Killing The Carnival 2006

Por Recife Rock! em 15 de março de 2006

KILLING THE CARNIVAL 2006
data: 04/02/2006 (Sábado) – local: Estação Pirata (Recife Antigo)
com Daimoth, Anthropophagical Warfare, Decomposed God e Iconoclasm
Resenha por Valterlir Mendes & Metal Attack – Fotos por Valterlir Mendes e Antônio ‘Kinho’ Marques

“Matança de carnaval”
em 04/02/2006 por Valterlir Mendes & Metal Attack

Evento: Killing the Carnival 2006

Data: 04/02/2006

Local: Estação Pirata (Recife Antigo)

Cidade: Recife/PE

Bandas:

Daimoth
(Timbaúba/PE)

Anthropophagical Warfare (Recife/PE)

Decomposed God (Recife/PE)

Iconoclasm (Bélgica)

Início de ano nunca é propício para shows, afinal grande parte das pessoas partem para o litoral a fim de curtir a praia, talvez por isso não houve eventos no mês de janeiro, porém fevereiro já começou com peso total e a quarta edição do Killing the Carnival se encarregou de iniciar os eventos Underground na capital pernambucana.

Uma grande expectativa girava em torno dessa quarta edição do evento, uma vez que o público não se mostrava muito presente em shows ocorridos em Recife, e, ainda por cima, muitas intrigas e boicotes (boicote ao Underground?) vinha rolando, sendo, talvez, um dos fatores para afastamento do público. Porém alheia a tudo isso a Moondo Records organizou mais um “Killing the Carnival”, que trouxe como atração principal os belgas do Iconoclasm.

Encarregada de abrir o evento, a novata Daimoth teve alguns problemas até chegar ao local do evento, o que acabou complicando a performance da banda, uma vez que chegaram em cima do horário de início, não tendo tempo para passagem de som, mas nada que pudesse, de alguma forma, manchar o nome do festival ou da novata banda. Iniciaram o evento logo com uma música de sua ótima Demo “Shadow Empire”, de nome “In the Dark Embrance”, seguida da nova “Daimoth” (música que dá nome à banda), mas a partir dessa música, problemas com a guitarra de Nenzo começaram a surgir, o que causou um certo desconforto, em razão do barulho emitido, mas continuam sua apresentação e tocam “Shadow Empire”, seguida de mais uma nova, “Fallen Angel” e do cover “The Sign of Evil Existence” do Rotting Christ, e aos poucos o barulho incômodo foi desaparecendo. A banda se portou bem em palco, apesar de alguns pequenos erros, algo tolerável para uma banda que só está começando e que tocou pela primeira vez na capital. As músicas são contagiantes e o público, que ainda era muito pequeno (tarefa ingrata abrir eventos), começou a aplaudir a banda e curtir seu som. As músicas novas estão muito boas, umas bem diretas, como é o caso de “Inquisition”, outras cheias de “feeling” Heavy Metal, como “Holy Satan Heart”. O “set list” foi curto e para uma primeira apresentação o saldo foi bom, apesar de que alguns ajustes precisam ser feitos. Ainda tocaram “Forgotten”, também presente na Demo e o show foi fechado com a excelente “Nocturnal Terror”, essa mais uma música nova. O Daimoth tem tudo para solidificar seu nome na cena e de aparecer como grande força do Metal interiorano de Pernambuco. Além de Nenzo (o cara faz ótimos solos e está “afiado” com o seu instrumento), a banda conta com Pajé na outra guitarra, Luciano no baixo, Coca nos teclados (climas interessantes foram criados pelo tecladista), o novato Tenilson na bateria, além do versátil vocalista Anderson (sua postura no palco merece elogios, apesar de alguns pequenos deslizes).

