em 30/08/2003 por Hugo Montarroyos
Saà de casa desconfiado. Não vou mentir. Não achei o disco novo do Hanagorik, “The Caravan”, grande coisa. Ao contrário, achei fraquinho e oportunista, uma vez que a banda parece apostar todas as suas fichas no “bendito” nu metal. Mas, como bom profissional que sou, encarei a missão.
Cheguei no Dokas e de cara tive uma bela recepção. O Scarecrow, parecendo adivinhar meu pensamento, começou a tocar “Enter Sadman”, do Metallica, e pensei que a noite até que não seria das piores. Os caras ainda tocaram “Paranoid”, do Black Sabbath, e mostraram que, se ainda não possuem um repertório próprio suficiente para um show, tocam ótimos covers.
Depois foi a vez do Sickness fazer um show bem melhor do que o apresentado no PE no Rock. O único problema é o seguinte… o grupo devia mudar o nome para “Rayran e banda”. O moleque simplesmente sobra no palco. Seu tamanho (ele é franzino) é inversamente proporcional à sua capacidade vocal. Sem falar que o cara é carismático e sabe comandar o público. Só derrapou porque apelou novamente para o System of a Down (será que, em todo o planeta, eu sou o único ser vivo que não gosta desta banda?). Rayran, um conselho de amigo… largue tudo. Estudo, trabalho, planos de ser arquiteto ou quÃmico, e continue investindo na música. Você tem um puta futuro, apesar do gosto musical… hehe.
Agora, surpreso mesmo fiquei com Os Medonhos. no melhor estilo Mukeka di Rato, o vocalista Thiago Rabelo abriu o show proferindo as “sábias” palavras “somos apenas uma bandinha punk de merda de Boa Viagem”. Sinto muito, cara, mas não é mesmo. com quatro anos de bagagem, os malucos promoveram um verdadeiro curso intensivo de punk rock. A essa altura, o Dokas já possuÃa um bom público, que simplesmente chapou com a apresentação dos doidos. Só para ter uma idéia da dimensão da coisa, eles passaram o som com “Come as You Are”, do Nirvana, tocaram “A ordem”, do Câmbio Negro H.C., “Eu Sou um Verme”, do Garotos Podres, além de covers de Replicantes e Ramones. Isso sem falar no repertório da banda, que é muito bom. Além da presença de palco nota 10 e da insanidade que tomou conta do público, que não parou um minuto sequer de pogar e se esbaldar em moshs. Vou parar por aqui para não encher demais a bola dos caras.
Scream fez um puta show. Thrash Metal muito bem aceito pela platéia, que foi à loucura com a ótima “Scream” e com a versão de “Territory”, do Sepultura. O vocalista Charles tem um vocal gutural na medida certa para estourar os tÃmpanos alheios. Em uma palavra, a apresentação dos caras foi fuderosa!
Bem, ontem, devo admitir, levei um baita “tapa na cara” do Hanagorik. Já estava de saco cheio, com fome, e a última coisa que queria era ver a apresentação dos rapazes de Surubim. Mas, tenho que confessar, alguma coisa estava fora da ordem mundial… como pode, o mesmo repertório ser tão fraco em CD e tão potente ao vivo? Todas as porradas do novo álbum (“Children of Filfth”, “Spit Fire”, “The Silence”, “Away to Freedom”) foram perfeitas.
Naquele momento entendi que o Hanagorik não produziu um disco, e sim, um show. Performance perfeita, histeria coletiva, um tremendo time de bons músicos e um vocalista que parece receber um espÃrito do inferno quando está em cena. Foi o melhor show que vi no ano, tão insano que parecia um culto da Igreja Universal do Reino de Deus. Ainda por cima, fecharam com “Refuse-Resist”, do Sepultura. Impecável. Mesmo quando tocaram o insuportável System of a Down.
Um conselho. Não se engane com o disco. Continuo com a mesma opinião. O CD é bem inferior ao que a banda tem capacidade de produzir. Já o repertório ao vivo, meu amigo, é de calar a boca de qualquer crÃtico pentelho.
Clique na foto abaixo para abrir a PopUp com as fotos do Hanagorik – Show de Lançamento do Disco ‘The Caravan’:

Links:
» Os Medonhos no RecifeRock
» Hanagorik no RecifeRock
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