3o Campeonato de Arroto

Por Hugo Montarroyos em 11 de junho de 2004

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3o CAMPEONATO DE ARROTO
data: 11/06/2004 (Sexta) – local: Dokas
com Decomposed God, Os Cachorros, Nor-K, Pecapta, Shark Attack, Democratas, Compulsivo HC, Rabujos e Vortex.
Resenha por Hugo Montarroyos – Fotos por Bruno Negaum

Lúcia Diabinha fatura 3º Campeonato de Arroto
em 11/06/2004 por Hugo Montarroyos

Só o cenário metal/hardcore para proporcionar momentos como os que foram vividos no Dokas. Tá legal, o lugar não lotou, confesso! Mas depois do disputado embate estomacal que vi, fiquei me perguntando: precisava lotar? Acho que a próxima edição, sem dúvida, terá mais gente…

Olha só que fenômeno sociológico: um campeonato de arroto onde tatuados desfrutam de ingressos promocionais, contando em seu cast com bandas de hardcore e death metal. E, lógico, um monte de gente arrotando. Poucas vezes na vida ri tanto… Coincidentemente, a coca-cola que tomei no local estava quente. Gostaria de saber se isso fazia parte do treinamento dos atletas.

Comecemos pela parte musical. Perdemos os shows do Rabujos e Compulsivo HC.

A maior constatação que pude tirar ontem é a seguinte: o tempo realmente faz muito bem a determinadas bandas. Que o diga o Vortex. Tinha visto o show do trio no PE no Rock 2002, e gostei bastante. Mas achei a apresentação no Dokas ainda melhor. O Vortex ganhou em maturidade, peso, punch e etc. Prova disso foi a ótima “Vida prostituta” . Bom show, embora recebido friamente pela platéia que, sentada, aguardava bandas mais pesadas.

Outra banda que cresceu foi o Democratas. Mostrou uma sonoridade mais consistente, mas, na essência, continua sendo hardcore melódico. Se bem que ainda existe salvação. O problema mesmo foi a incoerência textual do vocalista Infa. Começou dizendo que era muito bom tocar numa noite repleta de bandas de hardcore dos mais variados estilos. Depois, provavelmente chateado com a indiferença do público, disse palavras pouco elogiáveis às bandas que utilizam vocal gutural. Não deu outra: no final do show, o baterista do Vortex, Bruno Bacalhau, foi tentar agredir Infa. Teve que ser contido à força. Lamentável, de “ambas as partes”.

Agora, se existe um grupo que evolui este atende pelo nome de Shark Attack. Apesar da platéia fria, que literalmente estava se poupando para arrotar e pogar, os caras fizeram um show perfeito. Bem melhor que o do último PE no Rock (que já tinha sido muito bom, diga-se). O peso redondo de “Sertão” foi de encher os olhos (e ouvidos). Assim como a ótima “CPI” . Enfim, uma banda que sabe misturar na medida certa o peso seco do hardcore com o balanço do funk e do rap, numa mistura batida, é verdade, mas que é feita com muita competência e até originalidade pelo Shark Attack.

Até quando vão ignorar o Pecapta ? Quando é que finalmente algum produtor vai perceber o quão a banda é boa para participar de um festival de ponta, tipo Abril pro Rock ? Foi o primeiro grupo da noite a fazer com que o público desgrudasse a bunda do chão para entrar no pogo. Rodrigo Colaço possui um vocal monstruoso. E, definitivamente, o Pecapta me provou que é possível fazer bom trash metal em português. Entre os bons momentos da banda, destaque para “Inferno” e “Tumulto” , ambas dedicadas ao falecido Ray Charles.

Continuo achando o Nor-k uma das bandas mais interessantes de Pernambuco. A mistura de death metal com hip hop traz resultados pra lá de originais. Engraçado ver a reação da platéia, que fica sem saber como agir diante da sonoridade monstra dos caras. Perderam o ótimo DJ Morcego, que saiu da banda, mas mostraram que ainda têm garra.

Mas o melhor da noite mesmo foi o embate gastrintestinal. A começar pelo aquecimento. Umas cinco pessoas no palco mostrando todo seu talento e desenvoltura na arte de arrotar. Cada arroto melhor e mais gutural que o outro. Ao final da primeira seletiva, foram selecionados alguns dos principais concorrentes. O mais impressionante foi que os arrotos agitaram mais a galera do que qualquer banda da noite. Teve de tudo: desde o estilo “vou vomitar”, até o clássico “boa noite”. Sem falar naqueles arrotos que, de tão pesados e bem ensaiados, parecem até o bom e velho flato.

Destaques da disputa: Mathias, que, além de arrotar, é guitarrista do Zôikitá. Ficou com o segundo lugar. A campeã foi a baixinha Lúcia Diabinha, que, com apenas 14 anos, arrota melhor e mais alto do que muito pai de família. Impressionante como cada arroto dela era prolongado, numa demonstração de técnica ímpar. A cada arroto da garota, a galera ia ao delírio (literalmente). Foi aclamada pela galera como campeã. Imagino a menina chegando em casa e mostrando o troféu: “Mãe, ganhei o campeonato de arroto!”.

Parabéns, Ajax! Impagável. Se fosse professor de sociologia, mandaria meus alunos fazerem um relatório sobre o evento.

Depois do combate emocionante entrou em cena o Decomposed God. Muitos anos de estrada dá nisso mesmo: produção perfeita, técnica apurada, death metal muito bem tocado, por gente que manja do assunto e parece viver para se dedicar ao gênero. Zarpamos antes de terminar o Decomposed e antes de começar Os Cachorros. Já era alta madrugada. E fiquei com a sensação de que já tinha visto o melhor da noite; os arrotos. Que me perdoem as bandas.

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Links:
» Os Cachorros no RecifeRock
» Pecapta no RecifeRock
» Nor-K no RecifeRock

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