Cobertura: Matanza na Nox

Por Hugo Montarroyos em 28 de fevereiro de 2008

Parece que finalmente deu certo. A Nox, boate que se transforma numa das melhores casas de shows do Recife, ao que tudo indica, virou o novo point roqueiro da cidade. Foi tremendamente gratificante ver tal local ser inundado por rodas-de-pogo, mosh e toda a bagunça organizada que costuma caracterizar todo velho e bom show de rock. Mas foi tamanha a “desordem” que Jimmy quase sai do sério e perde a esportiva – logo ele – com o público local.
Outro feito digno de nota foi que dessa vez não ficamos enclausurados vítimas dos fumantes. Estes podiam aplacar a  secura no andar superior, com teto aberto e ambiente mais adequado para soltarem a fumaça que tanto impregna os pulmões alheios.

Coube ao excepcional AMP abrir a noite. Banda que despeja ainda mais peso ao já invocado Queens of The Stone Age (principal influência deles), trata-se de um grupo que dispara hoje no Recife os riffs mais encorpados, barulhentos, virulentos e esporrentos que você possa imaginar. A seqüência de abertura formada pelo trio “Ataque Dos Aliens”, “Billy” e “Acidez” demarca logo o território da AMP: uma banda cujo maior prazer parece ser estourar os tímpanos alheios com as melhores e mais fortes pegadas que o rock duro tem a oferecer. Marcelo Gomão, da Vamoz!, não resistiu e deu uma canjinha com sua guitarra. Enfim, foi o show que Paulo André simplesmente não poderia ter perdido (sério, meu amigo). Depois do show, feliz da vida, o baixista Dudu me explicava o método construtivista de composição da banda, e dizia já ter treze músicas prontas para o CD que deve ver a luz do dia em breve. Não perca o próximo show deles.

Não chega a ser novidade para ninguém que o Devotos é fã dos Smiths e do rock nacional dos anos 80. Tanto que desde 1994, Cannibal (aqui tocando bateria) e Celo Brown (que troca as baquetas pelos vocais) mantém em ativa a B.U., banda dedicada à faceta Legião Urbana deles. É justamente aí que reside o problema: tudo que soa absolutamente espontâneo e natural no hardcore do Devotos se transforma numa forçada de barra das brabas com a B.U., que fica bem preso ao formato pré-estabelecido por nomes como Nenhum de Nós e Uns e Outros. Desafinam horrores em algumas passagens, e se Cannibal trata de levar a coisa toda na mais pura diversão, Celo parece levar bem a sério seu papel de frontman, caprichando na canastrice e nos passinhos a la Jim Morrison. Como brincadeira até que dá para passar. Mas a sensação (e unanimidade entre os presentes) foi a de que não seria nada desagradável se eles tocassem do nada algo de sua banda de origem. “Toca hardcore!” foi o grito que mais imperou no show deles, assim como o “toca Raul!” tão repetido pelos chatos de plantão em qualquer show em território nacional.

Depois foi a vez do show mais confuso da noite. O baiano Vinil 69 subiu ao palco com o público dividido: metade queria conferir a sonoridade setentista da banda enquanto a outra metade dos presentes rezava para o show acabar logo (fãs do Matanza, há de se justificar). “Cai a Noite”,“Luzes da Cabeça” e “Dentro de Você” mostraram uma mistura interessantíssima de rock de raiz com sopros. Também não tiveram o menor constrangimento em mandar covers dos Stones e dos The Kinks (“You Really Got Me”, que à primeira vista mais parecia algo do Offspring). Fecharam com a ótima “Copo D’água”, que serviu para deixar o público, já extremamente numeroso então, ainda mais sedento de Matanza.

A noite era definitivamente dele. Jimmy, com seu jeitão de “sai da frente que estou passando, porra!”, comandou um festival de roda-de-pogo, mosh e histeria roqueira coletiva como há muito não se via por essas praias. Já na segunda música, a impagável “Mesa de Saloon”, o recado foi dado. “Se algum veadinho insistir em subir no palco vai levar porrada de verdade”. A ameaça pareceu inútil, e boa parte do público continuou se dedicando ao esporte de invadir o palco alheio. Até que, com muito “bom-humor” e uma boa dose de sarcasmo, o “irlandês” disse que levaria a coisa até as últimas conseqüências, nem que saísse dali direto pra uma delegacia – ele como acusado de agressão, que fique claro -. Foi a senha para a galera continuar a diversão longe do seu território. Até a equipe que filmava parte da série MTV Família com o grupo pareceu amedrontada. Mas a roda continuou firme, forte e linda. Patifarias de alto calibre como “Rio de Whisky”, “Santa Madre Cassino”, “A Arte do Insulto” e “Clube dos Canalhas” serviram para instaurar uma espécie de caos organizado na platéia, onde o único engraçadinho que tentou alguma confusão foi logo detido pelos seguranças da casa.
Antes de “Bom é Quando Faz Mal”, Jimmy pergunta à banda e ao público o que é de fato “bom” para eles. Um inevitável coro de apologia à genitália feminina ecoou por toda a Nox. E vieram então os melhores momentos da noite: “Ela Roubou Meu Caminhão” (letra que Wando passará o resto de seus dias roendo os cotovelos de inveja por não ter escrito) e “Eu Não Gosto de Ninguém”. E voltaram todos felizes e satisfeitos para casa.

Fica um apelo aos produtores locais: mais shows na Nox, por favor! Obrigado.      