Anthropophagical Warfare

A segunda atração da noite foi o insano trio Anthropophagical Warfare, que há bastante tempo não se apresentava em sua cidade natal. A essa altura o público já estava em bom número, porém alguns ainda faltavam adentrar, como pude conferir quando dei uma saída do enorme “Estação Pirata”. Alguns pensavam que o evento ainda não havia começado e por isso perderam o show da primeira banda. Voltando ao Anthropophagical Warfare, a banda já tem uma grande leva de admiradores (incluindo eu) e o seu show contagiante agitou bastante os headbangers, que começaram a formar as primeiras rodas de moshes. Após uma “Intro”, o trio solta a violenta “Brutal Manifestation”, que teve resposta também violenta do público, que batia cabeça insanamente e formavam rodas de moshes repletas de pancadaria. “Wrath of the Immortals”, “In Times of Massacre” e a já clássica e muito esperada pelos bangers, “Destroy the Sacred Words”, música presente na primeira Demo “Alone in the Shadows”, se seguiram e a cada música tocada o público respondia positivamente. “Black Worshippers of Death” ainda é inédita em lançamentos da banda, porém vem sendo sempre tocada nos seus shows. Esse som contém um forte refrão. Com uma pegada bem anos oitenta (e título idem), a banda solta a nova “Marshal Law”. Muito bom esse som, porém o público ainda não a conhecia e por isso só prestaram mais atenção. Dimas Mutzenberg estava bem comunicativo e em certo momento parabenizou a Moondo Records por mais esse evento e demonstrou em suas palavras a satisfação em estar tocando para um bom público, que parece estar novamente voltando a comparecer aos shows, mostrando que a cena daqui é muito forte e que “doa a quem doer, a cena daqui é isso!” (palavras de Dimas se referindo ao grande público que prestigiava e apoiava o evento). O cover dessa vez foi para “When Satan Rules His World” do Deicide, que instigou bastante os bangers, que se amontoavam em frente ao palco. Em seguida soltam a clássica “Intro” da Demo, que é emendada a faixa-título “Alone in the Shadows” e o clima no local continuava muito quente, com a agitação constante do público. “Death Storm” (demais!) e “Anthropophagical Warfare” foram às últimas a serem executadas, para que, ao fim, os irmãos Dimas e Demétrio (esse último muito competente em sua guitarra, mostrando que estão trabalhando duro e sério) se jogassem nos braços da galera. A banda tem carisma e precisa urgentemente lançar um novo material, de preferência um “full length”. E não se pode esquecer do destruidor baterista Erik Cavalcanti. Puta que pariu! O cara tá tocando muito! Já vi várias apresentações da banda, mas toda vez que vejo esse cara tocando me impressiono. Enfim, o Anthropophagical Warfare fez um show perfeito, carregado de muito “feeling” e carisma e faz jus a admiração que os bangers tem pela banda.

Decomposed God

15 anos de estrada, mudanças constantes de formação, um álbum lançado e há algum tempo sem tocar, o Decomposed God fez o terceiro show da noite. De início uma mudança, o vocalista Ricardo não está mais na banda, ou seja, a formação atual não conta com um vocalista fixo, e para essa apresentação Rogério Mendes deu uma força a essa veterana banda. Após uma “Intro”, tipo corais de igreja ou algo parecido, a banda manda “Blood Evening”, música presente no seu único álbum lançado. O instrumental da banda está bastante “afiado”, mas achei que o vocalista não estava muito bem na banda, talvez pelo pouco tempo de ensaio ou algo assim, mas de qualquer forma a banda continuou sua apresentação e mostra que está bastante forte nos palcos. O “set list” do Decomposed God foi baseado no já citado álbum e então tocam a fudida “Impregnated God of Lies”, seguida de outra paulada, “Portrays the Rough Beauty” e “The Horn’s Face”. Marco Antônio, o guitarrista, além de agitar bastante está tocando muito. Impressionante a técnica do cara, que não se limita a fazer pesadas bases, mas também solos impressionantes e apurados. A experiência ajuda nessa hora. Outro destaque foi o baixista Jean Marcel, que “debulhava” seu baixo sem piedade e que no decorrer da apresentação fez um pequeno discurso/agradecimento aos que apóiam a banda nesses seus 15 anos de existência. Continuam com mais outra pedrada, “Hipocrity Liars”, e depois com uma música da idade da banda, “Last Way”, única música do show que não fazia parte do álbum. Então Wagner Campos começa a fazer um fantástico solo de bateria, que deixou a muitos boquiabertos e arrancou muitos aplausos dos bangers. O cara parece que tem oito braços! A seguir e para finalizar seu show, a banda toca “Dawn of Celestial Shadows” e a excelente “Memorial Rests”. A banda cumpriu bem o seu papel, mas o público se mostrou um tanto apático. Talvez se “resguardando” para o show dos belgas. Só não entendi porque a banda saiu do palco sem se despedir!?

