Lançamento da Demo da Estrógeno

Por Sofia Egito em 2 de agosto de 2005

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LANÇAMENTO DA DEMO DA ESTRÓGENO
data: 23/07/2005 (Sábado) – local: Lado B
com Estrógeno
Resenha por Sofia Egito – Fotos por Renata Aguiar

As meninas do Estrógeno animam a platéia no show de lançamento do CD Demo 2005 e saem satisfeitas
em 23/07/2005 por Sofia Egito

É noite de lua cheia no Recife. Mas de dentro do lotado e escuro “Lado B” só o que se pode ver brilhando no alto é o telão que mostra imagens das damas da noite: a banda Estrógeno. Antes mesmo de o show começar (à 0 horas e 45 minutos), as imagens já chamam a atenção das mais de 100 pessoas que lotam o lugar. Eu, que não conheço a banda, estou de coração e ouvidos abertos ao que vier pela frente.

O DJ abaixa o som e ouve-se um instrumental. “O show começou?”. Minha resposta está na correria das pessoas em direção ao palco. Corro, também, para pegar um lugar de visão privilegiada. O hormônio homônimo à banda dá sinais de vida: todas estão de saia – exceto a baterista (me admiraria se estivesse!) – jogando charme com seus instrumentos e sorrisos à platéia, que vibra. As musicistas mostram que – ao contrário da introdução, um metal pesado – o clima no palco é leve, feminino.

Mas, cadê a vocalista? Ao início do dedilhado de Demolindo Você, entra Rebekka Martins. Aplausos. O operador de som ajusta o volume do microfone e eu consigo ouvir Érika (da banda Penélope) cantando. Era só ilusão. A guitarra base, cheia de peso, morre na praia e é trocada por outra, com a ajuda do operador. Enquanto isso, a guitarrista solo, Rebeca Claus, manda um solo melódico que anima o pessoal.

Acabada a segunda música, Rebekka faz um agradecimento e, ao citar a “caravana” de Natal, um rebuliço se dá na platéia: vários fãs potiguares aplaudem e assobiam. Coração Blindado começa com o riff pop da Rebeca mais a batida envolvente da bateria, mexendo com o público. Posso ouvir Kelly Key cantando com raiva (como assim “é isso meiiijjjjmo!”?). Só ilusão, novamente. Mas os ânimos se exaltam “meijmo” no fim do refrão onde se ouve um categórico “Vá pra puta que pariu!”, numa rima pobre (“é isso que você ouviu”), dando força à mensagem “mulher desiludida” da música.

PRAS traz guitarras rápidas e graves, como a melodia da estrofe. Enquanto isso, a baixista Patrícia Cedraz brilha com uns ligeiros solos de baixo e um refrão cheio de slaps sacolejantes muito bem colocados. Percebo que o palco é pequeno pra uma banda de rock de tamanha energia, que me parece contida por algumas integrantes, mas que está mais do que explícita na guitarrista base Cláudia Ferraz. O espírito “rock” que ela passa desconsidera o problema “espaço” e se sobressai entre as integrantes.

Seu Próprio Inimigo chega com uma estrofe leve e um refrão de bater cabeça. “Pais, padres, policiais” gritam Rebekka, Patrícia e alguns outros na platéia. A música parecia estar acabando com uma guitarra usando o efeito Wah-wah, mas, pra minha surpresa, aquilo era a introdução de um dos melhores covers que já ouvi. Aproveitando o clima de revolta contra o poder de Seu Próprio Inimigo, Rebekka grita um “We don´t need no education!” que faz a platéia vibrar. Observo que algumas pessoas que estavam alheias ao show chegam correndo, curiosas e animadas. O maior sucesso de Pink Floyd, Another Brick In The Wall, inundava o lugar. Não ouço uma boca calada no refrão. Acho que muitos estudantes ali mais do que queriam gritar “Hey, teachers, leave us kids alone!” (“Hey, professores, deixem-nos, garotos, em paz!” – tradução livre) enquanto levavam as mãos ao ar. Ao final da música, o solo digno de David Gilmour com as características batidas na condução da bateria comandadas por Inge Porto mostram que o cover não estava ali à toa.

