
em 29/04/2004 por Hugo Montarroyos
Poucas vezes na vida tive a satisfação de entrevistar alguém tão gente boa quanto Pitty. Continuo sem gostar do som dela, mas, depois da conversa franca que tivemos, deixei de ser tão ranheta em relação à garota. Confira abaixo a entrevista, onde ela contou as peripécias de seus dez anos de peregrinação na música.
RecifeRock – Ano passado, quando você tocou aqui, você já imaginava todo o estouro que você teria ?
Pitty – Não (risos). A gente lançou o disco muito despretensiosamente. Óbvio que quando você lança um disco você quer que ele aconteça. Mas eu não imaginava que ia ser dessa forma, que iria gerar tanta curiosidade, que as pessoas ficaria tão ávidas pelo nosso trabalho. Foi bacana, cara. Esse ano foi de muito trampo, muita ralação. São sementes que estão dando frutos.
RecifeRock – Quanto do seu sucesso você credita ao Abril pro Rock ?
Pitty – Pô, ano passado a gente teve oportunidade de tocar aqui pra muita gente que ainda não conhecia nosso trabalho. O Abril pro Rock é uma vitrine muito bacana. Fora a troca de informação, né ? Eu conheci uma galera daqui ano passado, galera de zine, de TV alternativa…Todos esses meios de divulgação foram muito importantes depois.
RecifeRock – Como foi a participação no disco da Devotos ?
Pitty – Foi massa ! Era uma música legal, que eu me identificava. E eles queriam uma voz feminina. Casou tudo, foi bacana.
RecifeRock – É essa música que vocês vão tocar juntos hoje ?
Pitty – Não, a gente vai tocar outra, do Bad Brains, que a gente se amarra. Vamos fazer umas viagens…
RecifeRock – Desculpa, mas é uma curiosidade minha… como é que você, sendo tão nova, e tendo conquistado um sucesso tão avassalador, ainda não deslumbrou ?
Pitty – Não tem o que deslumbrar não, cara (risos). Não tem não, velho. Eu já vivo esse lance de banda há muito tempo, sacou ? Eu tive o Inkoma durante vários anos. Já tive na cena underground de Salvador durante um bom tempo…Te garanto, não tem motivo para deslumbrar…A gente só tá fazendo o que a gente gosta de fazer. Não existe nada além da importância da música. Acho que talvez essa galera que se deslumbra esteja preocupada com outras coisas que não seja a música, a arte, a mensagem, tá preocupada com outras coisas que estão longe do meu foco de atenção.
RecifeRock – Há quanto tempo você está conseguindo viver só de música ?
Pitty – Viver mesmo…Há um ano ! (risos)
RecifeRock – Depois de quanto tempo de trabalho ?
Pitty – Depois de dez anos investindo ! Depois de dez anos injetando, eu já consigo pagar minhas contas…
RecifeRock – Você fazia o quê antes ?
Pitty – Fazia tudo, cara ! Já fui vendedora de sanduíche natural na praia. Já fui garçonete de boteco. Fazia tudo para poder sobreviver e manter o ensaio nos finais de semana, que era o que eu gostava de fazer. Mas eu não sou melhor do que ninguém por causa disso porque todo mundo que tem banda vive assim, sacou ? Infelizmente as coisas rolam desse jeito mesmo.
RecifeRock – Você tem algum tempo livre pra compor ? Como está o andamento do segundo disco ?
Pitty – Já estou compondo algumas coisas Mas antes de compor eu pretendo dar uma parada para concentrar. O DVD sai no meio do ano e o disco novo deve sair no comecinho de 2005.
Links:
» Site da Pitty
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