Justiça seja feita à programação do Rec-Beat: acertaram em cheio em todos os headliners. Devotos foi perfeito em sua comemoração de vinte anos de carreira, o Móveis Coloniais de Acaju fez uma apresentação fora do comum fechando o segundo dia do evento e o sensacional grupo chileno Panico mostrou ontem uma vigorosa mistura de “punk-eletrônico-distorcido”. É – mal comparando – como se os Pixies tivessem nascido nos anos 00. Não bastasse a perfomance dos ótimos chilenos, ainda tivemos excelentes momentos com o local Trio Pouca Chinfra e A Cozinha, com o paraense Meataleiras da Amazônia e com o incrível Chris Murray & Firebug, que provou (pelo menos para mim) que existem sim possibilidades infinitas para o reggae, e que este tem condições de superar em muito as limitações que quase sempre o prendem nas mãos de bandas pouco criativas de tal gênero.
Ontem foi, disparado, a noite mais tranqüila e de menor público do festival. Ainda assim, um público numeroso foi conferir a ótima apresentação do Trio Pouca Chinfra e A Cozinha. Trata-se de uma roda de samba das boas formada por onze músicos das mais variadas procedências, inclusive gente do The Playboys e dos inacreditáveis Embuás. Em cena esbanja competência em releituras dos geniais Adoniran Barbosa (Tiro ao Álvaro) e Nelson Cavaquinho (Juízo Final). E também demonstram maturidade em repertório autoral, caso da bela “Sinuca de Bico”. Marcelo Campello, responsável pelas guitarras e violões do Mombojó, foi recrutado para uma homenagem ao inesquecível O Rafa, grande flautista da banda falecido no ano passado. O show contou também com a participação de Júnior Black, vocalista do Negroove. Muito bom ver uma nova geração de músicos pernambucanos, a maioria ligada ao rock, tão devota de mestres do samba como Cartola.
Depois foi a vez do genial Metaleiras da Amazônia, do Pará, mostrar uma mistura enfezada de carimbó, guitarrada e até uns arroubos aqui e acolá de jazz. A banda tocou sem interrupções por mais de meia hora, colocando todo mundo para dançar ao som de seu repertório irresistível, com destaque para o trombone em primeiro plano e a guitarra que por vezes brincava de fazer rock. Dos melhores shows da edição 2008 do festival.
Quem teve uma recepção muito boa do público foi o carioca Fino Coletivo, que vive de requentar o que Jorge Benjor tão bem criou há décadas. Alguns momentos foram até interessantes, como em “Tarja Preta” ou quando o ótimo Davi Moraes emprestou toda a magia de sua guitarra ao set-list da banda. Mas no mais foi apenas monótono, com uma terrível sensação de “já vi milhares de bandas fazendo a mesmíssima coisa”. Como estamos falando do Rec-Beat, a coisa toda deu mais do que certo (para o público, que fique bem claro).
Agora, de calar a boca mesmo foi a apresentação do paulista Firebug com o canadense Chris Murray. Amparados por um reggae inacreditavelmente criativo e intenso cheio de tecladeiras e de guitarras que fugiam dos lugares-comuns do estilo, conseguiram colocar para dançar até quem não é fã do gênero.
E, como nas noites anteriores, a bola da vez foi a última atração, no caso de ontem o excepcional Panico, do Chile, banda que trafega entre batidas eletrônicas, guitarra incessante e saborosamente acelerada e uma pegada absolutamente rock. Matou a sede de uma leva de roqueiros que, mal humorados que costumam ser, não agüentavam mais a abstinência de guitarras distorcidas provocadas pela noite um tanto mais leve como a de ontem. De parar para pensar: por que costumamos desprezar tanto o que é produzido na cena rock de nossos vizinhos sul-americanos? O Panico deu uma pequena mostra ontem do quanto estamos perdendo ao desconhecer tais cenários.
15 Comments
Agora qualquer lixo eletronico pode ser chamado de Rock
e ainda comparado com os Pixies…
Gostei muito do Metaleiras da Amazônia, mas a noite foi bem morna (e com menos público).
Achei bonito o show do Trio Pouca Chinfra. Não entrei na onda “Uma raiz é umas flor que despreza a fama PAPAPÁ PARARÁHH” do Fino Coletivo (Samba Indie Classe Média ?). Panico é muito mais rock que eletrônica, nem parece a mesma banda dos discos, mas não vi nada demais.
Hj verei o Firebug de novo no Nascedouro. Já o Chris Murray com violão tem um pique ‘Jack Johnson’ (o povo do backstage quase bateu em mim quando eu disse isso) :P
Que venha o último dia!
Uma dica: do lado direito do palco (do rio) é bem mais tranquilo, evitem ficar do lado esquerdo entre a Livraria Cultura/Paço e o beco Escuro do Mijo. Do lado direito sempre tem menos gente e não tem a gangue-dos-galegos tocando terror.
hahahahha, gangue dos galegos foi massa!!!
