Johnny Hooker chega à sua terceira final de Microfonia, dessa vez capitaneando o Candeias Rock City, banda de hard rock que, segundo o vocalista, é uma espécie de demarcação histórica/afetiva do lugar em que cresceram em formato roqueiro. A banda, uma das quatro finalistas do Microfonia, se apresenta amanhã, na Nox. Conversei por e-mail com Johnny, que, literalmente, soltou o verbo. O bate-papo você confere abaixo.
Como você definiria o som da Candeias Rock City?
Candeias Rock City é, antes de tudo, a história sobre uma geração, sobre um lugar, sobre as nossas farras, nossas decepções e nossas conquistas. Tudo surgiu com a idéia que eu tive de fazer um documentário sobre a história musical e afetiva do bairro, passando desde o surgimento do movimento Mangue, que se deu por ali, até a espécie de adoção de Lula Côrtes ao bairro, e também dessa nova leva de bandas que saiu de lá nos últimos anos e se destacaram. A idéia é tentar descobrir, através de depoimentos, o que de fato faz com que lá num fim de mundo daquele, saia tanta música, tanto artista doido e interessante. E também é afetivo, porque os integrantes da banda, assim como eu, vivemos nossas vidas lá, então o que não falta é história pra contar. As músicas falam sobre isso. Mas, acima de tudo, o projeto é uma comemoração, uma farra do caralho, ao nosso passado e também a Candeias.
Muita gente pode não saber, mas, a vida noturna de Candeias já existiu, e era Rock pra caralho. Tinha show toda semana, várias bandas passaram por lá, das mais importantes eu lembro da Vamoz!. Tinha um bar lá chamado Madeirão, que hoje nem existe mais, que era aonde aconteciam os shows. Então, Candeias Rock City é, digamos, um estado de espírito, um estado arruaceiro, arrombado de espírito.
É sua terceira participação no festival. Não tem medo de ficar rotulado como o “cara do Microfonia”? O Microfonia foi o primeiro Festival que apostou no meu trabalho, e que me deu uma chance, quando eu tinha, sei lá, 15 anos de idade, então eu não veria problema algum em ser rotulado como o “cara do Microfonia”. As pessoas já me rotulam de tanta coisa que isso aí é fichinha. As pessoas nunca vão deixar de sentir inveja do reconhecimento alheio, e, no Recife, eu posso te assegurar, que a galera é especialista nisso.
Perdendo ou ganhando, qual o futuro da Candeias Rock City? Porque suas outras bandas não foram adiante?
Primeiramente, as pessoas têm que ter a consciência que Recife é um lugar onde as coisas demoram a acontecer, as perspectivas são limitadas e por muitas vezes sufocantes, então é natural que algumas bandas demorem 10, 15 anos pra gravar seus primeiros álbuns, ou até mesmo pra passar a outros patamares de reconhecimento. Nem preciso citar os vários casos que a gente teve nas últimas décadas.
Desde o primeiro Microfonia, há 4 anos, eu nunca parei de produzir música. Foi um processo ininterrupto: produzi a primeira demo com a Johnny Hooker antiga, depois produzi mais um EP com 6 faixas eletrônicas, mais duas faixas de um outro projeto de músicas em português, mais 3 faixas eletrônicas depois do segundo Microfonia, e, por fim, essas 3 faixas do EP do CRC (quase 20, no total). Então, o que eu quero dizer é que no Recife a cadeia produtiva, de shows, de selos, é bastante limitada. Toquei durante anos em qualquer esquina suja do Recife Antigo, de Prazeres, de Candeias. Enfim, vi que chega um momento aonde você não tem mais perspectiva. Você se vê tocando com o mesmo som ruim, para as mesmas pessoas, que é quem curte teu som. E sem apadrinhamento, sem produtor ou apoio oficial, você fica congelado nesse processo. Não vou ficar tirando dinheiro que eu já não tenho do meu bolso, pra ficar amarrado nesse processo. Sem contar o preconceito que o meu tipo de proposta enfrenta num lugar machista e provinciano como Recife.
Então, não é uma questão de não levar adiante. O primeiro clipe do meu projeto eletrônico acabou de ser selecionado para o Festival de Vídeo de PE. Estou produzindo músicas novas com Pauliño, da Júlia Says. Acabei de completar minha primeira experiência como ator de cinema, no filme novo de Daniel Aragão, e o Candeias Rock City está começando agora com perspectivas boas. Enfim, é uma questão de que as coisas demoram a acontecer. E se isso significa que vai levar o tempo necessário para que eu esteja pronto para passar para outro patamar, então eu prefiro que seja assim. Nenhuma força nesse mundo pode me fazer parar.
Quanto aos planos futuros do Johnny Hooker & Candeias Rock City, a idéia é investir do bolso mesmo pra sair em turnê o quanto antes, e gravar músicas no esquema caseiro mesmo, graças a Deus já temos condições de gravar em casa. A pressão de horas de estúdio é insuportável, atrapalha completamente o processo criativo.
Qual o cover que vocês tocarão na final do Microfonia?
Segredo de estado.
Se quiser acrescentar algo, o espaço é seu!
Eu queria agradecer a vocês pelo espaço, e pelo site ainda continuar vivo, assim como eu. Tentaram nos matar, mas quem vai morrer é a mãe deles!
2 Comments
pois é, candeias já foi até uma praia!!
esses kras tocan d+…..
johnny arrasa e um cara ki tem muita presença no palco|o…
eli e fera…
detona____sou muito fã deles…..