Cabeça Elétrica Coração Acústico

Por Hugo Montarroyos em 6 de novembro de 2005

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CABEÇA ELÉTRICA CORAÇÃO ACÚSTICO
data: 05/11/2005 (Sábado) – local: Teatro Santa Isabel
com Silvério Pessoa
Resenha por Hugo Montarroyos – Fotos por Bruno Negaum

Silvério Pessoa emoldura passado em formato futurista…
em 05/11/2005 por Hugo Montarroyos

Silvério Pessoa trilhou um dos caminhos mais interessantes da recente história da música popular brasileira. Nascido e criado em Carpina, assimilou desde guri os ritmos locais, a herança da obra de Jackson do Pandeiro e o amor pelo forró. Antenado com o que acontecia ao redor do mundo, se apaixonou pela intensidade sonora e pelo discurso político de bandas como The Clash e Sex Pistols. Só poderia dar no que deu: um “forrozeiro” de alma roqueira, alguém que subverte respeitosamente frevos, cirandas e maracatus, embalando-os em formato muito mais roqueiro e vigoroso do que muita bandinha “punk” por aí.

O Teatro de Santa Isabel foi o local ideal para o lançamento e gravação do DVD do show de “Cabeça Elétrica, Coração Acústico”. Quase lotado, com uma acústica perfeita e bonito como um dos poucos do Brasil, o teatro foi testemunha de uma apresentação sem falhas, artisticamente completa e, sobretudo, comovente. O disco, que já é genial por si só, fica ainda melhor ao vivo. Após a vinheta sonora de “Os Bodes no Espaço”, Silvério Pessoa e banda (12 pessoas) entram em cena e atacam com o sincretismo da esperta “Seu Antônio”, emendada por “Cipó de Goiabeira”, uma espécie de repente-rock. À frente de seu grupo, tendo ao seu lado um microfone e um programador de voz, Silvério parecia não precisar de mais nada. Tomava conta do palco com seu carisma, dançando, cantando, recitando. Enfim, características que no mundo do rock costumamos chamar de “atitude”.

“Alto que Só”, outra do novo álbum, é rock em sua essência, apesar de combinar elementos diversificados como forró, chorinho e demais ritmos brasileiros. Mas, sinceramente, se aquele azougue sonoro produzido por Silvério e seus músicos no palco não for rock, confesso que não entendo mais nada de nada…Basta dizer que a música provocou gritos e assobios ensandecidos de boa parte da comportada platéia do teatro.

Outra que produziu reação acalorada da platéia foi a bonita “Nas Terras da Gente”. Teve gente com os ânimos mais exaltados que chegou a dizer que tal canção deveria ser hino de Pernambuco. Exageros à parte, trata-se de uma música que sintetiza bem a proposta de Silvério: exaltar as particularidades regionais munido de referências universais. A dobradinha formada por “Vendedor de Amendoim” e “A Mulher de Mané Amaro”, ambas dos tempos do Cascabulho, sacudiu o teatro como poucas bandas de rock seriam capazes de fazer.

A embolada eletrônica “Na Boléia da Toyota” foi a despedida perfeita para uma apresentação idem. Silvério faz da ousadia sua marca registrada. Eletrifica Jackson do Pandeiro sem dó nem piedade. E, podem acreditar, poucas coisas no mundo são tão punks quanto a obra de Jackson.

Para um crítico de música, pior do que cair na praga de achar defeito em tudo é entrar na armadilha do deslumbramento, do elogio fácil, da fascinação. Bem, no caso de Silvério Pessoa é difícil, para não dizer impossível, não ser vítima do segundo caso. Em todo caso, vá ao show de Silvério e escute seu disco. Num mundo mais justo e menos dependente da mídia, eles, show e álbum, falariam por si só e não precisariam da “tradução” de um reles crítico de música…

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Links:
» Silvério Pessoa no RecifeRock

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