![]() LANÇAMENTO DO ‘FUTURA’ data: 07/12/2005 (Quarta) – local: Clube Português com Nação Zumbi Resenha por Hugo Montarroyos – Fotos por Bruno Negaum |
em 07/12/2005 por Hugo Montarroyos
Clube Português do Recife, setembro de 1996. Em noite de casa cheia, mas não lotada, Chico Science e Nação Zumbi fazem um show antológico. Assim que abrem a apresentação com “Mateus Enter”, umas dez pessoas invadem o palco. Chico, escolado que era, pediu para o pessoal sair dali, pois daquele jeito não teria condições de dar prosseguimento ao show. E foi atendido. Ninguém sabia (nem a Mãe Dinah) que aquele seria o último show de Chico Science no Recife.
Corta para o mesmo Clube Português. Quase dez anos depois, o imponderável resolveu tomar conta do local. Uma banda ainda mais coesa e madura, com um repertório tão bom ou melhor quanto o da época de Chico, faz o show de lançamento de “Futura”, novo álbum da Nação Zumbi. E, espanto maior, o público presente é numericamente bem superior ao daquela noite distante de 96.
Agora, sensacional mesmo foi encontrar com gente (e bota gente nisso!) que estava naquela apresentação. E presenciar como o público da Nação rejuvenesceu e ficou diversificado, atingindo todas as classes sociais.
“Futura”, álbum que foi recebido com festa pela crÃtica e certa desconfiança pelo público, teria, enfim, o seu primeiro teste em terra natal. E, acredite, ao vivo o repertório do novo Cd é ainda mais surpreendente do que em disco.
“Hoje, Amanhã e Depois” abriu o show e foi a senha do que estaria por vir: um repertório cheio de novas texturas e tecnologias, dialogando com o tribalismo da percussão e da guitarra envenenada de Lúcio Maia. Na seqüência, “Na Hora de Ir” deixou claro que o grupo estava disposto a testar as músicas de “Futura”. Só depois é que veio “Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada”, a primeira explosão popular da noite, seguida da também nova “Memorando”. Prova de coragem; das quatro primeiras músicas, três eram do material novo.
Antes de tocar “Blunt of Judah”, Lúcio Maia resolve fazer um desabafo. Acusa a mÃdia de estar a serviço da direita. Cita a revista “Veja” e o jornal “Folha de São Paulo” como porta-vozes da oposição direitista. E aconselha o povo a ler a revista “Carta Capital” (coisa que este repórter endossa) para não ficar cada dia mais burro e alienado. Desabafo feito, recado dado, e temos a segunda explosão da noite, com a própria “Blunt…” Vem então uma sessão nostálgica com “Rios, Pontes e Overdrives”, “Cidadão do Mundo” e “Risoflora”, as duas últimas intercaladas por “A Ilha”, outra nova que funcionou muito bem ao vivo.
Após uma ameaça de estouro carnavalesco com “Mormaço”, eis que o ápice do show vem justamente com “Quando a Maré Encher”, de Fábio Trummer, do Eddie. A banda faz uma pequena pausa para o bis. Em seguida, toca a chatinha (única bola fora da noite) “Ogan de Bellê”. Mas a sorte do grupo era tamanha que, durante a execução da enfadonha canção, uma menina sobe ao palco para cantar junto de Toca Ogan. Era o tempero que faltava para a dita cuja (a música, não a menina) empolgar. Emendam com “Um Passeio no Mundo Livre” e “Manguetown”. Nova pausa para um pequeno descanso e o grupo volta para encerrar o show com “Da Lama ao Caos”.
E foi o suficiente para perceber que estamos diante da melhor banda do Brasil, dona de um repertório cosmopolita e de uma ousadia de deixar programadores de rádio de cabelos em pé. “Futura”, o disco, não tem nenhum hit em potencial. E, ainda assim, é um baita álbum, tanto no CD-Player como ao vivo. E, antes que me chamem de bairrista, é bom deixar claro que este texto está sendo escrito por um paulistano da gema. “Futura” é o futuro. E pesa uma tonelada. Quem estava presente no Clube Português sabe disso…
Clique na foto abaixo para abrir a PopUp com as fotos do lançamento do “Futura”:

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