Conheça o Lumo Coletivo

Por Hugo Montarroyos em 10 de setembro de 2008

Uma das iniciativas mais bacanas a surgir no Recife nos últimos tempos é a criação do Lumo Coletivo. Como o próprio nome indica, trata-se de um coletivo formado por músicos, produtores, jornalistas, roadies e etc que compartilham de um mesmo ideal: viabilizar a circulação da música independente pernambucana nos âmbitos local, nacional (e, por que não, até mundial?), dando suporte para produção de eventos e criando um espaço para discussão de idéias e de fomentação de todos os processos que envolvem a cadeia produtiva da música independente. Com sede baseada em Setúbal, O Lumo Institucional está produzindo sua primeira festa, que acontece nessa sexta-feira, dia 12 de setembro, no Quintal do Lima, com shows da Nuda e da Camarones Orquestra Guitarrística, de Natal. Entrevistei por e-mail Gabriel Caetano, responsável pelo Núcleo de Planejamento do Coletivo, que falou das principais idéias e intenções do Lumo.  Abaixo, a conversa com Gabriel, o release oficial do Coletivo e o serviço da festa.

Lumo Coletivo

Trocando em miúdos, o que é o Lumo Coletivo?
O Lumo Coletivo é uma união de pessoas em prol de um objetivo comum. Essas pessoas são bandas, fotórgrafos, designers, produtores, jornalistas, técnicos em áudio, videomakers, roadies, administradores, engenheiros, publicitários, dentre outras funções (incluindo barman, haha). E esse objetivo comum é a vontade desse pessoal de ver toda essa cadeia da qual participam fluindo de forma coerente, sustentável e produtiva.

Quantas pessoas hoje fazem parte do Coletivo?
Dentro do nosso núcleo base (que se divide em planejamento, comunicação e administrativo/financeiro), existe em torno de 15 pessoas que cotidianamente comparecem aqui na sede para doar suas idéias e força de trabalho. Contudo, não dá para contar as pessoas que já vieram aqui e vibraram com a idéia, propondo parcerias.
Vocês seguiram o modelo de alguém para a criação do Lumo?
De vários alguéns, e alguns algos.
O meu exemplo vem de Cuiabá, principalmente. Trabalhei no Espaço Cubo e na Volume – Voluntários da Música, em 2006 e 2007. Antes disso, morei em Goiânia e vi de perto a cena crescer no começo desse século. Eu acredito que o resto do Lumo tem toda essa bagagem recifense, que é de um peso tamanho. Mas hoje, se nota claramente que se unir em coletivos tem sido uma tendência cada vez mais evidente. Cito aí logo os parceiros do Goma, de Uberlândia. Coletivo Catraia, do Acre. Fósforo Cultural, de Goiânia. O próprio Cubo, de Cuiabá… O Circuito Fora do Eixo merece todos os méritos!

Uma das maiores discussões hoje no Recife é a falta de espaço, físico e midiático, para abranger toda a produção independente da cidade. A solução é criar seu próprio espaço?
A solução é também criar seu próprio espaço. Mas, honestamente, acho que vai muito além disto. Vivemos aqui uma realidade muito boa comparado a outras cidades brasileiras. Recife é um dos poucos municípios que investem 1% da receita total em cultura. A maioria das cidades investe menos. Enquanto isso, acreditamos que estamos construindo meios para que possamos aumentar esse número, lutando por políticas públicas para cultura, para que haja cada vez mais espaço para o novo, para o livre. Seria bacana se fossem trocentos Lumos, Coquetéis Molotoves, Astronaves, etc… E com internet nas mãos, por que não pensar em nível de Pernambuco? Nordeste? Brasil? América Latina? Hoje em dia, não é tão difícil tocar em Buenos Aires, por exemplo. Ou fazer uma turnê nos Estados Unidos ou Europa… Nosso próprio ministério de Cultura abre edital para intercâmbio de artistas por aí. O que falta, talvez, seja mais gente ligada.

Você concorda que existe uma dependência pouco saudável das bandas “independentes” do Recife do setor público?
Sim, já discutimos por aqui algumas vezes sobre isso e concordamos com esse ponto de vista. E estamos nos organizando justamente para criar uma alternativa a essa realidade. Acreditamos que podemos potencializar o profissionalismo de todos os agentes inseridos aqui neste contexto. E com isso, incentivar esses artistas a enxergarem suas carreiras de um outro prisma, no qual sua relação de dependência com o dinheiro público para produção, circulação e distribuição diminua exponencialmente de acordo com a quantidade de tempo investido nos seus projetos, com as ferramentas que oferecemos.

É possível ganhar dinheiro hoje no universo independente?
Depende do significado de ganhar dinheiro. Nós do Lumo, por exemplo, abrimos as portas com consciência de que lucro não é o nosso objetivo. No entanto, tendo em vista o aumento significativo de investimentos em festivais independentes, que são de fato a nova vitrine da música contemporânea nacional, é visível que esse mercado seja mais rentável – a um maior número de pessoas – em pouquíssimo tempo. Então, sabendo que o necessário muitas vezes não condiz com o desejo, nós ainda não queremos uma ilha na Oceania.

