Por Paulo Floro
A noite do terceiro dia começou apática. Como todo domingo de APR, um monte de gente dispersa, com alguns núcleos (leia-se: os fãs das bandas) que cantam todas as músicas e montam uma verdadeira festa na frente do palco. O resto do público assistia a tudo, mas não parecia entender muita coisa.
Palco 3
Um monte de garotos fazendo rimas com cara de mau, no palco 3, abriu a noite. Era o Êxito d’Rua. O coletivo cativou seu público, que pagou um ingresso caro para prestigiar a banda. O que atrapalhou foram alguns problemas no som, que deixou a banda visivelmente irritada. Quase criavam uma rima para reclamar com a equipe técnica. Além do discurso melado, um monte de dançarinos de break e street tentava chamar mais atenção do que a banda.
O Valentina, banda de Goiás, começa meio tímida no minúsculo palco 3. Com um vocalista maquiado e andrógino, a banda mostrava a sua mistura de glam-rock com pós-punk. Foi um show consistente, de ritmo uniforme. Daquelas que quando menos se espera, acabou. O vocal Rodrigo Feoli era a pinta em pessoa, com sua atitude ensaiada de ídolo de rock decadente. Divertido.
Palco 2
Saindo do minúsculo Palco 3, o Monomotores iniciava os trabalhos roqueiros no Palco 2. Marcos Lau, o vocalista, fez as vezes de um show man impecável. Falava antes de cada música, apresentou a banda, conversou com a platéia. Vencedora do Festival Microfonia, a banda promoveu uma espécie de festinha adolescente (não pelo público teen que vibrava na frente do palco), que celebrou as origens do rock: básico, despreocupado, sem muita frescura. O Monomotores não se arrisca de nenhuma forma, seu som é direto, baseado nos clássicos de AC/DC e um pouco de Beatles. Desta forma, ninguém tem do que reclamar e sai todo mundo feliz. Sobretudo a banda.
A vocalista Andrea Martins, do Canto dos Malditos na Terra do Nunca chega tentando impressionar. Todos seus trejeitos são ensaiados para transmitir a imagem de garota má, brava, que afoga suas agruras pessoais com muita atitude rock e bla bla bla. Com uma voz embolada, forçada, a banda tenta tornar assimilável a sua mistura de blues com metal. Mas como tenta. Chega uma hora que tudo se mistura. Primeiro tocam um trecho de “O Pulso” dos Titãs, em seguida soltam “Puts your hands up in the air”, e pra finalizar exageram nos vocais guturais em quase todas as músicas. Nesse momento, não estava entendendo mais nada, é “mistura” demais pra mim. Como quem comprou a rebeldia numa promoção, Andrea alisa a barriga, insinuando que vai tirar a blusa. Só a MTV mesmo para justificar uma besteira dessas num palco do Abril pro Rock.
A Orquestra Contemporânea de Olinda criou o clima carnavalesco necessário para animar o público de verdade. O público do domingo é mais aberto a esse tipo de proposta, e foi uma decisão acertada escalarem a moderna orquestra de Olinda para este terceiro dia. Todo mundo dançava a misturada de ritmos regionais. Para o APR, não existe atitude mais roqueira.
Ele Ouviu
Paulo André não poderia estar mais satisfeito. Escalados para tocar na última noite do festival, o The Playboys era a maior piada interna do APR, além de, com esta atração, criar uma auto-referência que vai entrar para a história do festival.
Tudo na apresentação do The Playboys fazia referência ao episódio do palco 3, em 2005, quando a banda tocou mesmo sem ter sido chamada, o que originou a música “Paulo André Não Me Ouve”. Uma alfaia, uma mesa de despacho de macumba, a cena em que Chico Science retorna do além, tudo na já conhecida apresentação do The Playboys rendia um comentário acerca do episódio. Abusados, anunciaram o “Palco 4” e que só tocavam agora, porque após 10 anos, finalmente instalaram o ar-condicionado no Centro de Convenções. João Neto aproveitava sua catarse e mandava todos os hits do grupo como se fosse a primeira vez. “Pancadão Armorial”, “Garotas Culturais do Burburinho”, “Niilista de Fim-de-Semana”. Todas as letras do grupo ainda continuam afiadas contra a ceninha de Recife. Por isso, vai demorar um bocado pra algo tão criativo surgir por estas bandas.
A tão esperada “Paulo André Não Me Ouve” nem foi tocada pela banda. Quer dizer, mais ou menos. HVB, vocalista da Le Bustier en Decadence, fantasiado de Elvira Pagã (vocalista das Backing Ball Cats Barbis Vocals) cantou a música. Agora que PA ouviu os The Playboys, precisa ouvir as Barbis e o Le Bustier em Decadence, era o recado da banda. Sempre um passo a frente, a banda surpreendeu de novo.
Pela energia e animação, os 30 minutos de show foi um dos melhores do APR (falando do palco 2 e 3, que me cabe nesta cobertura), mas a banda já fez shows melhores. Com tanta coisa a dizer, o The Playboys talvez tenha ficado perdido em tantas referências. Pra finalizar, João Neto afirmou que era uma honra tocar no festival. Demorou, mas valeu a pena.
