em 13/08/2005 por Hugo Montarroyos e Breno Mendonça
Shows da Sala Cine-UFPE
Por Breno Mendonça
Em breve…
Shows do Teatro da UFPE
Por Hugo Montarroyos
O principal problema da primeira noite do Festival Noa Ar: Coquetel Molotov foi resolvido no segundo dia: o som, que tanto prejudicou as atrações que subiram ao palco na sexta, estava perfeito no sábado. Assim sendo, quase todos os shows foram perfeitos. O público é que permaneceu quase o mesmo do dia anterior. Ou seja, novamente, menos da metade da lotação do Teatro da UFPE foi ocupada.
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O Mellotrons talvez tenha feito no festival o melhor show da carreira. Contando com um som alto e cheio, a banda se aproveitou da boa estrutura de palco e desfilou sua sonoridade focada em My Bloody Valentine e Radiohead pré-Ok Computer. Evening foi emocionante no teatro, assim como Slow Motion. O mais interessante no grupo é a maneira natural com que eles trafegam entre a delicadeza e o noise. E, sim, a banda mostrou que pode tranqüilamente cantar em português. Equador, que fechou a apresentação deles, foi prova disso. Com uma guitarra chapada tocada pelo guitarrista e vocalista Haymone Neto em primeiro plano e guiada por um ótimo acompanhamento, o Mellotrons conseguiu provar que sua sonoridade é universal, adaptando-se bem a qualquer idioma. Outro destaque foi o guitarrista Ênio assumindo o vocal em algumas partes do show. Saíram do palco aclamados.
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Quem também teve ótima resposta de público foi a pernambucana radicada em São Paulo Lulina. As letras dela são inteligentes, bem trabalhadas e interessantes. Meu Príncipe, que fala da relação entre uma mulher moderninha e um cara submisso, que vive querendo discutir a relação, é apenas um exemplo da criatividade dela na composição das letras. Pena que a parte instrumental não seja tão brilhante quanto o discurso verbal. Tocando a maior parte do tempo com uma guitarra desafinada e dona de um vocal muito semelhante ao de Fernanda Takai, Lulina foi absolutamente infeliz na execução das músicas. Tocou samba tosco (como fez questão de frisar), desafinou e acabou dando a impressão de que a banda não tinha ensaiado, tamanha a falta de sintonia entre os músicos. Se a parte textual é excelente, a musical é sofrível. Ainda assim, foi aplaudidíssima.
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Berg Sans Nipple, da França, era a primeira incógnita da noite a ser decifrada, e teve desempenho acima do esperado. Durante o show deles, um amigo me perguntou: Que diabos é isso?. Não soube responder e ainda fiquei preocupado sobre o que escrever sobre a dupla. Ok, deixa eu tentar: trata-se de uma anti-banda (!) formada por um excepcional baterista (Lori Sean) e um tecladista e programador (Shane Aspegren) que faz música moderna, chapada e cheia de climas. Lori Sean toca bateria como poucos no mundo, e deu uma verdadeira aula de como conduzir o instrumento. Em cena, a dupla oscilou momentos de êxtase e de tédio, com predomínio para o primeiro. É tarefa ingrata e quase impossível descrever o tipo de som que fazem. É dançante, antenado com novas tendências, um pouco psicodélico e muito climático. O show transcorreu como um avião em decolagem.
Quando finalmente parecia alçar vôo, o Bergs San Nipple encerrou a brincadeira. Ou seja, terminaram a apresentação no auge. Foi tão bom quanto inexplicável.
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Quem também aposta na fórmula menos = mais é o anglo-americano The Kills. Antes do show, circularam rumores dando conta de que a banda cancelaria sua apresentação, pois não estava satisfeita com o som do Teatro. Ou seja, queriam tocar numa altura acima do limite permitido. Após negociações com a produção do evento, o mal-estar foi superado e banda tocou sem maiores problemas.
Após serem anunciados pela equipe do Coquetel Molotov, eis que surgem no palco as figuraças Jamie Lince ou Hotel (Guitarra/Voz) e Alison Mosshart ou VV (Voz e por vezes guitarra). Ele é uma espécie de robô bailarino que toca monstruosamente bem sua guitarra. Ela é uma máquina sensual que transborda sexualidade pelos poros, canta/grita muito bem e provoca melhor ainda. Juntos, os dois dispensam o acompanhamento de baixo e bateria. Tocam/cantam em cima de uma bateria programada. Ele despeja camadas de riffs de suas guitarras. Ela parece sugerir o tempo todo que vai descer do palco e tirar a roupa. Juntos conseguem fazer um estrago que poucas bandas são capazes de fazer. Ele toca guitarra de uma forma que nunca vi, usando o dedão para dedilhá-la. Ela parece um vulcão prestes a entrar em erupção. Abriram o show com No Wow e Passion is Accurate. E seguiram adiante com I Hate the Way u Love, I Hate the Way u Love part 2 e o hit The Good Ones. Daí em diante, ficou uma sensação estranha. O rock carnudo do grupo parecia ser conduzido pelo mesmo riff de guitarra em todas as músicas. Tornava-se um pouco cansativo, mas ainda assim interessante. Os melhores momentos ficavam por conta dos duelos de guitarra e vocal entre os dois. Aliás, eis um dupla que consegue fazer ótimo uso do jogo de cena. Tudo parece exaustivamente ensaiado em seus mínimos detalhes. Desde o posicionamento que ambos adotam no palco em cada música, até os embates vocais e guitarrísticos.
A apresentação terminou com a guitarra de Jamie desfalcada de três cordas, e com os dois dando a impressão de que destruiriam o instrumento. Foi um baita show. Confesso que esperava mais. É uma boa banda, mas longe de justificar tamanho hype em torno dela. de qualquer forma, foi uma apresentação rock em sua essência, tanto na música como na atitude. Quem viu, sabe o que estou querendo dizer.
Clique na foto abaixo para abrir a PopUp com as fotos da segunda noite do no Ar: Coquetel Molotov 2005:

Links:
» Mellotrons no RecifeRock
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