Abril Pro Rock 2006 (Segundo Dia)

Por Recife Rock! em 23 de abril de 2006

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ABRIL PRO ROCK 2006 (SEGUNDO DIA)
data: 22/04/2006 (Sábado) – local: Pavilhão do Centro de Convenções
com Angra (SP), Atrocity (Alemanha), Leave’s Eyes (Alemanha), Forgotten Boys (SP), Cólera (SP), Lou (BA), Terra Prima (PE), Ungodly (BA) e Medulla (RJ)
Resenha por Bruno Arrais (palco 1) e Tiago Barros (palco 2) – Fotos por Bruno Negaum e Guilherme Moura

em 22/04/2006 por Bruno Arrais (palco 1) e Tiago Barros (palco 2)

PALCO 1

Por Bruno Arrais

Forgotten Boys

FORGOTTEN BOYS

Os paulistas do Forgotten Boys foram o primeiro grupo a se apresentar no palco principal nesta noite. Já abriram a apresentação chutando o pau da barraca com o rockão garageiro “Stand By The D.A.N.C.E. ”, faixa que dá título ao novo álbum da banda.. Desta vez a banda se mostrou muito mais segura no palco do que em 2004, quando tocaram pela primeira vez no Recife, também no APR. De lá para cá a banda fez muitos shows, trocou de baixista e passou a compor também em português e lançou mais um álbum cheio. Foi esse Forgotten Boys, mais maduro, que veio se apresentar para um público maior e mais familiarizado com a banda. Resultado: um ótimo show, com boa participação da platéia. Desde o início eles conseguiram levantar uma boa parcela do público do APR, composto principalmente de metaleiros, conseguindo até mesmo a formação de uma grande roda de pogo em frente ao palco Os pontos altos da apresentação foram a execução do Hit absoluto, “Cumm On”, com direito a palmas e todo mundo batendo seus pés, e de “Watching Over”, rock garageiro de primeira qualidade que conseguiu fazer as pessoas baterem palminhas junto com a banda.

Cólera

CÓLERA

A segunda banda a tocar no Palco 1 foi o Cólera, também de São Paulo. Eles fizeram uma apresentação empolgada, mas pouco empolgante. Não é que tenham feito uma apresentação ruim, muito pelo contrário, tocaram muito bem e esbanjaram energia e sinceridade em seu show. O que acontece na verdade é que o som deles, o típico punk rock oitentista paulista, é muito repetitivo e, apesar da temática das letras ainda ser muito atual, o instrumental soa datado. A apresentação funcionou muito bem para os punk-rockers, que durante todo o show cantaram, pularam e bateram-se na roda de pogo enorme que se formou, mas não agregou adeptos entre a grande massa metaleira que dominava o pavilhão do centro de convenções. O show foi um desfile de alguns dos maiores hinos do punk rock nacional e marca a volta da banda aos palcos do país, após o lançamento de um box com todos os discos da banda relançados, preparando-se para o lançamento de um novo album. O grande momento foi quando os tiozões tocaram “Pela Paz em Todo Mundo”, levando seus fãs ao delírio.

Atrocity

ATROCITY

Os alemães do Atrocity têm mais de 20 anos de estrada, mas vieram a Recife pela primeira vez se apresentar no Abril Pro Rock. Eles subiram ao palco às 21h40, tocando seu típico Death Metal com influências de Gothic Metal e Industrial, e durante os 50 minutos de duração do show, brindaram o público do festival com um set list de muito peso, baseado principalmente no novo álbum da banda, Atlantis, sem deixar de lado alguns velhos clássicos, é claro. no palco os integrantes da banda, em especial o vocalista Alexander Krull, esbanjaram profissionalismo – é importante que se diga que mesmo após a morte de um familiar de Alexander, eles não desistiram de cumprir com a programação da tour pelo Brasil – e presença de palco. Além disso, a interação com o público foi espetacular. A todo momento Alex agradecia a platéia pela ótima recepção e instigava-os a cantarem, gritarem, baterem palmas e pularem, ao que a platéia obedecia prontamente. Ponto alto, no bis quando Liv Kristine dividiu os vocais com Alex Krull e cantaram junto com toda a platéia o megahit dos anos oitenta, Shout, do Tears for Fears. Esta foi seguramente a melhor apresentação da noite, tanto da parte da banda, que agiu de maneira impecável sobre o palco, agradando o público, como deste último, que o tempo todo se manteve empolgado e interagiu bastante com a banda.