Não tinha quase ninguém no show da Rebeca Matta. As pessoas ou foram embora ou descansavam para o show do Lee Perry. Zappa no telão, pra poupar trabalho, anunciava as influências da moça. À margem das cantoras de boas maneiras da MPB atual, Rebeca é esquisita, canta de um jeito meio esquizofrênico, com sua voz num volume altíssimo. Antes de dizer que é chata, digo que é autêntica. Mas àquela hora, já deu. Quem sabe na próxima, Rebeca.
18 Comments
Huhauhauhahua
Poxa, deve ter sido muito divertido! Queria ter visto o show do playboys! Histórico!
:/
Fica pra próxima!
Muito boa a resenha, Paulo!
Ri demais com The Playboys.
Foi totalmente Histórico!
Bla bla blas a parte, foi uma pena eu nao ter podido ir pro show dos playboys.
Aê, Paulo, esse alter-ego, pseudônimo ou heteronônimo é uma abreviatura (ou uma sigla mesmo) do meu nome completo… É HVB (agavebê), alright!
abraço;
Realmente a melhor apresentação da noite foi The Pkayboys. Não conhecia a banda, mas tinha escutado comentários. Fazem uma sátira muito ácida e criativa.
Primeiro que a grande piada do Abril foi o preço do ingresso: R$ 50,00!!! Um evento com financiamento público… Recursos de Prefeitura, Governo Estadual e Federal… Lei Rounet e tudo. Resultado: elitizou o evento! PA Pires vive em outro mundo só pode…Achei que os comentários a respeito da Orquestra de Olinda foram econômicos, praticamente um receita médica. Quem estava no Show viu que foi o momento que reuniu mais pessoas e, sem pestanejar, depois de Lee Perry, a melhor apresentação.
Henrique Viana Brandão,
Ops… falha minha eu que editei o texto e troquei :( Agora tá corrigido.
Bem, Domingo de APR é assim. Muitos sentados (comendo a famosa e deliciosa pizza). Quanto aos som, muita mistura, mistura, mistura… Lee Perry foi muuuuito bom. Todos estavam dançando o dub no ´´embalo´´ da fumaça. The Playboys foi bem legal, falou das gatinhas, agora, do Capitão Lima, sempre tirando onda!!! Gostei
oi …
A proposta do evento está bem centrada, mas peria trazer algumas atrações de renome para mesclar melhor os 3 dias. Quando a novidade foi a presença de Mutantes…bom demais. Os Playboys…rsrs são bem escrotos …algo diferente…rsrs.
oia meu irmaum ainda quero saber do sorteio da guitarra se teve mesmo.
q pena q naum de par ir no domingo mas tava la no sabado!
Nem vi a macaxeira sendo lançada,deve ter sido super raiz!
:~~~~~~
Goste da Lee Perry e da Orquestra Contemporânea de Olinda, mas acho que o melhor foi o The Playboys. Só não gostei deles ficarem levantando a bola das Barbies. Ajudar o Le Bustier ainda vai (é uma boa banda), mas as Barbies não. Elas são uma banda sem originalidade. Tentam fazer uma junção de The Playboys + Textículos de Mary, mas não conseguem ser bem sucedidas. Não tem a criatividade dos The Playboys (falta inteligência)e nem o descaramento do Textículos (falta despreendimento e coragem). Paulo André, ano que vem não bota as Barbies, repete os Playboys.
Outra coisa, “Canto dos Malditos na Terra do Nunca” é demais para minha paciência. Pauo andré, não traz mais estas porcarias enlatadas da MTV. Aquela galega é muito ruim, ela consegue ser pior que as Barbies.
Primeiramente gostaria de comentar as observações de Marcela. Não acho que as Barbies são uma banda sem originalidade. É óbvio que a influência dos The Playboys e dos Textículos fica clara ao se ver uma apresentação da banda, mas acho que as Barbies não se limitam apenas a estas duas referências. As meninas fazem algo co a cara delas. É uma boa pedida para o Abril, em 2008. Por outro lado, sobre “O Canto dos Malditos…” estou totalmente de acordo, que é ma banda muito fabricada.
Quanto aos shows de domingo o maior destaque vai para a Orquestra Contemporânea e Olinda, foi a melhor musicalmente falando. É uma promessa para a nova cena.
Sobre Lee Perry, não podemos analizar uma lenda. Ele está acima das críticas. Los Alamos fez um bom Show. The Playboys continuam geniais, com destaque para a intermpretação do vocalista. Porém acho que eles devem tentar ir para o Sudeste e adaptar as letras para lá. Aqui, acredito que só continuaram tendo efeito se criarem outro espetáculo, pois por melhor que seja a peça teatral, a temporada da mesma não pode ser eterna. Quanto ao The Film, achei muito fraco e sem identidade. Monomotores precisa amadurecer, mas tem futuro.
Quer dizer: “continuarão tendo efeito…
Domingo foi o melhor dia!
Apesar de ter mutantes na sexta!
Valentina e Canto dos Malditos na Terra do Nunca são muito ruinnnnnnnnnnnnnnnsssss!!!
Dois lixos da MTV!
Eu não fui para o abril.queria ter visto o show da canto dos malditos…mas to começanndo a acreditar q foi ruim…será???