O que os interessados em participar do Lumo Coletivo precisam fazer?
Precisam entrar em contato com a gente: lumocoletivo@gmail.com

Se quiser acrescentar algo o espaço é seu!
Queria agradecer o espaço, e dizer que acompanho esse site danado desde muito tempo. Espero que possamos trocar milhões de tecnologias.
Abração.

Eis o release oficial do Lumo, com o serviço da festa de “inauguração” dos trabalhos do Coletivo:
“Hoje.
Nascemos Lumo Coletivo. Como a definição clássica já diz, abrangemos muitas coisas e pessoas. Bandas independentes, produtores, roadies, iluminadores, designers, publicitários, engenheiros de som, artistas plásticos, jornalistas, fotógrafos e outros tantos nos formam atualmente, em funções e atuações distintas e bem definidas.

O nome Lumo significa, em Esperanto, luz. A escolha vem da desejo de trazer mais foco à produção cultural local, baseando o trabalho na organização participativa de seus integrantes. Calcados nos princípios da economia solidária, somos um centro de criação e fomento artístico, buscando oferecer o conhecimento, os meios de produção, a infra-estrutura e gestão necessários ao desenvolvimento de projetos.

Enxergamos a cultura como mais que um instrumento formador de cenas, mas, principalmente, como força para o desenvolvimento de uma sociedade. Agregar é a palavra. Sabe aquela historinha dos caranguejos recifenses que puxam pra baixo a pata de quem está subindo? A idéia agora é mudar essa caricatura, fazendo com que exista a força coletiva pra empurrar pra cima, e depois esperar ser também puxado pra fora da toca.

Falando em toca, temos a nossa. Uma coberturazinha no bairro de Setúbal onde nos reunimos pra colocar idéias em prática, debater, pensar, quebrar a cabeça e crescer, não só como artistas ou quaisquer outros profissionais, mas como indivíduos. Como sabemos ser muito melhor explicar – e entender – tudo isso ao vivo, fica o convite para você chegar aqui bater um papo e conhecer nosso QG, com um céu enorme e a vista do pôr e nascer do sol. Venha quando quiser e puder, afinal trabalhamos e renascemos diariamente. Igualzinho ao rei-luz”.
“O convite, obviamente, se estende também à festa que falamos abaixo:

Quintal do Lumo: música, bazar e intervenções. 

No dia 12 de setembro o Quintal do Lima recebe as bandas Nuda e Camarones Orquestra Guitarrística – vinda direta de Natal. Além dos shows, a festa ainda conta com uma banca para venda de camisetas, CDs e outros produtos da cena independente. O mezanino do bar servirá como bazar, vendendo roupas e acessórios exclusivos, criados pelas artistas plásticas Dora Lucena e Teresa Pimentel. O artista plástico Laércio, além de expor suas camisetas e telas, ainda fará um Live Action no local. Nos intervalos, o DJ Justino Passos e Vinicius Nunes integrante da banda Pé-Preto tocarão alguns funks de responsa de suas coleções. Algo transitando entre as pedras da Motown e clássicos setentistas.
Enfim, uma sexta-feira completa pra quem procura diversão”.

Serviço:
Nuda + Camarones Orquestra Guitarrística + bazar + intervenções
Sexta, 12 de setembro, a partir das 9 da noite, no Quintal do Lima
Rua do Lima, Nº 100
Entrada: R$6,00

blog do Lumo Coletivo:
http://lumocoletivo.blogspot.com

Quintal do Lumo

7 Comments

  1. Jhon
    Posted 11 de setembro de 2008 at 5h43 | Permalink

    Parabéns a galera do LUMO. É com atitudes como essa que a cena vai pra frente e sai da estagnação que se encontra.Vamos apoiar essa iniciativa nos juntando a eles e colaborando da melhor forma possível. Sucesso!

  2. Gustavo Marques
    Posted 11 de setembro de 2008 at 8h52 | Permalink

    Muito bom!! Sexta vou estar lá pra conferir o trabalho da galera!!
    abraços!

  3. André Mantra
    Posted 11 de setembro de 2008 at 15h16 | Permalink

    Clap clap clap!são nas dificuldades que surgem as grandes idéias e nada mais difícil que unir forças em prol desta “cena”, só sendo do ramo mesmo… Sucesso.

  4. jonas
    Posted 11 de setembro de 2008 at 16h29 | Permalink

    saudades do mantra-x!!!
    verdades de outono

    ahhhhh!

  5. Rafael
    Posted 11 de setembro de 2008 at 20h32 | Permalink

    Eu estive no QG do Lumo hoje. É sensacional. Espero que muita gente apareça lá amanhã pra dar uma força nessa primeira empreitada da turma.

  6. André Emerenciano
    Posted 21 de outubro de 2008 at 13h45 | Permalink

    Poxa, legal essa iniciativa, que brilho bacana!! Descobri esse grupo através de Chacon. Pretendo sempre estar em contato com essas novidades, é legal saber que em Recife têm pessoas que se mexem em prol do amor por algo, do amor pela música, e que apesar de toda falta de incentivo, lutam e vivem por algo que hoje ainda vale a pena, algo sincero, algo sem interesse de tirar nada de ningúem. Música!

  7. Posted 19 de agosto de 2009 at 17h22 | Permalink

    não dá pra ser mais fantástico!

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