Forgotten Boys e Vamoz! no Downtown

Por Hugo Montarroyos em 19 de março de 2007

É bom queimar a língua de vez em quando. Há três anos eu achava o Forgotten Boys uma banda insignificante. Mais um desses grupinhos para menininhas, para garotinhas que estavam se iniciando no rock e precisavam de uma banda com um sujeito bonito no palco para embalar seus sonhos adolescentes. Enfim, além de insignificantes, eram desprezíveis. Mesmo constatando em uma entrevista que Chuck era um sujeito simpático, esqueci fácil deles. Aí eles inventaram de lançar Stand By the D.A.N.C.E

O dia era inoportuno, e o horário, infeliz. Domingo à noite no Downtown. Achava que não daria ninguém, afinal, não somos tão vagabundos assim. A maioria de nós tem muito o que fazer na segunda-feira. Mas, para minha surpresa, o lugar estava cheio. E fiquei realmente chateado ao perder a apresentação do Joseph K, do Ceará. Não é todo dia que alguém resolve batizar sua banda com o nome de um personagem de Kafka. O som deles pode até ser ruim, mas o gosto literário é impecável. Fica para a próxima.

Legal mesmo é constatar que o público do Vamoz! vem crescendo pouco a pouco. E público fiel, daquele tipo que não tira os olhos do palco um minuto sequer. O show deles foi focado no novo trabalho, “Damned Rock Roll“. Abriram com “You Are Right e emendaram com “Fleeting Songs“. As novas músicas são mais lentas, mais pesadas e mais trabalhadas. Se Pedrinho continua massacrando sua bateria, Henrique e Gomão resolveram explorar novas possibilidades nas guitarras. É possível perceber camadas de blues sobrepostas pelas pancadas na bateria. Ou seja, a prioridade é a crueza, e o brinde é um quê de sofisticação blueseira. Pode ser impressão minha, mas junto ao repertório novo, canções antigas como
Beside” e “Letter ficaram ainda mais pesadas. É como se os dois discos fossem um só, embora sejam tão diferentes entre si. E a nova postura da banda no palco parece ser a encarnação de um Neil Young punk. Aliás, como estão tocando alto. Mas não dá para chamar a sonzeira deles de barulho. Seria simplificar demais algo que só é simples na superfície. Baita show.

Uma idéia boba começou a martelar na minha cabeça durante o show do Forgotten Boys. A banda é uma espécie de Kiss que sabe tocar. E aqui não vai nenhum demérito. Ao contrário. Para mim, nem a ciência e a metafísica são capazes de provar que o Kiss é ruim. Principalmente se você acelerar ainda mais o anadamento das músicas, colocar uma pegada bem Rolling Stones no meio e adicionar riffs do AC/DC em cima de tudo. No Downtown deu a impressão que o Forgotten Boys é uma banda perfeita para bar. E aqui, de novo, não é nenhuma constatação pejorativa. Eles seriam perfeitos naqueles bares americanos em que as bandas tocam protegidas por grades. Tem gosto de cerveja, de cigarro e de sexo. Tudo culpa do tal “Stand By the D.A.N.C.E“. As menininhas continuam lá, claro. Só que agora, além de levarem o Chuck para casa em suas fantasias, vão levar também boa música, o legítimo rock n’ roll curto e grosso. E as coisas mudaram mesmo na banda. Se antes tocavam cover do Motorhead, agora se dão ao luxo de tocar Patti Smith. As 294 pessoas presentes não tinham do que reclamar. Uma banda potente, entrosada e ácida destilava coisas do calibre de “All You See“, “Não Vou Ficar” e “Get Load“. Ao vivo é ainda melhor, pois as músicas ganham mais potência. E, no fim das contas, a conclusão: o fato do Chuck ser um cara bonito virou apenas um detalhe. Não era bem assim no início da carreira do Forgotten. Que bom que as coisas mudam.

5 Comments

  1. Ítalo
    Posted 19 de março de 2007 at 14h01 | Permalink

    Realmente, não é qualquer banda que tira um cover de patti smith por aí…o forgotten boys eh uma excelente banda (pra mim nao foi só o stand by the dance, desde o gimme more , o stand foi a evolução de tudo) além da energia das musicas ainda tocam os melhores covers.

  2. Posted 19 de março de 2007 at 16h17 | Permalink

    Surpreso também com o expressivo público(294 pagantes) para um show sem divulgação nenhuma e no domingo. Niguem viu um lambe-lambe na rua. Bem, internet a parte, não custa uma mão na divulgação. Enfim, puta show do caralho, com um som bom, banda entrosada, superou minhas espectativas. O contra fica no preço da cerveja, e bebidas em geral. A Heineken é minha cerveja preferida, mas pagar R$ 3,70 é foda. Eu sou liso, admito. No mais, Rock e cerveja gelada(e barata) com mais frequêcia!! Pro povo ser feliz =p

  3. Fred
    Posted 19 de março de 2007 at 18h43 | Permalink

    Muito bom mesmo…

    Show de bola, fazia tempo que não rolava um show tão legal no downtown, ingresso no preço, bom demais!

  4. andre marques
    Posted 19 de março de 2007 at 20h03 | Permalink

    o show foi bem do caralho! muito bom mesmo!
    e o downtown é um espaço massa. seria bom que rolassem mais shows assim por´lá

  5. shirley
    Posted 22 de março de 2007 at 11h08 | Permalink

    bom eu adorei o xow!!
    apesar do comentário ser meio tardio…
    concordo q a down town é perfeita p esse tipo de xow…
    mexmo rolando no domingo..
    ja o xow de forgotten,eu esperava 1cover de motorhead como no inicio…
    mesmo assim o xow foi do kralho!!
    principalmente com a musica all you see!
    falow!
    obs;q cerveja cara do carai!
    R$3;70???

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