em 02/06/2006 por Sérgio Souto Maior
Noite fria, público quente e atrações mornas
Já na chegada ao estacionamento do estádio Mané Garrincha, ao lado da moçada da banda Volver , que vai tocar no domingo do Porão, a expressão de todos é a mesma e impublicável. Uma estrutura de dar inveja aos maiores festivais do Brasil, com mais de 60 mil metros quadrados. Claro que no primeiro dia os atrasos acontecem e, por aqui, não foi diferente.
A imprensa, de cara, tem uma sala bem equipada com mais de 15 computadores à disposição. Ao lado, um mini-auditório para as entrevistas coletivas das bandas. Jornalistas importantes como Lúcio Ribeiro, da Folha de São Paulo, e Jamari França, de O Globo, também vieram conferir a nona edição do festival. Inclusive fala-se na possibilidade de, no próximo ano, durante a comemoração dos 10 anos, o Porão do Rock ser transmitido para todo o paÃs, já que este ano estão exibindo para BrasÃlia e Goiânia. Os palcos foram colocados lado a lado e com o mesmo tamanho (16 m de boca e de fundo). A primeira noite do Porão equivale ao sábado do Abril Pro Rock. Frustrando um pouco a expectativa de quem esperava ver as bandas internacionais, depois do Anvil que cancelou sua tour por estas bandas, o Ankla não conseguiu visto para alguns integrantes.
SHOWS
Com uma hora e meia de atraso, a banda Phrenesy , formada em Taguatinga, cidade satélite de BrasÃlia, subiu ao palco e mostrou que apesar do clima frio (por volta dos 18 graus) a noite iria ser bem quente. Público animado e já numeroso e uma banda entrosada garantiram um bom começo para a edição 2006 do Porão do Rock. A lamentar, somente o famigerado setor vip na frente do palco, que impede os verdadeiros (e animados ) fãs da banda de estarem mais próximos do palco. Lembra do show dos Rolling Stones no Rio? Mais ou menos a mesma coisa.
A segunda atração da noite, também do Distrito Federal, foi a Bruto , que, como o próprio nome sugere, destilou trash metal e hardcore em músicas com tÃtulos como “P.Q.P”, Tu ta f…..”e “Votar pra que?”. Brutalidade total e público aquecido para a terceira banda da noite. Direto das fazendas do Rio de Janeiro, veio o Matanza com seu Countrycore. Sem nenhuma música do mais recente álbum, um tributo ao mestre Johnny Cash, o grupo carioca e seu vocalista, o carismático Jimmy, deram ênfase ao álbum “Música para Beber e Brigar” com as músicas “Pé na porta, soco na cara”, “Buffalo Head” e “Pandemonium”, e eis que surge uma gigante roda-de-pogo. Eles confirmaram depois, em entrevista, que vão lançar um novo disco em agosto, só com músicas inéditas.
Na hora dos Maltrapilhos , também de DF, aproveitei para matar minha curiosidade e conhecer a tenda eletrônica, que nesta noite nem era tão eletrônica assim .O som estava sendo prejudicado pelo alto e bom som dos palcos principais e, talvez por estar meio escondida, tinha pouca gente por lá.
Depois foi a vez de conferir a apresentação do Lobotomia , que participou da histórica coletânea punk “Ataque Sonoro”. Desde 2002 de volta à ativa com o guitarrista e vocalista Adherbal, fizeram um show correto e esforçado, apesar de parecer datado. Vale ressaltar a energia do vocalista. Mas era hora mesmo de esperar pelo Cólera e por um show mais empolgante do que o do último Abril Pro Rock. Com um público ainda mais numeroso e cada vez mais jovem, a banda brasiliense Totem deu uma guinada no som até então apresentado nesta noite pesada e apresentou uma mistura de hard rock com influências de reggae e funk. Veterena de festivais na capital federal e pela segunda vez no Porão do Rock, os caras, apesar de espremidos entre duas bandas punks , conseguiram manter o pique do público, que a esta altura já estava ansioso pelas atrações principais da noite: Paul Di’anno e Krisiun. O Cólera teve mais tempo de show. 45 minutos ao invés dos 30 minutos das bandas até este momento. Fica uma impressão muito parecida com a do Abril pro Rock, apesar do público maior e mais receptivo. Os caras dão o sangue mas o discurso ecológico-social ficou datado apesar do vigor de músicas como “Medo”, “São Paulo” e “Quanto vale a liberdade”. Vale por estar presenciando uma banda com muita história e sinceridade, mesmo que, 20 anos depois e com o mundo em que vivamos, pareça até inocente.
O Final da noite, além do frio, a esta altura já por volta dos 15 graus, guardou os principais motivos para a presença de um público de mais de 12 mil pessoas, segundo estimativas da organização do evento e da polÃcia militar. O eterno ex-vocalista do Iron Maiden, Paul DiÂ’anno , apesar da banda formada por músicos de BrasÃlia, jogou para a galera e deu o que os fãs esperavam: clássicos do Iron Maiden e músicas como “Remember Tomorrow”, “Phantom of the Opera” e “Killers”, dedicada, em português, ao presidente norte-americano George W. Bush, além de “Running Free”, do primeiro disco do Iron, seguido do hino do punk rock “Blitzkrieg Bop”, dos Ramones. Quase já falando Português e dizendo-se torcedor do Corinthians, Paul não mostrou nada de novo, mas quem se importa?
Para fechar a noite, ou melhor, a madrugada, os gaúchos do Krisiun venceram o cansaço da platéia com a participação de Andréas Kisser, do Sepultura. Falando na banda, o batera Igor Cavalera também estava por lá, mas como Djs na tenda Rocktrônica. Ele comentou que passa o resto de 2006 curtindo o filho recém-nascido e que a volta do Sepultura deve ficar mesmo paro próximo ano. Com Max de volta ? Ele garante que não. O set list do show do Krisiun conseguiu passar bem pela discografia da banda, com clássicos dos álbuns “Apocalyptic revelation”, “Black force domain”, “Works of carnage”, entre outros. A banda mostrou também “Vicious Wrath”, do recém-lançado “Assassination”.
O balanço da primeira noite do Porão do Rock foi um público quente numa noite fria com atrações.
Clique na imagem abaixo para abrir a PopUp com as fotos do Porão do Rock (Primeira Noite):

Links:
» Site do Porão do Rock 2006
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