Leaves' Eyes

LEAVES’ EYES

Conhecido como “a banda de Liv Kristine, ex-vocalista da banda de gothic metal Theatre of Tragedy”, o Leaves’ Eyes é na verdade uma versão do Atrocity, em que a cantora Liv Kristine assume o papel de vocalista principal e Alexander Krull passa a atuar apenas como backing vocal e programador de efeitos eletrônicos. Parece até algum tipo de armação, não é? Bem, na verdade o que se ouve ao vivo acaba com essa impressão instantaneamente. O Leaves’ Eyes é realmente outra banda, apesar de dividir com o Atrocity seu lineup. Liv Kristine conseguiu imprimir sua marca característica no som desta banda. Para mim, que ainda não conhecia, foi uma surpresa mais que grata. Pensava que ia me deparar com uma cópia esmaecida do Theatre of Tragedy e o que vi na verdade foi uma banda espetacular, que lembra sim o ToT, mas, mais que isso, nos dá uma idéia do que eles poderiam ter-se tornado se não tivessem se desviado em direção à música eletrônica. Foi uma ótima apresentação e a presença de Liv no palco do APR deixou provocou grande furor entre os metaleiros, que soltavam beijos para a musa enquanto cantavam, pulavam e batiam palmas. Em aproximadamente 50 minutos de show, a banda tocou canções de seus dois álbuns e nenhuma do Theatre of Tragedy, para infelicidade dos velhos fãs. Sinceramente, não fez falta alguma. Os melhores momentos do show foram durante a canção pesada “Ocean´s Way”, a belíssima balada “Into Your Eyes”, a apresentação em primeira mão de uma música nova, “Legend Land”, que deve puxar o próximo EP da banda, e “Temptation”, outra ótima música, com participação de Alex Krull.

Leave´s Eyes

ANGRA

O Angra voltou mais uma vez ao Recife com seu novo álbum: “Temple of Shadows”. E foi nas músicas deste disco que se baseou o set list desta apresentação, sem deixar de fora os grandes clássicos, claro. A banda era a mais esperada da noite e antes que subissem ao palco, o público clamou por ela. Mas o entusiasmo diminuiu bastante passadas as primeiras músicas e mais e mais ao longo de todo o show. Não era para menos, afinal o Angra abriu sua apresentação à 00h35, depois de sete outras bandas terem se apresentado. Mas isso não é um demérito, apenas uma constatação. A banda, como de costume, esbanjou técnica e brindou seu público com heavy metal melódico com todos os seus clichês, para satisfazê-lo plenamente. Os melhores momentos do show se deram quando a banda tocou os clássicos dos tempos de André Matos, melhor fase da banda, como Carry On – em que Edu passa a bola discretamente para o público, afinal não é todo mundo que consegue alcançar aquelas notas – e Nothing To Say. Boa apresentação, que certamente agradou a platéia, que apesar de bastante cansada se manteve cantando o tempo todo e vibrou a cada música.

PALCO 2

Por Tiago Barros

Lou

Quem teve a ingrata função de abrir a noite foi a banda baiana Lou. Ingrata porque, como bem sabemos, qualquer banda que abre um festival, seja ele de pequeno ou médio porte, sofre com duas broncas bem específicas: pouco público e som invariavelmente mal equalizado, somando o fato que a já conhecida terrível acústica do centro de convenções só ajudou a potencializar o segundo problema. Esses fatores técnicos foram bem prejudiciais para a apresentação do Lou, já que a banda é afeita ao uso de afinações graves do new metal. Por falar em new metal, o grupo baiano, formado por quatro garotas na linha de frente e mais um marmanjo na batera, lembra bastante o Kittie, grupo americano tb formado por mulheres. Em alguns momentos, eles parecem abusar um pouco da mesma fórmula nas suas composições e em alguns momentos a apresentação ficou meio cansativa, o que é até de certa forma preocupante, dado o pouco tempo que tiveram para perfazer seu show. no mais, fizeram um show bem correto que conseguiu cativar a ainda reduzida platéia presente, apesar do som do palco 2 não ter dado muitos sinais de ajuda. Um detalhe a ser salientado; em nenhum momento, pasmem, foi desferido qualquer grito de “gostosa” direcionado as meninas, coisa rara de acontecer por aqui quando rola bandas com garotas. E olha que todas eram bem… errr…visualmente interessantes.

