RESENHA: AMP – “Pharmako Dinâmica”

Por Hugo Montarroyos em 10 de junho de 2009

cd-amp

“Pharmako Dinâmica”, disco de estreia do AMP, é, de certa forma, uma radicalização – e um ciclo fechado – de um processo que começou lá atrás, em 2003, com os lançamentos de “De Algum Lugar do Sistema Solar”, dos Astronautas, e “To The Gig on The Road”, do Vamoz! Ali, começava a se configurar uma geração pautada pelo peso da guitarra, assumindo, pela primeira vez, influências de gente como Neil Young ou Queens Of The Stone Age. Ou seja, nada que remeta ao estereotipo de “banda pernambucana”. O AMP ousa falar ainda mais alto, parindo um disco cuja sonoridade é áspera, suja e extremamente roqueira no que de mais “cavalar” carrega esse gênero.

Produzido por Iuri Frieberger (Tom Bloch) no Rio de Janeiro, o disco é recheado de guitarras esquizofrênicas, baixo em primeiro plano e vocais sujos. No meio de tanta barulheira, alguns pequenos detalhes saltam aos ouvidos: é o caso da guitarrinha minimalista e “incômoda” que permeia “Devils Prize”. A politicamente incorreta “Acidez (Sinestesia)”, cuja letra hedonista pede, em um dos versos, “pra esse dia acabar, uma dose de adrenalina”, possui uma pegada irresistivelmente pop, mas sem jamais cair para o lado comercial que volta e meia vem associado ao termo.

“Billy” aponta para um caminho inusitado; o do rockabilly. Ainda que aqui ele seja adornado por camadas de peso e distorção. Outro bom momento é o baixo piradão de Dudu Sat em “Black Grass”, assim como o criativo solo de guitarra de “Effecslast Try”. Em todo o álbum, o trabalho de guitarra da dupla Djalma Rodrigues e Capivara é primoroso, costurando cada música com extrema criatividade.

“Ataque dos Aliens” começa com uma excelente batida de Crika”, para ir entrando, um a um, guitarra base, baixo e guitarra solo, onde as partes fazem o todo pouco a pouco, até explodir no vocal nervoso que permeia todo o trabalho.

O CD é tão bom que nem a insuportável “coxinha” que a banda faz no final é capaz de atrapalhar sua apreciação. Poderia ser um disco do Queens of The Stone Age, mas é do AMP mesmo. E, mais impressionante, é carregado de DNA próprio, ou seja, deixa nítida a diferença entre influência e cópia. Aposto que vai  figurar em todas as listas de melhores de 2009.

Cotação – ótimo

f-amp

29 Comments

  1. Posted 10 de junho de 2009 at 20h42 | Permalink

    Esse disco é do caralho, essa banda é do caralho!

  2. Posted 11 de junho de 2009 at 11h33 | Permalink

    Sábias palavras, Hugo, principalmente no lance de diferenciar influencia de cópia. Aliás, acho que isso é o que separa as bandas boas das mais-do-mesmo. Uma das melhores bandas de rock do Brasil, isso se não for a melhor.

  3. Posted 11 de junho de 2009 at 13h20 | Permalink

    Bom… eu também acho que o Astronautas não começou nem terminou nada poraquí.
    .
    Mas Marcelo, eu acho que o Hugo não quis dizer isso… Acho que ele quis dizer que “começou lá atrás, em 2003” porque nessa época alguns músicos que estão hoje no AMP estavam no Astronautas… Pelo menos EU entendi dessa forma…
    Me corrija se estiver errado Hugo.
    Falow.

  4. Posted 11 de junho de 2009 at 18h37 | Permalink

    Também entendi isso. Dudu e Capivara, da Amp, foram do Astronautas. Assim como Guga, produtor da banda.

  5. Guga Cunha
    Posted 11 de junho de 2009 at 20h14 | Permalink

    Correção Bruno, Djalma e Dudu tocaram no Astronautas, e não Capivara…..

    Abraço a todos,

    ROCK !!!

  6. Posted 12 de junho de 2009 at 7h55 | Permalink

    rock paralelepipedo!

  7. Isadora
    Posted 12 de junho de 2009 at 8h46 | Permalink

    Adoro tuas resenhas, Hugo. Sempre bem escritas.
    E com essa sobre a AMP, não tinha como ser diferente.
    concordo com Raphael no lance de diferenciar cópia de influencia, muito bom.
    Mais vontade ainda de ouvir o cd.

  8. Marcelo Menezes
    Posted 12 de junho de 2009 at 11h01 | Permalink

    Galera se for assim, quase todas as bandas de recife, ao se fazerem uma resenha vao ter que colocar astronautas no meio. Pq pelo que eu sei quase todos os músicos de recife, salvador e são paulo já tocaram no astronautas. Esse tal de “Guga Cunha” que foi produtor dos Astronautas que me corrija caso eu esteja errado.

    Também adoro a AMP curto pra KCT o som deles, to louco pra ver o proximo CD pq no show do APR eles apresentaram um musica nova que achei do KCT.

  9. Evandro Leão
    Posted 12 de junho de 2009 at 13h22 | Permalink

    Dudu Sat? hehehe pegou mal pra caralho ein!!!! tá valendo uma errata!

  10. Leo Bresani
    Posted 12 de junho de 2009 at 15h10 | Permalink

    Eh isso ae evandro. Merece mermo uma errata. Gostei da resenha, gosto da banda, a galera eh gente boa de primeira. Só achei triste colocarem astronautas no meio.

