Recife às vezes ainda nos reserva uma brecha ou outra de esperança. Que o diga os que estiveram ontem à noite na Nox no show de lançamento do CD da Amp. Foi o tipo de evento que daqui a alguns anos teremos aquele orgulho besta de bater no peito e dizer “eu estava lá”. Noite de guitarras cheias e distorcidas, vocais rasgados, público ensandecido e bandas idem. Fazia muito tempo que Recife não presenciava um evento roqueiro de nível tão elevado. E a sede parecia grande, tanto que ninguém teve a menor vergonha de bater cabeça, dedicar-se ao air guitar, esgoelar-se e perder um pouco do juízo que ainda insiste em nos acompanhar no nosso dia-a-dia. Sem contar que os ouvidos ficarão apitando por pelo menos mais três dias.
Foi bonito de ver, bacana de fazer parte e animador por constatar que ainda existe gente disposta a produzir, consumir e propagar rock em terra local. E, de uma vez por todas, vamos abraçar a campanha para transformar a Nox em reduto roqueiro. Nem que seja uma vez por mês. A casa é um show à parte, o som é ótimo e as apresentações acabam ganhando um quê de profissionalismo que ainda faz falta por aqui. Exagero? Pergunte a Cannibal, que não desgrudava os olhos do palco e imaginava uma maneira de viabilizar uma apresentação do Devotos lá. Ou aos caras do Macaco Bong, que se empolgaram tanto quanto o público no excepcional show dos goianos do Black Drawing Chalks. Enfim, se você não foi, não tem idéia do que perdeu.
Um público ainda reduzido conferiu a ótima – como de costume – apresentação do Vamoz!, que enfim resolveu voltar a privilegiar o repertório do seu álbum de estréia, “To The Gig On The Road”. Fazendo bom uso do som extremamente alto da casa, mandaram versões casca grossa para “Beatles com Chocolate” e “Beside”. O novo baterista, Sérgio Kyrillos (Superoutro) parece já adaptado ao modus operandis do antigo batera, Pedrinho. Serginho castiga seu kit com o mesmo empenho com que Pedro se dedicava a “estragar” (chegou a estourar um caixa na última edição do APR) seu equipamento nas apresentações da banda. Um orgulhoso Fabrício Nobre conferia de perto do palco a performance do trio pernambucano e exibia um sorriso em que era possível detectar o orgulho de ter a banda no cast de sua Monstro Discos. Era só o começo da noite.
As coisas começaram a sair do eixo (no bom sentido) com o avassalador show do Black Drawing Chalks. Foram dez músicas tocadas quase que sem interrupção, onde a banda despeja guitarras cavalares amparadas por um baixo extremamente bem trabalhado e uma bateria monstruosa. E tudo junto forma uma maçaroca sonora digna de figurar em qualquer trilha sonora de quem por ventura algum dia escolheu o rock como sua praia e morada. O show acontecia num crescente absurdo, cada música soando mais intensa, nervosa e histérica (tudo ao mesmo tempo) do que a outra. Teve neguinho que não resistiu e foi até a frente do palco bater cabeça e agarrar as caixas de retorno. O final, com “My Favorite Way”, “Suicide Girl” e “Big Deal” deixou o a essa altura já numeroso público da Nox absolutamente ensandecido. Show na linha “alguém anotou a placa do caminhão?”. Catarse roqueira pura.
“Tocamos há doze anos (já, Fabrício?) e até hoje não conseguimos chegar até a terceira música sem quebrar alguma coisa”. Show do MQN mais parece um convite ao escárnio. Embora sua sonoridade seja um pouco menos densa (mas não muito) que a da Amp e do Black Drawing Chalks, é de impressionar o apelo e a interação que desenvolvem com a platéia no desenrolar do show. O ápice veio com “Cold Queen”. Uma fã subiu ao palco para dançar e cantar, integrantes de outras bandas trataram de dar um banho de whisky (dos bons) e de cerveja em Fabrício e quem estava fora do palco deixou-se contagiar pela luz frenética que dava à tudo um clima de viagem psicodélica. Só quem estava presente mesmo para ter noção da farra que foi.
Que banda assustadora é a tal da Amp! Incrível a distorção e sujeira que promovem em cima do palco. Como já devo ter dito em outro texto, é como se pegassem o Queens Of The Stone Age e adicionassem ainda mais peso ao seu som. Seu disco de estréia, Pharmakodinamica, tem tudo para se tornar um marco do rock pernambucano. Assim como “To The Gig on The Road”, do Vamoz!, o foi em 2003. Músicas como “Acidez”, carregada de fúria e despejada com uma visceralidade desconcertante, colocam o grupo como um forte candidato à grande nome do rock nacional do final dos 00 e início dos anos 10. Se você realmente gosta de rock, o Amp é a sua banda.