Rapaz, o show do Panico superou minhas expectatovas: muito bom!! Pena que o público – pelo que acompanhei – não entrou muito no clima. Acho até que boa parte não gostou muito do som dos caras.
Porra Hugo, eu concordo em quase tudo dessa vez, e eu vi todos os shows… hahahaha
Inclusive comentei que a panico parecia o pixies com um cara colocando um noise eletronico no meio, tambem falei que o cd parece um lance eletronico e a parada é bem mais rock, achei o show do Panico curto, mas agradavel pro publico. Faço um adendo que alguns momentos foram chatos, mas no geral o show foi bom.
Foda mesmo foi a FIREBUG, e aquilo e SKA porra!!! :P
O cris murray trouxe o ar jack jonson mesmo, mas nao comprometeu… hahahahahahaha
noite relax pra aguentar o grand finale do reacbeat desse ano…
firebug é ska! :)
foi massa!!
ah se todos os carnavais fossem assim!!
Saquei todas as bandas nesse dia, gsotei mesmo foi de Trio pouca chinfra e a cozinha (muito bom ,foda mesmo) e FIREBUG e CHRIS MURAY foi diemais, aquilo sim é ska de ótima qualidade, todo mundo que tava ali curtiu, muito foda a apresentação dos caras. Pânico eu não gostei da apresentação, mais confesso que deve ter sido ótimo pra quem curte o estilo.
E fica duas dicas aqui:
1-A prefeitura bem que poderia botar mais banheiros pra o porte do evento (não so esse mais todos os polos ta precisando de banheiros)
2-A PM bem que poderia ser mais atenta, teve uma hora que chegou uma gangue de 30 a 50 galegos no polo e os PMS nao se ligaram (estavam olhando as garotas que passavam), so foram notar o stress quando o clarão abriu no meio da multidão…sei não viu, por isso que não confio em Policia.
No mais a noite foi massa, e hj estou la pra ver Pato Fu.
Gosto é gosto. Passei à margem do Rec e não me arrependo. Parabéns mesmo pra Prefeitura de Olinda, que nos brindou com o show Maravilhoso do OTTO(Bateu tudo que vi nesse carnaval,inclusive o DEvotos) pois como sempre, o clima do rec-beat no paço Alfandega não tava dos melhores.
Perdi o show do Trio pouca chinfra. Conheço o trabalho e sei q realmente sao bons e todos elogiaram o show, mas particularmente fica aqui a critica para a abertura de espaço para bandas de releituras tocando em festivais de tematica inovadora. É facil conquistar o publico com musica dos outros. Mas carnaval pode tudo ne…
Metaleiras da amazonia se tem proposta inovadora, nao vi. Usaram do carimbó e colocaram guitarra que ficou apagada pelos metais e nao fez diferença. Banda fraca em relação a sua proposta e boa para tocar no carnaval, pois o pessoal dançou brega ao som do carimbó. Vai entender…
Fino coletivo que é uma boa banda em cd, ao vivo deixou mt a desejar. Mais uma vez ficou a sensação de lugar comum e cansou o publico. Foi minha decepção.
E Panico foi simplesmente sensacional. Ao vivo eles crescem tanto em musica e performance, sendo que tudo mt sincero, sem apelação. Rock de primeira com pegada punk e eletronica. Vocalista performatico e carismatico. Excelente!!!
Achei mais fraco. Aguardei ansiosa pela Fino Coletivo, mas fizeram um show mt burocrático. Eles tem bom material pra show e nao sei pq nao rolou legal.
Então, so destaco mesmo o show da Panico, pois ja tinha sacado o som deles no myspace, mas ao vivo virou outra banda, e que banda! Putz, até agora to besta que vi um show desses e de graça. Valeu!
gostei do Panico, boa performance do vocalista
soa bem atual o som
Firebug foi mt bom!!
é ska dos bons!! ska eh eh uma variação do reggae
o ska nasceu do reggae ! o ska eh um reggae acelerado
ritimo jamaykano!
abraços!
ao contrário irmão..o reggae que nasceu do ska.. hehehe
Não passei pelo recife antigo nesse dia, pois fui assistir os shows de olinda e do polo ibura, contudo, pelos comentários parece que foi a melhor noite do rec beat. Portanto não me arrependo, pois concordo com RicardoB no que diz respeito ao show de OTTo, considero o melhor que vi no carnaval. Agora seria bom a prefeitura do Recife arrumar meios de minimizar a demora dos shows nos polos descentralizados, pois o último desse dia no polo ibura terminou já amanhecendo, digo, o penultimo, pois ainda tinha aquelas orquestras de frevo que quase ninguem fica para assistir.
One Trackback
[…] Segue cobertura do terceiro dia do Rec Beat feita pelo Hugo Montarroyos do site recife rock. Clique aqui. […]