Medulla

Liderada pelos performáticos gêmeos Raony e Keops, a Medulla foi a segunda atração do palco 2. Ganharam a platéia no ato pela empolgação e boa presença de palco. A banda que acompanha a molecada (os 2 tem apenas 18 anos) é bem azeitada e soa como uma perfeita amálgama de Planet Hemp e Linkin Park, ou seja, fizeram a festa da molecada fã desse estilo presente no recinto. Em alguns momentos eu procurei o Falcão do Rappa no palco, tamanha era a semelhança da voz deles com o referido cantor. Fizeram uma interessante releitura de “O Velho“, de Chico Buarque, e uma bem ruinzinha de “Manic Depression” de Jimi Hendrix, mas chamaram a atenção mesmo com suas canções própias, muitas delas cantadas por uma boa parte da platéia. O que uma boa exposição via MTV não é capaz de proporcionar, né verdade?

Terra Prima

A única banda pernambucana do dia, o Terra Prima teve uma recepção digna de uma headliner. Foi realmente de se impressionar a reação do público, que aclamou a rapaziada como se estivesse em frente da principal atração da noite. Mas e agora? O que mais vou acrescentar aqui? Que os caras tocam pra caralho? Que possuem uma performance de palco bem coerente com o estilo que resolverem seguir? Que a camisa do vocalista Daniel usou antes da troca de era bem mais estilosa que aquela que ele colocou depois? Que eu acho que o Metal Melódico é a décima primeira praga do Egito que chegou tardiamente e migrou para o resto do mundo? Ops, acho que essa última não era para eu ter soltado não. Revelações bombásticas à parte, não há como negar que o Terra Prima fez um belo show, mostrando uma segurança e domínio de palco que não correspondia com a condição de banda estreante no APR. Eu teria que ser escroto ao quadrado para deixar de relevar toda uma série de fatores que levaram a apresentação dos caras serem um dos destaques da noite. Não que eu não seja, mas estou aqui me esforçando para equacionar isso. Fecharam o show com um medleyzinho do Kiss e foram pra galera sem ressalvas.

Ungodly

Agora se teve uma banda que fez valer a presença do metal extremo nesse dia, essa foi o Ungodly. E nem me venha com “ah, mas e o Atrocity?”, porque essa teve momentos atmosféricos e caídas para sonoridades industriais no estilo Rammstein até demais. Já com o Ungodly a madeira comeu no centro de forma violenta e brutal do início ao fim. O Death Metal de temática capetística numa veia totalmente Morbid Angel/Deicide da banda baiana poderia até resvalar facilmente no caricatural, mas havia uma aura de malevolência palpável exalando naquele momento. Tenho que assumir que fiquei com medo do Ungodly. Nem os gritos de “boa noite, headbangers?” (po, o que aconteceu com o velho “e aí galera?”) dados pelo vocalista Arnald Amoodéeus deixaram as coisas menos atemorizantes. A banda instrumentalmente é excelente, mas não há como não destacar a performance do baixista Joel Moncorvo que simplesmente debulhou o seu baixo de 6 cordas lembrando bastante o estilo do Steve Digiorgio, baixista que tocou em bandas clássicas do metal extremado como Death, Sadus, entre outras. Terminaram o show de uma forma meio atrapalhada, (os outros músicos estavam saindo do palco quando vocalista voltou anunciando mais uma música), mas o retorno foi por uma causa justíssima: tocar “War Ensemble” do eternamente fodástico Slayer e fazer a galera cantar o refrão em uníssosso. Provavelmente eu tb estaria berrando em plenos pulmões caso não estivesse a trabalho por lá. Pois é, o mundo nunca foi um lugar justo mesmo!

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