    Concordo com Marcelo.

  11. Posted 12 de junho de 2009 at 19h01 | Permalink

    Pude ouvir uma faixa ….Gostei da verve roker da banda! Sem sindromes!! Agora , por favor, sao muito melhores do que Volver (sic) e Astronautas….Nao ha comparação!

  12. Posted 12 de junho de 2009 at 23h24 | Permalink

    Acho os Astronautas muito fracos… A Vamoz! sim, é uma banda de verdade! E a AMP tá mostrando que bota pra fuder mesmo! Quero escutar esse disco, porque vendo pelos shows, os caras são um rock do caralho!

    Uhu!

  13. Evandro Leão
    Posted 13 de junho de 2009 at 14h42 | Permalink

    Bora Guga, vamo agilizar um show em são paulo. as bandas de pernambuco tudinho tão tocando no studio sp.

  14. Posted 13 de junho de 2009 at 21h29 | Permalink

    Olá. O disco é massa! Mas não entendo comentários que agridem. Deixem disso gente.. Acompanho a cena há anos e vi os astronautas realizarem uma trajetória muito particular e própria. Vedneram muitos discos, inclusive pela revista outracoisa, do lobão ( tenho esse disco), fizeram shows super bem preparados e sempre acolheram diversas bandas do brasil todo da melhor forma, ficando famosos nessa questão. quantas bandas do recife já não foram ajudadas por eles? O disco do AMP é sensacional. Mas não martirizemos as pessoas. É inegavel o caráter e as pessoas que apóiam o trabalho honesto. Bj a todos

  15. Felipe
    Posted 14 de junho de 2009 at 13h40 | Permalink

    Faltou falar um pouco de Way Side, faixa mais pesada do disco!

  16. heitor
    Posted 15 de junho de 2009 at 15h00 | Permalink

    por onde anda os astronautas? aquilo era uma farsa.
    AMP que é música bem feita e profissional.

    é melhor eu parar por aqui porque se for falar mal dos astronautas, que na verdade é andré frank, não vai ter espaço bastante.

  17. Posted 16 de junho de 2009 at 12h42 | Permalink

    É DE CANDEIAS POHA!

  18. Posted 18 de junho de 2009 at 9h19 | Permalink

    o disco é ducaralho , mas esses meninos sao muito doidinhos no palco o que acontecem com eles em ? é so “brincadeira” para acabar essa adrenalina . O disco é muito ducaralho e é isso rockkkkkkk seus poneis.Parabens !!! pelo trabalho e gostei mais da ultima musica é perfeita , a melhor do disco crica man !!!!!! Dj , capivarei, dudubeer , e guga produção

  19. Posted 18 de junho de 2009 at 19h05 | Permalink

    to atras do myspace deles..vamos ouvir!

  20. Posted 19 de junho de 2009 at 0h37 | Permalink

    Resenha Irada!!
    o Myspace da AMP é o http://www.myspace.com/amprockrecife

    ROCK!

  21. Posted 19 de junho de 2009 at 18h18 | Permalink

    Hey man,

    This is a real stoner fucking rock. It´s a killer CD. I´m going nuts about this CD…it gotta an evil inside, motherfuckers.

    wanna see rock…blood …sugar
    ….Great job, Poneis

  22. Posted 22 de junho de 2009 at 2h51 | Permalink

    o disco da amp ta do caralho!!!!!
    massa a rezenha tb, hugo ma ha!!!
    abraço!!

  23. Posted 30 de junho de 2009 at 12h54 | Permalink

    menos Vinicius, menos!

  24. Posted 30 de junho de 2009 at 12h55 | Permalink

    Ouvi Algumas músicas e achei do caralho! Som pesado Viceral! Ví o 1o show deles no APR, ano passado e achei um som pesado, com a cara da turma! Legal a resenha, tenho que parar pra ouvir o disco todo!

  25. Posted 17 de julho de 2009 at 17h56 | Permalink

    Quando Lobão viu Chico Science e Nação Zumbi pela primeira vez, disse: “Me sinto vingado por todas as porcarias feitas na música brasileira atualmente”. Ao ouvir esse disco da AMP, posso dizer que me sinto “vingado” por todas as porcarias feitas no rock brasileiro atualmente (um emaranhado de “posers” chorosos que nem atitude possuem). Finalmente, surge uma turma pra colocar o rock’n roll nos seus devidos lugares. Com uma produção só um pouco mais ousada, a banda poderá alçar vôos mais altos. Sem dúvida, um dos discos do ano. Parabéns ao pessoal da AMP.

  26. Eduardo
    Posted 20 de julho de 2009 at 19h39 | Permalink

    Achei o CD ótimo, o som é um rock pesado de alto nível e a arte da capa é muito bem elaborada e de muito bom gosto. A banda está de parabéns pelo trabalho.

  27. Posted 22 de setembro de 2009 at 11h20 | Permalink

    O Disco não tive a oportunidade de escutar, mas o show a vida é Rock Duro !

  28. Posted 22 de setembro de 2009 at 11h21 | Permalink

    O Disco não tive a oportunidade de escutar, mas o show ao vivo é Rock Duro !!

  29. Posted 27 de janeiro de 2010 at 17h07 | Permalink

    Amp – Volúpia frenética da manifestação espiritual do rock´n´roll!!!

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