Uma ligeira pausa para fazer propaganda do CD e começa You, que é em inglês, de letra poética e uma melodia aconchegante. Na versão disponível no site ela é uma balada, mas, ao vivo, estava bem mais rápida. Aplausos. Leite e Sangue chega com um toque agressivo de revolta feminista na letra, uma linha de baixo interessante e um solo melódico. A Guia Pro Nada – que, assim como You e Seu Próprio Inimigo, é da Demo de 2003 – começa com um riff meio grudento que se repete ao longo da música. A letra trata do vazio da vida urbana. Interessante. Noto, nesse momento, que a quantidade de mulheres na platéia é maior do que a de homens. Por que será? Pouco importa, pois a guitarrista solta o acorde que identificava Zombie, do Cranberries e a platéia logo se empolga. Posso ouvir Dolores OÂ’Riordan cantando. Era novamente ilusão – mas uma boa ilusão, desta vez. O movimento é geral: a platéia canta e bate cabeça enquanto a baixista se aproxima da guitarrista base e rola uma interação bem legal. Ao final, assobios ensurdecedores aprovam o cover.

No Corredor é mais tranqüila e não empolga muito a platéia. Então, a vocalista anuncia uma brincadeira: a baixista vai tocar bateria, a baterista, baixo. A guitarrista base vai cantar e a ela mesma pega a guitarra base. Somente a solo permanece em seu posto. Tocam Bruise Violet, do Babes in Toyland, e a – agora vocalista – Cláudia Ferraz me surpreende com um vocal rasgado e enfático. Ganha de vez minha simpatia. E também a do público. A baixista, a baterista e a vocal tocam bem seus “novos” instrumentos. Em Starman elas voltam a seus postos. Rola um solo super agudo e longo e o vocal me parece melhor do que nas outras músicas. Sentimentos Morcegos tem um solo chacoalhante e uma bateria agressiva.

Alguém na platéia grita “Sweet Dreams!” e as meninas não deixam por menos. Rebeca mete aquele tão conhecido riff e a platéia vai à loucura, assobiando. O peso na medida certa das guitarras e o vocal bem feito da Rebekka me dão uma boa impressão. A vocalista convida todos a bater palmas e é atendida: logo umas cinqüenta pessoas na platéia levam as mãos ao alto, fazendo barulho. Cláudia se empolga tocando sua guitarra e Inge detona usando muito bem os tons de sua bateria. Outro cover que fez valer o show.

A vocalista anuncia a última música, Não Abusem, que é uma balada. Logo no começo, Rebekka toma em suas mãos uma gaita e toca algumas poucas notas, mas não dá para ouvi-la direito graças a uma ligeira microfonia que se sobrepõe ao som singelo do instrumento. A balada me lembra Pitty que, por acaso, estava em algumas das imagens mostradas no telão, onde as meninas da banda conversam com a baiana e tiram algumas fotos. A música acaba, mas a platéia quer “mais um” e, mesmo Nixon já tendo colocado um som, a banda decide tocar mais uma.

Violet é a escolhida. Vou a delírio. Minha música preferida do Hole e a de muita gente do público, pelo visto. Nixon abaixa o som, claro, e ouve o cover das meninas. Fechamento com chave de ouro. Uma pena que a vocalista tenha trocado a segunda estrofe pelos versos finais, adiantando, assim, o final da música. Segundo a baterista Inge, elas não ensaiavam a música há mais de 1 ano. Dava pra notar que era improvisado, mas ficou ótimo, mesmo assim. E a platéia não quis saber de erro nenhum e acompanhou Rebekka no resto da música com muita empolgação.

O público, composto em sua grande maioria por fãs da banda, deu a energia suficiente para satisfazer as meninas. Elas, muito contentes, agradeceram a presença de todos e deram espaço para Nixon terminar a noite com muito flash dance e Franz Ferdinand, entre outras coisas – tudo ilustrado pelas intermináveis cenas da banda no telão. Ao sair da boate, as quatro e tantas da manhã, ainda vi as Estrógeno esgotando suas energias na pista.

Links:
» Estrógeno no RecifeRock

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