Pop Out: Mapeando a capital da Catalunha

Por Recife Rock! em 24 de maio de 2007

MAPEANDO A CAPITAL DA CATALUNHA

“Quiero tu alma
Quiero comer tu cabeza
Salir de casa para correr la presa
Quiero estar contigo em la mesa
Para comer el pez com tu cabeza
Yo… no tengo prisa para ponerme sobre ti
Yo… no quiero nada expeto cagarme em ti”

Madame Mim, em “Fiebre de Tu Mente”

Uêpa! Chega mais, pode entrar… Not paid nothing, baby!

Bem-vindo ao Pop Out! Nunca viu a coluna aí, não? A comunicação é direta, através dos comments. E querendo entrar em contato com este colunista aqui (sugestões, críticas, palpites, etc) é só anotar o e-mail deste pedaço: cleytonb@bol.com.br. Vai lá, manda vê!

Barcelona é a capital da Catalunha, uma comunidade autônoma da Espanha (pegando carona no Wikipedia), da comarca do Barcelonès e da província. É onde se encontra as instituições mais importantes do governo da Espanha. Barcelona é a cidade mais cosmópolita do planeta. Uma capital sonora que extrai das pessoas, através da música, um sentimento ambíguo, exato e gigantesco. Um mês e quatro dias, armazenando sons na capital da Catalunha é o suficiente para saber que o endereço, de fato, não é tão relevante. O que vale mesmo é a música de gente como Los Rotos, Playmates, Soulmate, Grillos e, mais ainda, Agustí Martínez. Existe mesmo uma inclanação por parte dos espanhóis em seguir a estrada que leva ao indie rock, ao indie pop ou ao indie qualquer… Qualquer sei lá o quê, mas existem também outros rumos espalhados nos clubes e bares de todo o país, muitas experiências musicais e, Barcelona contudo, tem entre as mangas diversos nomes escondidos. Estilos improvisados – trip hop, new-folk, drum’n’bass, eletrônico abstrato e hip-hop – por exemplo, são especialmente todos explorados em Barcelona: o território é vasto. Ao mesmo tempo é fácil não ficar sabendo da existências de algumas bandas, ver surgir certos grupos esplêndidos ou então deixar passar alguns nomes.

Mapa de Barcelona

Se você tentasse seguir o caminho de Barcelona com o dedo indicador no mapa da música, uma estrada ampla e especial se abriria. Completamente planejada, mas sem muita passagens ou pegadas, é a rota que te daria acesso a nomes como Iba Andando (quarteto que segue o emblema indie-pop de valencia dos anos 90), Top Models (banda encantadora, às vezes flerta com um som garageiro, por outras com um coro à la Beach Boys, que solta guitarras de rock and boogie, mete um iê-iê ou abre um toque lo-fi e coro femenino à moda country), Hule (este quarteto propõe um indie rock, mas disfarça com noise e riffs lentos de guitarra, e um pop relax, com uma voz suaaaaave, um teclado de fundo e letras engajadas). Caso você quisesse sair da cidade, seria bom acompanhar os Niño y Pistola da Galiza, mais precisamente de Baiona, municipio da área metropolitana de Vigo. Os Niño y Pistola dão mostras de como ser uma banda de pop acústico que não poucas vezes vai ter seu som comparado ao som dos escoceses Belle & Sebastian.

Aqui, na capital da Catalunha, as bandas (independentes) são tão esquecidas e locais quanto as de qualquer outra capital do mundo, mas carregam uma idéia global. Trabalham cada uma com o intuito de ser igual as outras, ou seja, nem melhor nem pior. Embora destacando diferenças incessantes no som de cada grupo, acredito que eles dividem a mesma atitude, proporcionando uma falta de interesse por parte da indústria fonografica e da música pop. Para usar uma expressão politicamente correta: no cenário underground de Barcelona não existe “salvações do rock”, e sim bandas suntuosas. Nesta cidade o termo Creative Commons não é estranho ou desconhecido entre os músicos. O interesse vem desde a infância. Os olhos de cada criança brilham ao entender o que é sonoridade, o que é sample, o que é guitar hero e… De quando em quando com particularidades contagiantes, feito um “bad boy” com headphones enfiados na orelha, ou um “indiekid” tristonho usando sapatos DM (Doctor Martins) e anoraks (roupas com capuz). É curioso: Barcelona tem seu mapa musical desenhado frequentemente, renovando-se a cada ano. Aquele que tentar percorrer esse jardim secreto, corre o risco de não achar mais o caminho de casa.

