FESTIVAL DE JAZZ 2006 (SEGUNDO DIA) data: 20/08/2006 (Domingo) – local: Teatro Santa Izabel com The Perfect Gentleman (EUA) e Ray Gelato (Suiça) Resenha por Hugo Montarroyos – Fotos por Divulgação |
Jazz dos anos 50 dá a tônica da segunda noite de festival
em 20/08/2006 por Hugo Montarroyos
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Jazz dos anos 50 dá a tônica da segunda noite de festival
O segundo dia do Festival de Jazz 2006 acabou recebendo um público bem mais modesto em relação ao do dia anterior. Ainda assim, mais da metade da lotação do teatro foi ocupada. A surpresa foi constatar a presença de um público mais novo, bem jovem e que certamente não era formado por iniciados em jazz. A maioria ali queria aprender, parecia sedenta de novidade e, mais bacana ainda, pôde constatar in loco que não é preciso ser expert no assunto para se divertir um bocado em um show de jazz. Sim, porque o jazz não foi feito apenas para ser escutado tomando uísque importado e bancando o intelectual sofisticado. As atrações da noite, o quarteto vocal americano The Perfect Gentleman e o saxofonista suíço Ray Gelato provaram que o jazz pode ser (como de fato é) popular.
Desconhecidos por aqui, os senhores do The Perfect Gentleman são celebridades nos Estados Unidos. Não à toa, já emprestaram suas vozes para Os Simpsons, apareceram no seriado Plantão Médico e cantaram ao lado de Neil Diamond, Rockpella, Johnny Carson e Bill Crosby. Vendo-os ao vivo percebe-se o porquê de tamanho auê. Extremamente talentosos, utilizam apenas uma viola como instrumento de acompanhamento para suas vozes. Simpáticos, começam o show cantando e caminhando em meio ao público, cumprimentando-o e começando assim a ganhar a afeição da platéia. Depois conseguem algo ainda mais raro: provar que o humor americano não é imbecil. Aí entra uma questão difícil: não sabemos se eles usam a música para fazer humor ou se utilizam o humor para fazer música. O fato é que fazem um passeio de um século pela história da música americana, desde a negra rural do início do século passado, passando pelo blues, rock, disco, tecnopunk e hip hop. O final não poderia ser diferente: chuva de aplausos.
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Depois foi a vez do melhor show do Festival de Jazz 2006. O saxofonista Ray Gelato mostrou como o jazz pode soar pesado e intenso. Amparado por uma banda que incluía piano, bateria, baixo, trombone, trompete e sax em sua formação, Ray colocou fácil todo o teatro para dançar. Mostrou que o jazz pode ser virtuoso sem cair nas armadilhas da chatice masturbatória que tanto inferniza o gênero. Econômico e direto, travou pequenos solos de sax, cantou, dançou, se esbaldou e deixou um gosto de quero mais que se perpetuou pelo resto da noite. Aliás, poucas coisas são tão rock quanto um sujeito de meia-idade líder de uma jazz band e que mais parece um mafioso tatuado. Aliás, o baterista John Piper espancou sua bateria e teve uma performance mais roqueira do que muita bandinha que vende atitude em comercial de gilete de barbear. Conselho: vá ao próximo show de jazz que tiver na cidade. Duvido que não encontre nenhuma semelhança com o rock. O único perigo é se apaixonar pelo jazz e deixar o rock de lado.
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