou o show do Eddie, Rogerman falou sobre o disco novo da banda e explicou os motivos do grupo ter optado em abrir mão da parte eletrônica, que era uma das principais características do Bonsucesso. Confira abaixo.

Em que fase de produção está o disco novo do Bonsucesso Samba Clube?

A gente acabou toda a parte de gravação propriamente dita. Estamos agora numa fase de escutar o material gravado pra ver se detectamos algum problema para, posteriormente, se for o caso, regravar. Podemos dizer que já temos um pré-mix.

Foi gravado aonde?

No “Estúdio Batuka” de Bernardo (percussionista do Bonsucesso).

O som de vocês está ficando cada vez mais de raiz. Por que a banda resolveu tirar o dub de sua sonoridade? É uma tentativa de atingir o mercado europeu?

Não, não foi isso. A gente já teve uma experiência uma vez que nosso antigo baterista, Carranca, viajou com Naná Vasconcelos para o exterior. E aí a gente teve que fazer música acústica na marra. Aí a gente acabou chamando um percussionista amigo nosso para fazer uns acústicos no teatro Maurício de Nassau. E viajamos muito nessa história. Eu, particularmente, gostei muito, porque na época a gente estava escutando bastante o primeiro disco da gente antes da mixagem. E a gente acabou pirando naquilo. Eu estava em São Paulo nessa época e todo dia ouvia este disco. Aí eu até brinquei que queria fazer um conceito “Catch a Fire”, que seria uma coisa mais minimalista, de buscar o menos, o simples. E a gente começou a escutar muito Afro-Jazz também. Aí entraram Gilson (bateria) e Rafinha (percussão) na banda, que sempre tocaram em bandas de forró, reggae, coco. Então naturalmente a gente viu que não precisava usar base. Percebemos que tínhamos uma cozinha rítmica dos infernos. Começamos a investir mais em samba de gafieira, reggae. Partimos para o minimalismo mesmo. Este novo disco está muito baseado nas composições que eu fiz no violão. E ficou um pouco deste espírito de pegar o violão. Isso obviamente resultou numa mexida de base, muito em função também dos músicos que estão na banda hoje. Então, com este material humano tão rico, a gente preferiu fazer uso dele do que investir em bases. Pode ser que no futuro role, nada está descartado. Berna está montando um disco de vinil com samples. Acho que no futuro vai ser isso que a gente está fazendo junto com a linguagem da música eletrônica. Por enquanto a gente está na raiz.

O primeiro CD do Bonsucesso é completamente eletrônico. Só que acabou saindo muita gente da banda, e seria complicado manter os aspectos eletrônicos. Nos primeiros ensaios que a gente fez com a atual formação com base eletrônica deu tudo errado, porque ninguém tinha essa formação de tocar com base. Daí a gente resolveu investir na qualidade humana desses músicos. E aí a gente percebeu nos ensaios que tinha saído muito da proposta inicial, mas, que, ao mesmo tempo, tinha aberto um leque enorme de possibilidades. A idéia também é chegar junto das pessoas, num tom mais simples, mais intimista. Mas tudo isso com a maior dignidade, com muito cuidado tanto na parte musical como nas letras. A gente é muito crítico. Quando a gente acha que o resultado não ficou legal, a gente descarta mesmo. E continuamos na luta, brincando, nos divertindo e trabalhando sério.

Rogerman, vocalista do Bonsucesso Samba Clube

Links:
» Bonsucesso Samba Clube no RecifeRock

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