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
ENTREVISTA – MADAME MIM

Vamos que vamos, pois quem fica parado é pôster pregado na parede! Hoje tem entrevista. E aí, conhece Madame Mim, projeto solo de Mariana Eva? Bem, se você não sabe quem ela é… Fique tranqüilo. O Pop Out apresenta para você:

Mariana Eva, ou carinhosamente, Eva, é uma argentina super envolvida com a música, isto é, ela é (junto com o Superputo), Madame Mim, banda que acabou de finalizar seu segundo CD, que, além de mesclar electro-punk com rock latino, faz de suas letras um minúsculo mosaico de sentimentos e prazeres: ora sexuais, ora mórbidos. Não para por aí… No Brasil, Eva foi componente de uma banda punk de garotas que se tornou lenda no underground carioca dos anos 90: o Pólux. Ela participou dos discos Brazil, The Women’s Voice lançado em Londres, Lucky Strike Lab Music, Djavan Na Pista e em 2005 lançou seu primeiro trabalho solo Eu Mim Meu pela gravadora Lua Music. Esse CD, de porte experimental, descrito pela crítica como “pop pervertido” teve participação de diversos músicos e produtores de peso como Rodrigo Campello que também produziu o CD Na Paz da Fernanda Abreu. Jr. Tostoi que fez parcerias com Lenine, Adriana Calcanhoto, Jards Macale. Carlos Trilha que cuidou do disco Canções dentro da noite escura de Lobão e que anda tocando com Marisa Monte.

Além das apresentações, tanto no Rio quanto em Buenos Aires, Madame Mim marcou presença em muitas festas raves como DJ durante a composição do segundo disco. Isso resultou um amadurecimento no “lulling” das pistas de dança e seu set de novidades latinas foi foderoso para seu trabalho como artista e também ajudou a distinguir o novo formato de seu atual show que se resume em apenas duas pessoas no palco. Madame Mim Provoca com risadinhas maliciosas, arremessa efeitos na voz e toca guitarra com uma sensualidade fora do comum e, seu partner, o Superputo, toca teclado e afrouxa as bases com intervenções eletrônicas ao vivo, tornando cada apresentação orgânica e inesquecível. No dia 19 de maio, uma noite como outra qualquer, tivemos uma conversa por telefone. Eu, em Barcelona, Mariana Eva em São Paulo onde ela tem uma agenda repleta de shows.

Madame Mim - Foto de Daniela Dacorso

Seu trajeto com a música não vem de hoje. No Brasil, fez parte de uma banda punk de meninas que ficou marcada no “underground” carioca dos anos 90, o Pólux. Na época o grupo fez mais de 250 shows, tocou em diversos eventos e festivais como o Abril pro Rock, Humaita Pra Peixe, Motim, Planet Fashion, Festa do Zine 02 Neurônio e até abriu o show da banda alemã de digital hardcore Atari Teenage Riot. Quando você descobriu que a sua parada era música?
Foi de um dia pro outro. Eu era atriz, fazia teatro e dança, mas sempre fui rodeada de amigos músicos. Um dia, numa mesa de bar, uns amigos me botaram uma pilha de fazer uma banda de meninas. Três dias depois, estava no show do Wander Wildner no Rio, conheci a Bianca e a chamei pra tocar comigo. Quero dizer “tocar” comigo por que nenhuma das duas tocava nada. A gente foi aprendendo com o Polux, compondo juntas com os shows. Foi um processo totalmente punk, “do it yourself”. Eu lembro que como não sabia as cifras inventei um método pra me fazer entender e escrever minhas músicas. Eu dei número pras cordas em vez de letras. Funcionou super bem!

Uma pergunta que já lhe fizeram umas “100.000” vezes, de onde vem o nome Madame Mim?
Bom, primeiro veio só o “Mim”, de uma letra de música. já tinha algumas músicas e ainda não tinha o nome do trabalho. A música era “Hoje” que está no meu primeiro CD Eu Mim Meu e na letra dizia: “…um pedaço de mim terminou…”. Enfim, peguei o “Mim” pra ser o nome do meu projeto solo, achei que “Mim” tinha a ver com eu mesma (risos). Depois o trabalho foi para outro lugar totalmente diferente do que era o “Mim” e não dava pra manter o mesmo nome já que o som havia mudado tanto, então como eu tinha virado madame (mais risos), transformei o “Mim” em “Madame Mim”.

