A Europa É Mais Perto Que São Paulo? – Parte 2

Por Hugo Montarroyos em 31 de março de 2004

Hanagorik (Divulgação)

em 31/03/2004 por Hugo Montarroyos

Por razões óbvias (cantar em inglês e ser uma banda de metal) o Hanagorik já possui um nome forte na Europa. Estranho mesmo é o fato deles ainda não serem conhecidos no Sul/Sudeste do Brasil. Passei um e-mail para os caras, que foi gentilmente respondido pelo guitarrista Tuca, que explicou em detalhes as razões de tal fenômeno.

Por que o Hanagorik consegue emplacar shows na Europa e ainda não é conhecido no eixo Rio-São Paulo ?

Acho que isso aconteceu pelo fato de à quatro anos atrás termos priorizado a Europa ,em 2000 tínhamos duas opções : Ir para o sul ou pra Europa, preferimos a segunda opção e isso fez com que hoje tenhamos mais contatos lá do que no Rio ou Sampa, mas com certeza estamos muito afim de tocar no sul basta aparecer uma boa oportunidade.

É mais vantajoso para a banda explorar o mercado europeu, que é mais organizado e paga numa moeda forte, do que tentar a sorte no Sudeste do Brasil ?

O mercado europeu tem as suas vantagens como por exemplo o extremo profissionalismo desde o cara que pilota a mesa de som até o roadie que enrola os cabos no palco,mas a questão da grana é relativo pois você ganha legal, mas também gasta muito pois o custo de vida lá é realmente alto.

Quais são as vantagens e desvantagens de ser mais conhecido lá fora do que no Brasil ?

A vantagem em relação ao nosso caso é que cantando em inglês com certeza a aceitação lá fora é bem melhor e você tem a oportunidade de expandir sua música para o resto do mundo, a desvantagem é que evidentemente todo artista sonha em ser reconhecido em sua terra natal, mas como a maior parte do tempo estamos trabalhando lá fora fica realmente complicado.

Falta maior profissionalismo por parte da mídia e dos produtores no Brasil ?

Eu acho que tem melhorado muito nos últimos anos. Hoje você pode tocar em grandes festivais como o Abril Pro Rock (Recife), o MADA (Natal), o Porão do Rock (Brasília) que te oferecem uma estrutura realmente profissional e mesmo nos shows mais underground a galera está conseguindo se profissionalizar como foi quando tocamos no último sábado e ficamos muito satisfeitos com a produção da Soul Peixe que deu show de bola, mas o grande problema do Brasil é realmente a sua economia que acaba impossibilitando um monte de coisas que poderiam rolar e que não rolam por falta de apoio e vontade por parte dos orgãos oficiais.quanto a mídia, a oficial continua recebendo jabá das gravadoras e só tocando o que elas querem ,acho que o grande canal agora são as rádios comunitárias, imprensa underground e a internet.

Rio de Janeiro e São Paulo já não são mercados tão importantes como eram na década passada?

Acho que o que houve graças a Deus foi uma descentralização em termos das pessoas abrirem mais a cabeça para a produção cultural no país fora do eixo Rio/São Paulo, isso se deve principalmente a Internet, ao contrário dos anos 80 onde só se ouvia o Rio, Sampa e Brasília, hoje um carinha lá do Amazonas pode se fazer notar assim como foi com o mangue beat ou a turma lá de Alagoas e assim por diante, hoje em dia acabou aquela coisa de ter de viajar para o eixo Rio/São Paulo para gravar um disco e aparecer, hoje temos estúdios caseiros e para aparecer tem a internet.

É isso, valeu! Se quiserem acrescentar alguma coisa, o espaço é de vocês!

Nós agradecemos o espaço e a todos nossos fãs, bandas, amigos e colaboradores porque são pessoas como vocês que possibilitam que bandas como o Hanagorik continuem sua jornada.

Um forte abraço, saúde e paz.

Assim como o Hanagorik, outro que entende de estrada é Silvério Pessoa. no próximo domingo você confere a entrevista que fizemos com Silvério, onde ele compara os mercados nacional e europeu e dá uma aula de antropologia. Fique esperto!

Links:
» Hanagorik no RecifeRock

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