RecBeat 2007 – terceiro dia

Por Hugo Montarroyos em 20 de fevereiro de 2007

Vamos testar esse raio de sistema de comentários: quem viu o show do Mellotrons, por favor, poste aqui dizendo como foi. O trânsito carnavalesco me impediu de vê-los. Conversei depois com Ênio, guitarrista da banda, e ele disse que gostou do show, que teve uma resposta legal do público e tal. Mas a fonte é suspeita…

Enfim, chegamos já na reta final do show Vanguart, ótima banda do Mato Grosso que faz um apanhado de Neil Young, Nick Drake e asseclas. Em set mezzo acústico, com violão em primeiro plano, o Vanguart fez covers emocionantes de Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band e With a Litlle Help From My Friends (precisa dizer de quem são?). Surpreendente foi o número de pessoas que estava no Cais da Alfândega disposto a ver uma banda que, a priori, pouca gente conhece. O vocalista Helio Flanders nem precisava ter apelado como fez no final, ao dizer que o público de Recife era o melhor do planeta. Ele já o tinha conquistado de forma mais honesta: com sua música.

Depois disso, quase uma hora da mais pura chateação com o Raies Dança Teatro, de São Paulo. No começo, até que é bonitinho ver as meninas dançando música flamenca, mas o som vai ficando tão monocórdico, tão repetitivo, e a voz do cara tão irritante que dá impressão que eles são capazes de fazer bêbado (e nem tão bêbado assim) se jogar no Rio Capibaribe. Onde eu estava, o anúncio do fim do show deles foi comemorado como gol.

Finalmente o melhor trabalho da carreira de Tim Maia – e um dos melhores da história da música brasileira – vem ganhando a popularidade merecida. Parte disso se deve ao Instituto, que desde o ano passado resolveu fazer um show baseado nos dois volumes de Tim Maia Racional. Banda afiada, com belo naipe de metais e uma pegada negra irresistível, o Instituto fez um baita show, pregando a mensagem da seita Universo em Desencanto através da musicalidade genial de Tim. B Negão (a melhor voz do Planet Hemp, desde sempre), Thalma de Freitas, Carlos Dafé e China (volte ao hardcore, rapaz! Era o que você sabia fazer) emprestaram suas vozes para canções como Bom Senso, Imunização Racional (Que Beleza) e Contato com o Mundo Racional. Enfim, showzaço. (mas o do Zefirina Bomba foi melhor).

Algumas frases que escutei quando o cearense Montage entrou em cena: “Que porra é essa?”; “Fudeu…”; “Ele é bicha?”; “Joelma, gostosa!”. Amparados por uma forte batida eletrônica e pela presença de palco do vocalista Daniel Peixoto, o Montage fez um show dúbio: não se sabia se o mais importante ali era a música ou a encenação. Com uma roupa preta colante que nem Gretchen teria coragem de usar – e tirada já na segunda música -, Daniel fez seu showzinho particular: ficou de sunguinha preta,. mostrou a bunda vezes sem fim, demonstrou quais as suas posições sexuais favoritas, e nos brindou com frases lapidadas do tipo “Vamos cair na putaria”, “balança o cu” (se ele conhecer o bloco Segura o Cu, de Olinda, vai morrer de overdose de orgasmo) e etc. O público, menos numeroso que no show do Instituto, reagiu bem. As batidas são realmente contagiantes, e dão a impressão de que Daniel nem precisava apelar tanto para chamar a atenção. Agora, que é engraçado ver as pessoas dançando ao som de música eletrônica em pleno carnaval, ah é!

7 Comments

  1. Leilane
    Posted 20 de fevereiro de 2007 at 18h27 | Permalink

    O Montage dispensa a presença do vocalista, que mais parece um aspirante (sem vocação) a ser uma mistura de David Bowie com Mick Jagger. Seus exageros no palco o transformam num acessório incômodo e que se queria roubar a cena e estragar o espetáculo, conseguiu.

  2. Posted 20 de fevereiro de 2007 at 18h45 | Permalink

    eu sou admirado do trabalho do montage, mas acho que dessa vez ele exagerou por que tudo que ele fez não foi inedito, acho que se fosse mais sincero e natural a coisa ia ser bem melhor, se ele quis chocar, conseguiu por que teve muita gente que não aguentou, tava com preconceito incruado, tipo, se alguem me ver aqui eu to lascadno por qur to vendo este viaão, enfim, super desnecessario este comporatmente num show, ele não consegue ser original ´isso que penso depois daquilo que ele mostrou!

  3. Posted 22 de fevereiro de 2007 at 15h29 | Permalink

    esse tal de Montarroyos e seua amigos não entendem de nada! São um monte de gente esquisita, com um gosto esquisito! Parecem um monte de musicos frustrados e mal informados, que gostam do ruim para ficarem diferentes! Voces são de lamentar, êta sitezinho de merda esta reciferock!

  4. Posted 22 de fevereiro de 2007 at 21h15 | Permalink

    Bem, discordo em relação ao Zeferina Bomba. Eles fizeram um show com covers como o do Nirvana mal feitos. Aneurisma é uma música ótima, porém mais batita que bife pra fritar. Depois tocaram as suas músicas baseadas basicamente no punk-pra-encher-linguiça, sem melodia e sem força carismática. Apelando para o “populismo” e falaram da tv (que moral eles tem já que são um “produto” da mtv). No final tocaram um cover(?) do Pink Floyd que ficou muiiiito a dever. Ou melhor, estragaram a música. Parecia um ensaio aberto porém para um público que merecia mais. Bem, e por fim, o baixista ou esteva biritado ou tocava mal, ou estava nervoso. Enfim, dias melhores para o Zeferina. No mais concordo com o resto do texto. =)

  5. NAYARA(NAY)
    Posted 23 de fevereiro de 2007 at 18h56 | Permalink

    MONTAGE?é a banda mais punk-eletronico-transformista e adrogino que ja vi, mas deu para se divetir.
    MAS sem duvidas INSTITUTO foi DEMAIS!!!! RACIONAL NA CABEÇA DOS MALUCOS!!!!! salve TIM MAIA

  6. Amauri Campos Sales
    Posted 26 de fevereiro de 2007 at 6h18 | Permalink

    Discordo plenamente com o texto sobre o show do MONTAGE. Me parece muito mais um manifesto homofóbico do que a resenha de um show, e detalhe, durante o carnaval. As pessoas dançaram, muitissimas pessoas estavam cantando junto com a banda. E o Daniel deu um show a parte e foi sem dúvida o grande frontman dessa edição do festival. A música é boa, da pra dançar horrores e os caras seguraram a onda perfeitamente usando simplismente uma guitarra e um aparelho de musica eletronica ao vivo (que eu leigo não sei como chamar), logo depois de um show que ja não cabia mais músicos no palco. Seguraram a onda e encerraram a noite muito bem.

  7. Koala
    Posted 1 de março de 2007 at 14h55 | Permalink

    O show do Instituto com B Negão, Carlos Café e Thalma de Freitas foi único. Uma boa oportunidade pra ver um show de um dos melhores trabalhos produzidos neste planeta. Tim Maia Racional é de uma qualidade indescritível. E reforçando o texto do site: “China (volte ao hardcore, rapaz! Era o que você sabia fazer)”. Achei a participação dele desnecessária.

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