O Amps & Lina surgiu em 95, mas não seria equivocado dizer que sua carreira começou de fato há dois, quando retomaram as atividades e delinearam uma estética mais lapidada, extremamente elaborada, casando os blips e blops eletrônicos com violinos e vocais bem peculiares. Com o excelente EP Curva & Linha recém-lançado na Internet, o Amps & Lina fará seu show de amanhã (sábado, dia 24), no Pátio do Rock, quase que inteiramente baseado nele. Confira abaixo a entrevista feita com Alcides Vespasiano, Lorena Arouche e Luciana Medeiros.
“Curva e Linha”, mais recente trabalho do Amps & Lina, teve uma bela repercussão. O show do Pátio do Rock será focado nele?
O EP ‘Curva e Linha’ foi lançado há pouco mais de dois meses, na internet, de forma alternativa. Há poucos dias do show do Pátio, mais precisamente 18/11 (domingo passado), tivemos o privilégio e a oportunidade de relançá-lo pelo site do selo Midsummer Madness Records- RJ (http://mmrecords.com.br/200711/amps-lina/ ). Portanto, estamos em plena fase de divulgação, com todo o gás! Até porque devido a dificuldades que toda banda enfrenta enquanto está construindo seu espaço. Nós não tivemos muitas oportunidades de tocar para um público mais numeroso. Estamos bastante curiosos com relação à receptividade do público durante a performance ao vivo. Pretendemos acrescentar apenas uma música que não faz parte do EP, mas essa é surpresa e o tempo do show também é limitado.
Como foi voltar a tocarem juntos depois de tanto tempo?
Foram seis longos anos 6 anos! Alcides (guitarra lead) e Henrique (baixo) são irmãos, então nunca deixaram de tocar informalmente. A decisão da volta se deu de forma bem natural, pois os três integrantes da primeira formação (aos irmãos soma-se Luciana no vocal) se reencontraram em 2005, no estúdio, para fechar um repertório de covers a pedido de uma amiga em comum que ia dar uma festa. Em meio ao show, outros amigos começaram a solicitar que a banda tocasse as músicas próprias. Isso, aliado ao próprio reencontro dos integrantes, fomentou a necessidade de voltarmos a tocar junto, muito embora, a intenção da volta era de repensar o som, fazer algo novo, diferente, experimentar. De 2005 pra cá, várias pessoas passaram pela banda, mas hoje podemos dizer que estamos bem felizes com formação atual. O violino e a inserção dos efeitos eletrônicos ajudaram a caracterizar melhor uma identidade para a banda.
As influências da banda são as mais variadas possíveis. Existe alguma unanimidade na banda?
Complicado responder. Posso arriscar Beatles e Radiohead lá fora, ainda assim de uma forma bem sintética, e por aqui, acho que Mutantes junto com o movimento Tropicalista e tudo que foi fruto dele.
Com tantos integrantes o processo de composição deve ser meio caótico. Como funciona? Todos compõem?
Bem, a harmonia das músicas, de forma geral, é feita por Alcides. As letras/ melodias principais são trabalhadas e/ou compostas pelo trio Lorena, Luciana e Alcides (ora em parceria, ora individualmente, porém sempre rola uma lapidação final). Mas a resolução das músicas, os arranjos, são da banda como um todo, sempre acontece de um sugerir algo ao outro, de dar pitacos. Cada um fica livre para agregar com idéias e influências. Enfim, a nossa preocupação maior é com regulagem de timbres e com a estética.
O que mudou, na vida de vocês e na música do Recife, de 1995, quando vocês surgiram, até a volta da banda? As coisas ficaram mais fáceis ou mais difíceis?
Atualmente, a maior parte dos integrantes estão casados ou se casando. As responsabilidades são maiores, sustentar casa, família. Às vezes, fica complicado conciliar as agendas pessoais, mas sempre se dá um jeitinho. Na banda, temos três arquitetos (dois atuando), dois designers, um comunicólogo e uma administradora (não atuante), que é estudante de música.
