COBERTURA: Seletivas PE no Rock – Recife

Por Hugo Montarroyos em 15 de outubro de 2007

Eu tentei. Juro! Até prometi, em artigo recente, ser mais tolerante e ter mais respeito aos artistas a serem criticados por mim. Acontece que o mundo não colabora…paciência…

Ao começo: o lugar, o pátio externo do Armazém 14, era espaçoso, aconchegante e bem bacana, como o próprio PE no Rock de 2002 já provara. O preço era simbólico (um kg de alimento não perecível), mas a produção do evento resolveu agendar para um sábado em pleno feriadão. Resultado: pouco público, em geral, constituído pelas próprias bandas e amigos destas. Sávio, produtor do evento, chegou a pegar o microfone várias vezes e praticamente implorar para as pessoas do lado de fora entrarem. “Não paga, tem barzinho e banheiro para vocês”, dizia.

E a grande atração da noite acabou sendo Cannibal, que, como mero espectador, roubou a cena e foi alvo de inúmeros pedidos de fotografias e de autógrafos.

Cannibal foi também o dono da pista mais importante da noite. A cada integrante de banda que passava por ele, perguntava: “Trouxe seu técnico de som?”. A imensa maioria respondeu negativamente. Aí veio a explicação/dica de quem está no ramo há vinte anos. “Velho, se o técnico de som estiver de mau-humor ou não for com a sua cara, seu show já era”. Ou seja, por mais amadora que ainda seja uma banda, se ela vai se apresentar ao vivo em qualquer local, é indispensável ter um técnico de som próprio. O próprio Cannibal me explicava depois: “é coisa de gente inexperiente. Com o tempo aprendem”, concluiu.

Assim que chegamos, Sávio, produtor do festival, convidou Guilherme Moura para fazer parte do júri. Como já havíamos combinados previamente, o convite foi recusado por um único motivo: o evento não respeitou a única regra a que se propôs a cumprir: “Só poderão se inscrever nas seletivas bandas que ainda não tenham participado de eventos do porte do PE no Rock e que ainda não tenham CD lançados por selos ou gravadoras.
Assim sendo, é imperdoável a participação dos Subversivos (que tocaram no APR de 2002) e da Pressão Sangüínea (que tocou na última edição do próprio PE no Rock, em 2004).
Mas foi uma bela oportunidade para acompanhar uma prévia do que deverá ser o festival. O nível das bandas, no geral, se mostrou muito fraco, e o júri acabou sendo coerente em sua escolha (apesar do regulamento incoerente classificar Os Subversivos).

Quem abriu a noite, com mais de uma hora de atraso, foi o fraquíssimo Os Marisqueiros, que ainda insistem (até quando, Senhor?) em imitar (e imitar mal) Chico Science. Deram também o azar de pegar um som tão ruim quanto o que produziram em cima do palco.
Depois foi a vez do bem sacado hip-hop do Kbssa (leia-se Ká Bê Esse Esse A!), que mostrou boas letras, bela presença de palco e colagens bem executadas. Classificou-se com méritos.

Único representante do reggae na noite, o Álipe Roots teve bons e maus momentos, todos por culpa do sistema de som. Não deu muito para saber ao que vieram, mas estava definitivamente fora do alcance deles cumprir tal objetivo.
Os Subversivos fizeram o que se esperava deles: um bom show, com peso e letras de cunho marxista que divertem os mais céticos e orgulham os militantes de esquerda. Já estava na cara que iriam se classificar. Não precisavam disso, pois estão em um patamar bem acima das demais concorrentes.

Baque Makossa e Phrarsis também não conseguiram passar bem o seu recado, e foram praticamente ignoradas.

Depois foi a vez (perdão, mas preciso dizer) de um dos piores shows da história recente da música pernambucana: o da convidada Andrea Amorim. Foi uma hora (contada no relógio) da mais pura tortura sob formato de música, com todos aqueles clichês do metal-gótico-com-pianinho-clássico-insuportável e agudos que chegam a inspirar o suicídio. Apelaram até para o terrível dueto de Edson Cordeiro e Cássia Eller, que já pegava mal há quinze anos, e que ficou ainda pior com Andrea fazendo os agudos de Cordeiro e os graves de Eller. Quando nada parecia pior, veio a versão de “Da Lama ao Caos”, que merecia pagar multa pelo simples fato de ser executada. Até os emos se concentraram na frente do palco para fazer gestos obscenos para a cantora. Agora, justiça seja feita: teve gente que gostou, comprou o CD deles vendido por 2,99 e ainda pediu autógrafo. Andrea será um das atrações do festival. Seu show deverá ser, no mínimo, divertido…em todos os sentidos!

O segundo convidado da noite, Pácua e sua Via Sat, era só felicidade por causa do nascimento, naquela noite, de seu filho, Jorge. Fez um show correto, em que esbanjou presença de palco (como de costume) e que fez a alegria de quem foi lá só para vê-lo.

O Pressão Sangüínea até evolui ao vivo, mas vão ser tratados sempre como subprodutos que são: imitam Uns & Outros, que imitavam Legião Urbana, que por sua vez chupava um monte de banda gringa… Não se classificou, embora o show não tenha sido de todo ruim.

Os melhores shows da noite foram da roqueira Nark e da impressionante Al Qaeda, responsável por uma belíssima roda-de-pogo já em plena madrugada e com o público visivelmente cansado. Seu show foi encorpado, sujo, pesado e destruidor. E muito bom de ser visto. Devem fazer uma bela apresentação no PE no Rock. Olho neles. Valeu a noite.

Sinhô Pereira tentou adicionar ainda mais groove à cartilha Chico Science de ser… Como todos os imitadores, ficou no meio do caminho.