15 Comments

  1. damaged
    Posted 28 de fevereiro de 2008 at 19h29 | Permalink

    Um cara subiu no palco cambaleando e esbarrou no amplificador do Donida, que quase jogava a sua guitarra pro lado pra ir bater no cara, foi por pouco. É realmente uma merda isso, a banda querendo tocar e os caras atrapalhando.
    A segunda música do show foi Interceptor V6 e não Mesa de Saloon. O pessoal acha que o Matanza é só o Jimmy, mas na verdade o Donida que é o “Matanza” de verdade.
    Eu achei o primeiro show deles na Nox bem melhor que esse de ontem, tanto de repertório quanto de público, tinha gente que só foi pra arrumar briga.

  2. Tárcio Fonseca
    Posted 28 de fevereiro de 2008 at 20h04 | Permalink

    Esse lance dos caras que tavam arrumando briga foi uma bosta. Eram dois, ambos na faixa dos trinta anos e com porte de rato de academia. Quase que ia rolando bosta entre eles, eu e Diego, já que estávamos com uma amiga nossa encostada no bar, de frente ao palco e esses caras estavam próximos a nós, empurrando todo mundo pra roda e olhando feio pra quem achasse ruim. Toda vez que armavam tumulto tínhamos que fazer uma barreira na frente para ela não acabar machucada. Acabou que falamos com o segurança, ele não fez porra nenhuma e tivemos que sair do lugar pra não acontecer nada pior. De boa que o que tava mais passando pela minha cabeça enquanto rolava isso era pegar uma garrafa de cerveja vazia em cima do balcão, quebrá-la e enfiar no ombro de um daqueles filhos da puta.

  3. Wasted
    Posted 28 de fevereiro de 2008 at 22h37 | Permalink

    o show foi massa, fico feliz de ter ido muita gente. Porém tem esse lance aí desses pit-boys… é o mal de ser na nox que, diga-se de passagem, é um lugar do caralho pra show. Disparado o melhor daqui de Recife atualmente…

  4. Wasted
    Posted 28 de fevereiro de 2008 at 22h41 | Permalink

    Concordo com damaged, o Donida carrega o matanza nas costas… Na minha opinião, Jimmy só é o cara certo pra o posto que ocupa. Algo relevante também…

  5. foca
    Posted 29 de fevereiro de 2008 at 7h07 | Permalink

    o AMP é uma das bandas pernambucanas confirmada no festvial dosol 2008.

  6. Posted 29 de fevereiro de 2008 at 11h22 | Permalink

    kd as fotos dos shows?

  7. draknine
    Posted 29 de fevereiro de 2008 at 12h14 | Permalink

    quem perdeu perdeu! jimmy e foda e o show foi implesmente perfeito!!! puta q pario, foi foda!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  8. Posted 29 de fevereiro de 2008 at 17h03 | Permalink

    matanza eh ruim pow!!!

  9. rick
    Posted 29 de fevereiro de 2008 at 18h00 | Permalink

    muito ruim!

    som fraco!

  10. venta
    Posted 1 de março de 2008 at 13h25 | Permalink

    matanza eh ruim pow!!! (2)

  11. damaged
    Posted 1 de março de 2008 at 15h25 | Permalink

    Ruim é aquela BU, que banda ruim do caralho!!!

  12. Herbert
    Posted 3 de março de 2008 at 14h55 | Permalink

    Damaged ! Acho q se o Donida toma uma atitude de bater no cara q subiu no palco e esbarrou no seu amplificador (claro q ele como músico quer fazer o melhor) ele ñ deveria tá tocando hardcore e sim MPB, e participei em vários momentos da roda (e pelo menos eu) não vi nada d mais acontecer, infelizmente pra quem não gosta de pogo não deveria ir no show de hardcore pra ver uma banda tocando de perto do palco. Há e quando rolar um show da mukeka di rato, DFC ou RDP aí vc vai ver realmente o q é uma roda de pogo. E as fotos do show kd ? ? ?

  13. damaged
    Posted 3 de março de 2008 at 16h15 | Permalink

    Herbert, o que eu sei é que parece que o Matanza não curte mosh, sempre atrapalha a banda, e deve ser uma merda. o Donida não bateu no cara, mas quase, até parou de tocar sua guitarra por uns 10 segundos de tão puto que ficou, acontece.

  14. Dudu
    Posted 3 de março de 2008 at 17h22 | Permalink

    Amp faz show terça dia 4 de março.. no UK pub!

  15. Posted 19 de junho de 2008 at 17h56 | Permalink

    ….(¨`·.·´¨)
    …..`·.¸.·´
    matanza
    ….(¨`·.·´¨)
    …..`·.¸.·´
    te
    ….(¨`·.·´¨)
    …..`·.¸.·´
    amo
    ….(¨`·.·´¨)
    …..`·.¸.·´

    tbm
    ….(¨`·.·´¨)
    …..`·.¸.·´

    a maria
    ….(¨`·.·´¨)
    …..`·.¸.·´

    elisa
    ….(¨`·.·´¨)
    …..`·.¸.·´

    rosa
    quando vai ser o dia do proximo show???

One Trackback

  1. […] Outro feito digno de nota foi que dessa vez não ficamos enclausurados vítimas dos fumantes. Estes podiam aplacar a  secura no andar superior, com teto aberto e ambiente mais adequado para soltarem a fumaça que tanto impregna os pulmões alheios. LEIA O RESTANTE DO TEXTO CLICANDO AQUI. […]

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