O cenário musical de Recife continua fértil, e está mais aberto, depois do Movimento Mangue. O Movimento tornou o cenário mais amplo não só por abrir portas, ou ter centralizado atenções pra região, mas por tornar o espaço mais eclético, dizimou (ou quase isso) certos preconceitos musicais e até étnico-raciais. Às vezes, tem-se a impressão de que tudo de original já foi feito e, por isso, geram-se as fusões sonoras, que também podem ser vistas como recortes, ou, se deram certo, como algo também original.
Hoje, com a revolução tecnológica, as coisas estão mais fáceis e também mais difíceis. Espaço pra tocar atualmente, é tão difícil quanto anteriormente. Mas, sem dúvida, ficou mais fácil gravar, a qualidade de uma gravação do tipo home studio em algumas circunstâncias pode ser considerada semelhante a de uma gravação de estúdio. E essa mesma gravação pode correr o mundo num piscar de olhos. Entretanto, por ser algo bastante acessível, termina gerando muitos ‘concorrentes’. Fica difícil filtrar.
Tem idéia do perfil do público de vocês?
É meio complicado responder, pois a gente tem direcionado toda a promoção, divulgação da banda pela internet, até porque é mais fácil, e parece um caminho muito comum hoje. Dessa forma, nosso maior contato com a galera é virtual. Não sei se posso dizer que a banda possui um público formado, acho que não. Na verdade, estamos começando a formar público agora, afinal é uma nova fase da banda, é normal que o público também seja novo. Mas de forma geral, acho que todo público hoje é mais criterioso, mais seletivo, mais atencioso com a obra e menos consumidor puro e simplesmente.
Como foi 2007 para vocês? O que esperam de 2008?
O ano de 2007 foi um ano de ajustes. Decidimos gravar o EP e tivemos todo tempo e paciência que precisávamos. Assim, nós inserimos tudo que quisemos, mesmo o menor detalhe da gravação que pode até nem ser percebido a priori, na primeira audição, mas enfim, ficou satisfatório, era o que nós queríamos. Após o lançamento, várias coisas boas estão acontecendo, parcerias, novos projetos, inclusive esse do Pátio, que nos deixou muito felizes.
A banda pretende gravar mais algumas músicas, em 2008, pois estamos começando a compor e rearranjar antigas músicas. A gente espera que 2008 traga boas surpresas e também novas parcerias.
7 Comments
Essa é uma banda que eu quero acompanhar pra sempre. Além de serem extremamente talentosos, estão numa batalha árdua e inteligente como poucos. Um exemplo.
Vejo amanhã no Pátio sem dúvida!
Estarei lá com certeza no show do pessoal da Amps & Lina!
Belíssimo trabalho!!! Parabéns!!!
Hugo, veja que a sua entrevista está linkada na nossa página da Midsummer Madness Records e que o Rodrigo Lariú acabou de postar aqui pra divulgar! Valeu!!!!
Ah faltou o link:
http://mmrecords.com.br/200711/amps-lina/
Ei, Luciana! Eu nunca entendi isso muito bem. A Amps & Lina é uma banda do MM, tipo a Pelvs?
Luciana, compartilho da mesma dúvida do Bruno Nogueira =)
No mais, a única coisa que posso dizer a vcs é: parabéns!
Obrigada Hugo!!!
Então, somos uma banda do selo (distribuição) da MM e não da gravadora MM, como no caso da Pelvs.
Gravamos o EP e o Rodrigo Lariú gostou e nos fez o convite para fazermos parte de seu casting, ajudando a divulgar e a vender.
É isso, acho que deu pra esclarecer ne…
Está sendo muito legal mesmo essa oportunidade e tomara que um dia a gente diga que já faz parte da gravadora MM também.
Abraços,
One Trackback
[…] Entrevista em novembro 2007 ao site Recife Rock: http://www.reciferock.com.br/2007/11/23/entrevista-amps-lina/ […]