Passando “férias” no Lumo Coletivo, o Macaco Bong ainda deu uma “canja” surpresa no final da noite. “Canja” não é bem o termo certo, já que fizeram seu show completo, tocando na íntegra o “Artista Igual Pedreiro”. Mas, a essa altura do campeonato nossos ouvidos já estavam tão castigados depois de sete horas de rock que pouca gente ficou para conferir o show deles.
Nox, 30 de outubro de 2008. Dia em que foi feito um pouco de História no Recife. Brindemos…
22 Comments
foi peso mesmo!
e sem comentários pra o som da nox!
puta que pariu!
Ouvindo apitando, ressaca, tirei o dia de folga…
Frase do Monstro Fabrício Nobre (com um sorrisão no rosto): “Vai ter 5 das 6 melhores bandas de rock chapado do Brasil! só faltou Walverdes!”. Que venha Walverdes na próxima :)
Vamoz tocou ‘Pokin Around’ do Mudhoney que faz parte do ´Brazilian Tribute to Mudhoney´ que a Monstro acaba de lançar. Bruno Nogueira fez um post sobre o tributo (depois eu roubo aqui pro rrock): http://www.popup.mus.br/2008/10/28/a-brazilian-tribute-to-mudhoney/
Faltou falar do Clone de Cerveja que durou até o fim da noite. :)
A partir de amanhã, essa turma toda vai estar no Festival DoSol em Natal. rock!
Noite desgraçadamente foda. Pense na ressaca que tô hoje.
Galera! Valeu em nome de toda a galera da banda!! FOI FODA ONTEM!!! QUE VENHA O MMMXXX Nox On the ROCKS!!!
Caralho, foi inacreditável… Ressaca, dor de cabeça e ouvindo fazendo ziiiiiiiiiiiiiiin sem parar. E ainda achando bom.
Putz acabei de ler os comentários e vi que ta todo mundo na mesma que eu. Só n tive como tirar o dia de folga =S
Cade as fotos para ilustrar essa matéria? Que matéria bacana. Fiquei triste em perder este evento, fiquei feliz pelo manisfesto. Vamos transformar a nox em reduto do ROCK!
Valeu a pena ficar “ressacado” no trabalho pela noite de ontem!!!
YEAH!
Festa mais fudida desse ano!
Valeu rapaziada! Só manda foda, que orgulho!
só digo uma coisa: FUDEROSO.
Conseguir algumas imagens mais ou menos nítidas no meio do helter skelter de luzes, roqueiros e cataratas de whisky foi desafiador, mas algumas de fato saíram.
Borradas e esquisitonas, é verdade – mas nada representaria melhor a noite de ontem.
Em brevíssimo (sic) as postaremos no flickr do lumo coletivo, a saber:
http://www.flickr.com/photos/lumocoletivo
vida longa ao nox on the rocks, às bandas, e ao meu tímpano, que quase deu PT ontem.
Uma palavra: FUDERENGORGÁSTICO! Bom demais… É bom que a galera da NOX veja que deu muito certo e que mais venham por aí! RRRRRRRRRRRRRRRRRRROCK!
Foi massa. Mermão me fudi muito pra acordar hoje, de 7 da manhã!!! hhahahaha foi lasca. passei o dia na rua e to lascado aqui. Mas valeu, foi massa!
Porra ontem foi foda…. Pelo visto todo mundo acordou de ressaca…Que dor de cabeça do caralho eu acordei… A minha teoria é de que a cerveja clone lá da nox é daquelas que esquentou e resfriou….
bote fé expulsado, tem um gostinho estranho mesmo a cerveja!
hahahahah
um amigo meu fez esse mesmo comentário!
mas, quem se importa?! hahahah
3 pau 3 cervejas, ta limpeza!
ops…
3 pau, 2 cervejas.
;]
so valeu pela cerveja.
mermão
foi foda
e eu tava lá \o
NOITE FUDENDO!!!
AMP SHOW!!
FAÇO MINHAS PALAVARAS DE VOCES
Nicotine ..valium …vacodin…mariajuana
O pagode foi bom…..
É, a festa foi boa viu!!!
Quem fez parte dela ta orgulhoso!!!