Iconoclasm

Por volta das duas horas é a vez do Iconoclasm fazer sua segunda apresentação em solo pernambucano. Essa nova vinda dos belgas era muito aguardada pelos presentes, por isso muitos foram à frente do palco conferir de perto toda a fúria e técnica do quarteto. Uma “Intro” é ouvida e em alguns instantes era chegada a hora da banda subir ao palco, ovacionada pelos bangers. De cara mandam a primeira música do mais recente álbum (lançado recentemente no Brasil pela Moondo Records), ou seja, a faixa-título “Iconoclastic Warfare”, e que exaltou os ânimos do presente. Violência total! Caos e fúria na imensa roda de mosh que se formou! A banda é realmente insana em palco e de forma perfeita executou essa música ao vivo. Parecia que estávamos escutando o álbum dos caras! Na mesma seqüência do álbum mandam “Wolfpack” e tome pancadaria! Os bangers não paravam um só minuto e a banda fazia questão de deixar dessa forma. Presença de palco muito boa, e com o baixista Steve Folens arriscando algumas palavras em português, o que deixava o público ainda mais satisfeito com o show do Iconoclasm. O Black Metal da banda não se limita apenas à fúria e a velocidade, mas também insere partes Thrash Metal, o que torna o som da banda ainda mais interessante, “Beer Metal Satan” é um grande exemplo disso. Também há músicas com andamentos mais cadenciados, como é o caso de “Army of Immortals”, o que serve para dá um refresco e para deixar os bangers em “transe”. A banda está contando com um outro guitarrista, adicionado recentemente a banda, de nome Der Nevetser. O vocalista/guitarrista Serge Impens era o único da banda que fez uma espécie de “corpse paint”, enquanto os demais estavam de “cara limpa”. Mas o show continuava e a banda não apenas tocou músicas do mais recente álbum, apesar de que o “set” dos belgas foi baseado no mesmo, porém músicas dos outros álbuns, como “Kashaptu” e “Rebel of Hate” (ambas do álbum “Marching Evil”) também foram tocadas, para alegria de todos. Outro destaque na banda é o baterista Jeroen “Jeroenymous” Tytgat, que trabalha bem os dois bumbos e toca numa velocidade descomunal. Outra peculiaridade no show do Iconoclasm foi uma garrafa de uma bebida tradicional pernambucana, a “Pitú”, fabricada em Vitória de Santo Antão e, segundo palavras do próprio Steve, “Pitú boa”, aumentando a popularidade da banda perante o público pernambucano. Tocam ainda “Welcome to Hell” (muito pedida pelo público), “Phedelm’s Prophecy”, “Crush Ya Like a Worm”, todas do novo álbum, além do bônus presente também no novo álbum, “Walpurgis Night” (gravado em 2003, em Recife) e um cover para “Under a Funeral Moon” do Darkthrone e depois saem do palco, mas era de se esperar a volta da banda para o bis, o que de fato aconteceu e mandam “Evil Dead” do Death (RIP), para encerrar sua apresentação de forma espetacular! A banda, com certeza, aumentou seu número de admiradores por esses lados, não só por todo o carisma, mas também pelo o show em si. Além disso, os caras do Iconoclasmmostraram headbangers mesmo, assistindo ao show de todas as bandas e sempre conversando com todos, arriscando até algumas frases em português.

Iconoclasm

Saldo: bandas de abertura cumprindo muito bem seu papel, não só como bandas de abertura, mas também como ótimas atrações, com destaque para o show do Anthropophagical Warfare (que teve uma boa resposta do público), mas sem desmerecer o Daimoth e o Decomposed God, a primeira com um grande futuro pela frente, se continuarem a trabalharem em prol do Underground e a segunda mantendo acesa a chama de 15 anos de luta, que com certeza se prolongará por anos e anos. E o Iconoclasm que, com certeza, foi a banda mais esperada por todos nessa quarta edição do Killing the Carnival.

Mais uma vez a Moondo Records e o Edmundo Monte estão de parabéns por mais uma “matança de carnaval” de grande êxito, mas aqui quero parabenizar, em especial, aos headbangers, que compareceram em bom número, tornando o evento uma grande confraternização! Agora ficamos no aguardo da quinta edição do festival…

Resenha por Valterlir Mendes & Metal Attack (www.metalattack.com.br)

E-mail: valterlir@metalattack.com.br

Créditos fotos: Valterlir Mendes (valterlir@metalattack.com.br) e Antônio “Kinho” Marques (kinhobanger@yahoo.com.br)

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