“Você não vai fazer um trabalho autoral pensando num público de bar. Não é só o momento. A pessoa vai levar o CD para casa.”
El Mocambo mostra veia autoral
Publicado em 21.05.2009
Marcos Toledo
“Esta é a cidade do rock”, poderia dizer quem frequenta os grandes eventos do gênero que acontecem no Recife. O rock’n’roll produzido aqui em seu estilo mais puro, contudo, ainda é uma fronteira a ser alcançada. As experiências tendem a se dissipar e, quando muito, com raras exceções, uma ou outra se torna cult no passar dos anos. Nadando contra essa corrente, a El Mocambo, uma das bandas mais experientes da noite recifense, coloca-se na vitrine e, a exemplo de outros destemidos, expõe-se apostando num trabalho autoral com o álbum homônimo a ser lançado hoje.
A festa não poderia ser diferente: acontece em uma das casas que mais abrigaram o trio em seus seis anos de existência, o Burburinho Bar & Comedoria (Rua Tomazina, Bairro do Recife). Esta noite, contudo, a ocasião é especial, e a apresentação ocorre no andar superior da casa, com palco e decoração. A abertura fica por conta da estreante Magriffe, a partir das 23h. O ingresso custa R$ 10.
O leitor que frequenta a noite do Recife já deve ter conferido a tertúlia da El Mocambo, que desde 2003 apresenta em diversos bares um repertório de blues e rock clássicos dos anos 60 e 70. Formada inicialmente por Rodrigo Morcego (voz e guitarra), Gilson Biu Bolero Júnior (contrabaixo) e Jô Pinto (bateria), a banda acumulou em seus cinco primeiros anos um repertório com mais de 400 canções promovendo a diversão de fãs de ambos os gêneros e deles próprios.
Sim, porque preocupados em não apresentar apenas meras reproduções das músicas originais, os integrantes recriam os temas dos standards e no meio brincam com o máximo de improviso que a experiência cada vez mais acumulativa de cada um permite. E foram essas jam sessions a origem das canções que estão no CD de debute da El Mocambo. “Nas jams que a gente fazia surgiam riffs e grooves, que já eram composições”, lembra Jô, gaúcho de 36 anos que vive há 11 anos no Recife.
Foi só uma questão de tempo para Rodrigo, 31, começar a escrever as letras e dar vida às ideias instrumentais. Aqui se revela um dos pontos mais bacanas do disco: a característica viajada das letras que casam bem com uma levada não menos transcendental. Música para ouvir sentado, folheando o encarte, que segue o mesmo conceito (i)lógico do álbum, com arte que sintetiza com perfeição a sugestão do grupo apresentando figuras humanas com cabeças de animais (projeto de Chaps, da Quarta Dimensão). O batismo é ainda sacramentado com o aval do cantor Lula Côrtes, um dos sobreviventes e maior ícone dessa batalha local pelo rock que citamos no início desta matéria.
“Para fazer um trabalho autoral tem que se passar o que se está vivendo, não coisas banais. A não ser que esteja vivendo de forma banal”, afirma o guitarrista. “Você não vai fazer um trabalho autoral pensando num público de bar. Não é só o momento. A pessoa vai levar o CD para casa.”
O material foi registrado no Mr. Mouse Studio por Léo D. e Willian P. – referências em gravação do gênero na cidade – e por Sérgio Kyrillos. Léo e Willian se encarregaram dos efeitos que coloca este trabalho de tantas referências vintagem em sua devida época, a atual.
Quando o álbum estava gravado, há um ano, Gilson deixou o grupo por motivos pessoais. Em seu lugar entrou Thiago Correia, Pequeno. Estudante de música, aos 21 anos o mascote se dedica com igual empenho dos demais integrantes, que vivem exclusivamente para a profissão. “Entrei para trabalhar junto com a galera”, diz o baixista, já adaptado.
Hoje, além de tocar os 12 temas do disco de estréia, a El Mocambo mostra versões para A balada da calma, de Lula Côrtes, e Sol e chuva, de Alceu Valença.
fonte: http://jc3.uol.com.br/jornal/2009/05/21/not_331410.php
5 Comments
Conheci a El mocambo através de amigos e gostei bastante do trabalho deles!
são muito bons!!
beijos!
O show de lançamento do Cd da El Mocambo foi uma maravilha. Realmete merecem esta conquista. Faz tum bom tempo que sou fã da banda e a acompanho sempre que posso. Músicos competentes e som de qualidade. PARABÉNS El Mocambo.
ao vivo é bem melhor que no cd.. o cd está meio morno…é apenas minha opnião.
A produção do Mr. Mouse sempre deixa tudo meio morno. Os caras são especialistas em pasteurizar o som das bandas.
essa Ludmila gosta de aparecer que fofa!