Otto no MPB Petrobrás

Por Bruno Nogueira em 28 de maio de 2007

Não apostava muito no último show que Otto fez quinta passada no Teatro da UFPE. Dois motivos: primeiro porque ainda tinha lembrança do último show que ele fez lá e estava quase vazio; segundo porque a divulgação fraca trazia no ar um clima de deja vu. Fomos naquela de “ver coé”, com expectativa baixa, eu e Guilherme, junto com uma amiga dessas meio obcecadas pelo bicho que pula. “Porque não nasci Alessandra Negrini?” foi a frase da noite. O descompromisso rendeu a primeira mancada da noite: perdemos o show de abertura do Vates & Violas. Banda escolhida para literalmente abrir a temporada do MPB Petrobrás esse ano.

Acabou que o show de Otto foi uma ótima surpresa. Apesar de estar com um disco novo na manga, que segundo entrevista dada a RollingStone foi feito totalmente sozinho, só ele e um laptop, ele ainda está no mesmo formato do MTV Apresenta. Começa sentado, no batuque, segue para a Jambroband. Tive a oportunidade de ver esse mesmo show umas cinco ou seis vezes em cidades diferentes e foi curioso perceber que, com o tempo, o número de percussão usada foi diminuindo. Minha aposta é que isso aumentou o pique do show.

Sendo o repertório de um DVD que faz apanhado da carreira de Otto, a noite foi recheada de hits. De Anjos do Asfalto à Bob, ele tinha essa única carta na manga – o descompromisso em testar músicas novas – para instigar o público. Chutando por alto, deviam ter cerca de 400 pessoas no teatro. Número bem bom, suficiente para dar aquela sensação de casa cheia. (Só de informação, vale registrar que o teatro inteiro tem capacidade para 1900 pessoas, contando com aquela parte superior).

Tocar no Recife tem um sentido especial para Otto. Raramente ele encontra tantos amigos na platéia. Gente feito Bactéria, do Mundo Livre (que também estava nos últimos dois shows de Otto que eu assisti); Fábio Trummer, do Eddie; Ortinho; os irmãos e até os vizinhos. Com isso, o nível de empolgação dele estoura no medidor. Ele pula pra caramba, corre feito um louco de lá para cá, tira a camisa e, para tristeza da amiga que acompanhava, não deixa nunca a calça cair.

Essa empolgação também aumenta entre as músicas. Isso costuma ser a maior crítica e também o maior elogio a Otto – sou do segundo time – quando ele se dana a falar todo tipo de viagem que surge na cabeça na hora. Começa nos ônibus da Cidade Universitária (esse papo ele já tinha falado antes, outras vezes) termina de maneira imprevisível nos tubarões tomando conta de Boa Viagem. A banda – formada por metade do Cidadão Instigado, parte do Instituto e da antiga Nação, a Lamento Negro – parece se divertir mais que o público. A cara de ansiedade deles é enorme na expectativa da próxima viagem.

Todo esse clima para cima fez o que deve ter sido o melhor show de Otto que já vi. Ele está menos tenso, mais a vontade, num meio termo certo entre sobriedade e chapação. Tranqüilo o suficiente para pedir um baseado ao público, sem precisar explicar que não faz apologia as drogas. Aliás, foi ele mesmo que notou a melhor surpresa da noite, o fato de que seu público está totalmente renovado, com caras novas que ainda engatinhavam quando a cena de 90 se formava na cidade. Feito eu, por exemplo.

A noite de Otto, banda, amigos e quem mais ficou esperto na mensagem, terminou no bar Capitão Lima, com discotecagem de Ganjamen.

3 Comments

  1. Jose Henrique
    Posted 29 de maio de 2007 at 2h44 | Permalink

    Bacana o show ter sido bom, gosto muito do som do Otto e apesar de não conhecê-lo da pessoa dele tb.
    Tb curto as falações do cara, é o típico maluco beleza.
    Que venha logo o novo cd.

  2. Denise
    Posted 29 de maio de 2007 at 10h17 | Permalink

    .
    Eu, obcecada pelo Otto?
    Eu, me lamentar por não ter nascido Alê Negri, e além de casar com Otto ficar pegando Fábio Assunção, Marcelo Antony…?
    Eu, babar pela reboladinha dele com aquelas covinhas nas costas, e quase derreter com ele passando ao lado o tempo inteiro?

    Imagine…

    Sonho sempre com a cueca laranja, e só. ;)

    Por puro acidente geográfico não nasci pernambucana, mas acho um espetáculo à parte shows como o de quinta, onde Otto declamou todo o amor por Pernambuco e Recife. Eu, que nem de lá sou, muito menos fico tão longe, sinto falta e me alegro de uma forma quase pueril quanto retorno; imagino ele.
    O show foi lindo, com direito a interação quase “abusiva” de alguns fãs, com participação de pessoas “fora de padrão” esperado do público de Otto. Uma platéia renovada também, disposta e ciente de toda energia boa que se fazia presente.
    .

  3. Fernando Carmelo
    Posted 30 de maio de 2007 at 17h41 | Permalink

    alguém sabe qual vai ser o próximo show do MPB PETROBRÁS?

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