Cobertura: Palestras do Grito Rock (primeiro dia)

Por Guilherme Moura em 27 de janeiro de 2009

Palestra 1 - Grito Rock Porto (Foto de Maíra Gamarra/Natuza Ferreira)

Começaram ontem as Palestras do Festival Grito Rock – Porto de Galinhas. Hoje, o tema será “Novas Diretrizes para a gestão Pública de Cultura” com Renato L (jornalista e secretário de Cultura do Recife), Lula Côrtes (músico e Diretor de Cultura de Jaboatão), Adriano Araújo (produtor cultural e advogado especializado em diretos autorais) e Márcia Souto (secretária de Patrimônio, Ciência, Cultura e Turismo da cidade de Olinda). Cheguem cedo porque vai lotar!

Sobre as palestras de ontem… Tinha bastante gente. Cheguei já no meio das palestras e fui mais pra ver o show da Ínsula. A minha bronca de um debate com 4 expositores é que tudo fica muito solto, sai muito fragmento (geração web 2.0!) sem muita conexão. Senti falta de um mediador, de imagens (parece que o notebook que levaram deu pau) e opiniões diferentes. Ahh… teve um consenso: “É brodagem ? Manda o estagiário fazer!.

Hoje tem mais…

Confira a cobertura oficial do Lumo Coletivo, escrita por Raphael Pinteiro:

Circuito de debates – primeiro dia – Identidade visual como ferramenta na produção cultural

O primeiro dia de debates do Grito Rock na Livraria Cultura teve como tema “Identidade visual como ferramenta na produção cultural” e trouxe para a mesa o designer gráfico, produtor cultural e professor da Aeso Léo Antunes, o designer e videomaker do coletivo TV Primavera Raul Luna, o publicitário e designer gráfico do estúdio Mooz Daniel Edmundson e o arquiteto, designer de montagens e artista plástico Diogo Todé, além da apresentação da banda Ínsula fechando a noite.

Cada debatedor mostrou seu ponto de vista – nem sempre concordantes – e sua experiência no próprio mercado. Iniciando o debate, Léo Antunes criou um paralelo entre o design e o mercado musical independente, levantando a questão de que, em ambos os casos, a questão do compromisso pelo desenvolvimento do mercado, trabalhando sem grana mas com liberdade criativa versus espera por um chamado remunerado e engessado ainda impera.

Complementando o pensamento de Antunes, Raul Luna abordou sua experiência na criação de clipes de baixíssima estrutura, como os trabalhos realizados por ele e seu coletivo para bandas como Mombojó, Parafusa, Superoutro e Mellotrons, todos com orçamentos que não passaram dos R$600. Defendeu também o espírito do Do It Yourself, tão comum aos coletivos: se falta dinheiro, sobra gente querendo fazer e somar. A famosa auto-produção, onde o que prevalece é a boa idéia, exemplificada pelo famoso palco 3 criado pela banda The Playboys.

Um ponto interessante que pareceu uníssono foi a dificuldade – ou impossibilidade atual – de se viver exclusivamente do mercado independente. Daniel Edmundson falou do início do Coquetel Molotov, em que o coletivo trabalhava exclusivamente com a indústria cultural e hoje essa fatia diminuiu consideravelmente. Em suas palavras “A gente tem que ganhar dinheiro, pagar contas…”. Edmundson também levantou a questão da chamada prostituição do mercado, onde designers lutam entre si para oferecer o preço mais baixo para o cliente, subvalorizando seu próprio trabalho e degradando sua profissão. Ressaltu que o importante é se mostrar ao cliente/banda o valor de uma boa identidade visual e seu retorno de marca, frizando o quanto é importante mostrar que o design faz parte do produto banda, já que esta não vende apenas música, vende também imagem. A identidade visual começa no estilo da banda, no palco, no repertorio, no DVD, e por isso é fundamental as bandas desenvolverem suas materiais, diversificar seus produtos. Intervindo Edmundson, Luna lança a pergunta que serve como explicação: porque vinil colorido vende mais que o preto? Pode pensar, que vem um monte de respostas junto.

Trazendo um contraponto rico à questão da criação de uma identidade visual própria, Diogo Todé revela o caos e a falta proposital de uma identidade em sua obra – sendo a falta dela também uma forma de identidade. Como forma de ilustrar o trabalho sem grana mas com criatividade, citou seu trabalho para a banda Backing Ballcats Barbies vocals, criando a cenografia com placas condenadas de rua e algumas roubadas mesmo, tudo com muita adesivação e um conceito sexualista, feminino, escrachado e rock n’roll. Sua experiência de dois anos em uma casa abandonada produzindo festas e criando arte com outras pessoas o ajudou no nascimento da mentalidade de baixo custo.

Do saldo final do debate, pode-se ressaltar a necessidade da criação de uma identidade própria, o valor do trabalho coletivo e o prazer de poder ser vanguardista com o mercado independente e o mesmo tempo poder desenvolvê-lo.

Durante todo o debate o auditório da Livraria Cultura esteve com todas as cadeiras ocupadas e ninguém saiu de lá depois do deslumbrante show da banda Ínsula, que fechou o primeiro ciclo de debates com chave de ouro.

Hoje tem mais e o debate promete.

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Fotos de Maíra Gamarra e Natuza Ferreira

fonte: http://lumocoletivo.blogspot.com

2 Comments

  1. Posted 28 de janeiro de 2009 at 8h24 | Permalink

    Muito Bom ressaltar a importância do apelo visual a banda, sempre apostei nisso, tanto em capas de discos ou cartazes , como figurino no palco. Agora ah de se lembrar, tem que ter som bom.. senão vai ser um Bro`z !

  2. Garibaldo
    Posted 4 de março de 2009 at 18h38 | Permalink

    Léo Antunes, Raul Luna e Daniel Edmunso pareciam mais estar fazendo uma defesa apaixonada do Capital e do Design que discutindo identidade visual. Tavam a fim de vender a sua mão-de-obra para as futuras bandinhas da cena é? Que triste, isso. Fico muito decepcionado com a fala deles tendo em vista que esse tema podia ser abordado de maneira diferente à “é bom procurar um bom designer para vender mais”.

    Diogo Todé não clareou muito a questão da identidade visual, mas pelo menos mostrou que nem tudo passa pela necessidade de se vender à “Indústria Cultural” (termo que para mim e Adorno são tão negativos e que para esse pessoal é sinônimo de conseguir ganhar dinheiro com a sua arte). Bem, coitado de Todé que teve que escutar tanta baboseira sem poder sair correndo…

    Parabenizo o Lumo pela iniciativa, mas po galera é possível uma outra perspectiva na produção cultural, tentem ver isso…

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