Neste segundo CD, a banda traz uma mistura de electro-punk com rock latino, uma pitada de cumbia eletrônica e mais uma série de novidades para as pistas de dança. Foi uma transformação do primeiro pro segundo CD da artista Mariana Eva?
Transformacão total. No Eu Mim Meu eu comecei a flertar com o
eletrônico. Tinha saido do punk rock e aos poucos fui explorando esse universo. Fui me apaixonando, tocando em festas aqui e em Buenos Aires como DJ e acabou sendo um processo natural mudar o som.

Nas novas composições, Madame Mim conta com a parceria do produtor e baterista Vig que já habitou no Brasil e tocou com Lobão, Sergio Dias e Gilberto Gil, mas atualmente mora em Londres onde toca do underground ao mainstream como ao lado de Eminem, Avril Lavigne, e já até trabalhou com o produtor Tom Aitkenhead do Bloc Party. Então, a pergunta é: como é trabalhar ao lado de Vig?
Bom, não é bem trabalhar ao lado por que ele mora do outro lado do oceâno atlântico. Nós compomos pela internet. Ele faz lá, manda pra cá, eu faço aqui, mando pra lá. Mas sempre mantemos um cronômetro do tempo gasto em cada composição, o arquivo sempre vai junto com o tempo gasto ao lado. Tipo, demorei 45 minutos para fazer esse loop e oteclado e, assim, vai até completar as duas horas por que no fim das contas uma música não pode demorar mais do que isso pra ser composta. Faz parte dos meus dogmas.

Os dogmas são…
Dois. O primeiro fala do tempo pra compor uma música, que não pode demorar mais do que duas horas. Tem que ligar o despertador e terminar como ficou. O segundo fala do não uso do computador, tem que gravar tudo ao vivo, usando equipamentos eletrônicos digitais, claro, mas sem o computador e seus plugins envolvidos. Ainda nos dogmas não podemos fazer teclados que não possam ser tocados com dois dedos e ensaiar só no dia anterior ao show.

E aí, sendo assim tão bonita (leia-se sexy!), você já teve algum
problema durante os shows com rapazes grosseiros?

Obrigada! Nunca tive nenhum problema (risos).

Como tem sido os shows ao vivo?
Ótimos, simples e contagiosos. É muito legal ver o público pulando
junto com você!

Ouvi dizer que você é uma argentina que passou a vida entre Buenos Aires, Rio de Janeiro, San Francisco (CA) e que agora está definitivamente em São Paulo. Primeiramente, por que você saiu da Argentina e, segundo, o que você está fazendo em SP?
Foi muito legal morar em todos esses lugares, cada um me influenciou de uma maneira. Agora estou em SP e está sendo uma experiência incrível!

Agora, fale-me sobre o Superputo, já que ele não está sendo entrevistado.
O Superputo é o meu parceiro, compõe e toca ao vivo comigo. Ele é da indústria de games, trabalhou nos USA e na Coréia, não tem muita paciência pra música, ensaios, e tal… Ele só topou fazer este projeto por causa dos dogmas. Assim fica bem mais divertido!

Ouça o som da Madame em http://www.myspace.com/mimadame

Agradecimentos: Viviane Menezes, Daniela Dacorso, Vig, Lua Music, Globo Online e Uol

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

PRIMAVERA SOUND FESTIVAL 2007

Primavera Sound, no Pop Out, só daqui a duas semanas (direto do Parc del Fòrum, Barcelona). O evento promete diversão, entretenimento e muita música. Haja vodka torrante e tapas aquecedores! Eu, claro, ofereço a cobertura do festival através de descrições minuciosas. Sinceramente, eu não estou nem aí para essa volta dos Smashing Pumpkins (atração principal do dia 31 de maio). Acho um saco quando uma banda que já fez história resolve voltar. Pensei isso dos Stooges, antes pensei isso dos Sex Pistols, depois pensei isso dos Jesus & The Mary Chain, e agora estou pensando isso dos Smashing Pumpkins (nada mais justo).

Primavera Sound Festival 2007

Fala aí: na sua opinião, eu devo assistir a abertura do festival com os Pumpkins e depois aturar White Stripes ou devo chegar na hora do show de Slint (para relaxar um pouco antes do show do Melvins)? Devo ir no dia 01 de junho para me jogar na Tenda Eletrônica ao som de Diplo e Bonde do Rolê? Sim, o terceiro dia vai bombar com Sonic Youth, The Long Blondes, Klaxons, Múm, Grizzly Bear… Só digo uma coisa: o próximo Pop Out vai está o pipoco do trovão! Aguarde! Eu também vou falar da festa de despedida, que traz Of Montreal, Erol Alkan, The Orchids, Malajube, Apostle Of Hustle, Apse, Southern Arts Society.