Quem levou um bom público foi o FunPark, com seu hardcore melódico pobre, fraco, aguado e sem muita coisa (ou quase nada) a dizer. Mas aí a culpa nem é deles. O gênero é que é ruim mesmo…

Deu pena dos Anjos da Metrópole. Além de possuírem um dos violões mais desafinados que já vi na vida, as letras mais simplórias que alguém pode pensar em fazer, e um conjunto de músicos em que cada um parecia tocar por si e para si só, ainda deram o azar de pegar o pior som da noite, e seu show foi interrompido duas vezes. Hora perfeita para dar no pé.

No fim das contas, se classificou quem realmente devia (fora Os Subversivos, mas já que a brecha foi aberta, um abraço). Parabéns aos selecionados.

Aos demais, eu sei que tinha prometido ser um bom menino de agora em diante. Mas o mundo, definitivamente, não colabora para isso.

11 Comments

  1. arrilson
    Posted 20 de outubro de 2007 at 11h45 | Permalink

    cara eu acho o seguinte: O Rock num tem barreiras, num tem rima, não tem razão….
    se desafinados e afinados querem tocar rock isso só prova que ele não morreu e cabe a nos mantelo vivo…
    pois eu ja estou cheio de ouvir nestes carros com som pagode aquelas bandas merdas q eu num sei como eles conseguem escutar, mas….
    etao rock num sao todos q sabem fazer e tambem num são todos q sabem ouvir e tb num são todos q sabem criticar…
    aqui onde eu moro(caruaru) tenho um bar undergroundo onde rola todo o tipo de rock em todas as suas vertente mas ainda tem caras q dizem q o bar num é pra eles pois num se misturam a B e C então eu mendei eles todos tomarem no cú!!!
    poi o meu rock in roll me dá o direito de fazer e dizer o q eu quero…
    mas só se eu realmente estiver com razão!!
    obrigado, e muito rock n´roll pra todos

  2. Thiago Lima!
    Posted 21 de outubro de 2007 at 13h49 | Permalink

    Eus o faço ler e rir!

    ;D

  3. Herick
    Posted 21 de outubro de 2007 at 22h11 | Permalink

    Fun Park HC melódico ? eles estão muito longe disso.
    Influências: Forfun, Blink 182, Green Day, Yellow Card…
    nem precisa falar mais nada né?

  4. Mercia
    Posted 23 de outubro de 2007 at 19h06 | Permalink

    Esse HUGO é um frustrado… além de tudo, ainda é um ateu INVEJOSO!!! Ele é jornalista de beira de esquina… por isso q só fala merda! deve ter vindo de são paulo pq lá não tem lugar p ele… um cara que não tem escrúpulos e não respeita as pessoas não deveria ter a atenção de ninguém…E esse papo já rendeu demais…
    Que venha o PE NO ROCK!!! Eu quero eh rock!!! VAI SER DU CARAIIIIIIIIIIIII!!!E ESSE ANO TAH MAIS FODA AINDA PQ TEM P TODOS OS GOSTOS!!! chega dessa panelinha idiota do recife!

  5. Mercia
    Posted 23 de outubro de 2007 at 19h10 | Permalink

    ENFIM, meu filho, faça uma terapia. vc deve ter tido problamas na infância neh? ou então é pq eh feio demais!

  6. Kaio Nogueira
    Posted 23 de outubro de 2007 at 22h55 | Permalink

    Essa galera acostumada com elogios é bronca, num pode receber criticas que vem aqui chorar, independente da banda ser HARDCORE MELÓDICO, SKA, PUNK, REGGAE ou não ela é RUIM e pronto, que cara menino do caralho, porque num vai contar pra sua mamãe GUSTAVO ? Parabéns pela resenha do show galera, ta DEZ !

  7. Nando
    Posted 24 de outubro de 2007 at 6h30 | Permalink

    Concordo com Kaio aí em cima…
    Esse negócio de ficar misturando ritmos é querer reinventar a roda. Rock é Rock e PRONTO!!!
    Letras contestativas e desconcertantes somadas a três acordes tocados bem rápido é o que há!!! Roda garantida e cabeças balançando, uuuhhhhhhhhuuuuu
    Vislumbro meus filhos, netos, bisnetos… ouvindo isso mesmo!!! Pra quê mudar?? Já vem dando certo há tanto tempo, pra quê mudar? Pergunto mais uma vez…

  8. Dr. Verde
    Posted 24 de outubro de 2007 at 8h59 | Permalink

    a arte não pode ser limitada…se não gente como chico science não existiria!

  9. urg
    Posted 24 de outubro de 2007 at 20h12 | Permalink

    noooooooooooooooooooooossa que influencias!!!

    nunca ouvi e que os deuses nao obriguem a este sacrificio…. mas deve ser uma beleza essa fun….funfarroes…….urg!

    V.S.F.I.!!!

  10. rockjuice
    Posted 7 de abril de 2008 at 21h59 | Permalink

    Putz
    deviam ter avisado logo que era só soltar uma grana na mão da produção que dava pra ser classificado assim , na cara de pau com toda a falta de respeito (respeito? esqueci que se trata da nova gestão do pe no rock ,rs )

    Pra playboyzada da funpark , o valor mais caro deve ter sido pouco pro produtor-papai-financiador pagar.

    sem mais.

  11. Zé Cordeiro
    Posted 9 de dezembro de 2008 at 11h15 | Permalink

    Gostaria que o Hugo indicasse uma banda Rock Pop daqui de Recife, que toque músicas próprias em português, no estilo semelhane aos Titãs. A idéia é tentar contribuir com uma composição minha.

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