Chega por hoje
Adiós amigos

Por Cleiton Brito

15 Comments

  1. 2324e35
    Posted 25 de maio de 2007 at 6h55 | Permalink

    ” na sua opinião, eu devo assistir a abertura do festival com os Pumpkins e depois aturar White Stripes ou devo chegar na hora do show de Slint (para relaxar um pouco antes do show do Melvins”

    white stripes é bom
    slint é foda demais
    melvins é perfeito,não é pra qualquer um.

  2. wagner
    Posted 25 de maio de 2007 at 10h46 | Permalink

    não sei com oé que deixaram este cara escrever pro RR.
    bicho tira ele daqui, ta sujando a imagem do site com este coluna copia do lucio e o nome copio do bruno. putz… faz um nblog e publica isso cleyton. aqui num serve pra tu não

  3. Andre Intruso
    Posted 25 de maio de 2007 at 16h31 | Permalink

    Me da o telefone da Mariana Eva!

  4. Andre Intruso
    Posted 25 de maio de 2007 at 16h33 | Permalink

    ja ia me esquecendo…

    ???????????????????????????????????????????

  5. nandafox
    Posted 26 de maio de 2007 at 20h16 | Permalink

    Acoluna tá ótima, é sempre bom conhecer bandas e culturas de outros cantos, ai sim,acertou o passo!

  6. fernando
    Posted 28 de maio de 2007 at 0h14 | Permalink

    vai dormir, cleyton.
    o fuso horário não deixa tu ir nos shows

  7. sadam
    Posted 28 de maio de 2007 at 18h00 | Permalink

    essa mariana eva é uma gata

  8. Posted 29 de maio de 2007 at 10h32 | Permalink

    “Nesta cidade o termo Creative Commons não é estranho ou desconhecido entre os músicos”

    Mas pelo visto é estranho e desconhecido para você. Quando copiar algo licenciado, precisa dar crédito a fonte, como fez na descrição de Barcelona tirada do Wikipedia.

  9. araujo fernando
    Posted 29 de maio de 2007 at 16h09 | Permalink

    cleiton brito, fura-olho, tome cuidado não, viu!

  10. araujo fernando
    Posted 30 de maio de 2007 at 12h31 | Permalink

    Bruno, cleiton é esperto. Toda vez que alguém critica algo no texto, ele altera na cara de pau e acha que ninguém nota.

  11. Cleyton Brito
    Posted 30 de maio de 2007 at 13h24 | Permalink

    Não é esperteza, é bom senso. Vocês são meus editores:D

    Ops! O meu nome é cleyton, e não cleiton.

    Grato

  12. mari
    Posted 5 de junho de 2007 at 17h13 | Permalink

    a coluna acabou???

  13. Posted 6 de junho de 2007 at 2h58 | Permalink

    sou obrigado a voltar do inferno pra me manifestar quando leio merdas como essa. Queria que alguem me respondesse que diabos tem a ver a Catalunha com a cena de recife? se eu quiser ler sobre isso vou pra um site especializado no assunto, se eu acesso o RecifeRock eu vou querer ler sobre a cena musical de Recife! e ainda por cima tudo muito mal feito! esse energumeno ta queimando o site de voces!

  14. Mi
    Posted 16 de junho de 2007 at 11h51 | Permalink

    Putz, fala sério!
    o q é isso? o Lúcio Ribeiro do nordeste?

    vamos ter um pouco mais de criatividade, please! ninguém merece uma versão mal feita do Lúcio né…

  15. Beto
    Posted 24 de agosto de 2007 at 2h31 | Permalink

    Fala Sério meu..
    Tu fala mta merda..
    Desconsiderar assistir um show dos pumpkins?!
    Tu não sabe nada de rock´n´roll, só por ter comparado a volta deles ao Jesus & The Mary Chain…
    Tu ainda acha que a banda só volta por causa do dinheiro?
    Vai estudar a história da banda rpz..

    E outra.. Smashing Pumpkins é muito bom para deixar de lado para escutar Slint..

    PQP..
    Além de tudo, tem um mal gosto duka.. nem parece que é do Recife.. melhor.. era.. kkk

%d blogueiros gostam disto: