Ouvi o Sepultura pela primeira vez em 1991, no “Rock in Rio 2”, no Maracanã. Infelizmente, eu estava em casa, e tive de me contentar com o que a Globo decidiu mostrar do show deles: duas músicas: “Inner Self” e “Mass Hypnosis”. Apesar de a banda declarar que o som do “Rock in Rio” foi o pior que eles pegaram na vida até então, para mim foi o suficiente. Corri atrás do “Beneath The Remais”, e acabei levando também uma edição especial do “Arise” feita às pressas pela gravadora para aproveitar o embalo do festival. A capa era tosca, e o disco vinha sem “Orgasmatron”.
O que me atraiu de cara no Sepultura foi a dicotomia: o som era avassalador, gutural, selvagem e, ainda assim, de uma brasilidade (pelo menos para mim) muito mais honesta do que, digamos, Carmem Miranda e a bossa nova. As batidas eram tribais e o som muitas vezes remetia aos confins da Amazônia. Era brasileiríssimo, ainda que cantado/gritado em inglês.
Tentei vê-los aqui no Recife, no famoso show que não aconteceu no Sport, em 1991. Só teria oportunidade de conferir um show deles três anos depois.
Em 1994, a produção do Hollywood Rock anunciou a programação daquela edição do evento, que contava, entre outros, com as presenças de Aerosmith, Robert Plant, Live, Ugly Kid Joe e Poison. Ao notar a ausência do Sepultura no cast, Toninho, presidente do fã clube da banda, angariou três mil assinaturas de fãs e encaminhou o documento aos responsáveis pelo evento. O Sepultura, enfim voltava pra casa depois de um longo tempo sem tocar em terras brasileiras. Era a turnê do recém-lançado Chaos A.D., e achei que valia a pena enfrentar dois dias de ônibus até São Paulo para ver a banda ao vivo. E valeu mesmo. O show deles foi o melhor do festival, e um dos melhores que já vi na vida. Tocaram o Chaos A.D. quase todo, chamaram João Gordo para uma versão de “Crucificados pelo Sistema” e, no final do show, antes de “Arise”, última música, Max berrou no microfone: “quero ver o Morumbi fechado para reforma na segunda-feira”. Se a arquibancada não caiu naquele dia foi por obra divina. E a cereja do bolo: Max apresentando seu filho, Zyon, então com 1 ano, ao público, e sendo preso no final do show por suposto desrespeito aos símbolos nacionais. Segundo a polícia, ele teria pisado na bandeira do Brasil que os fãs deram para a banda. Além de ela estar adulterada, com o losango com o símbolo do grupo no lugar do ‘ordem e progresso”.
Novo contato com a banda só cinco anos depois, em 1999, no Abril pro Rock, e já com Derrick Green nos vocais. Apesar da desconfiança gerada pela nova formação, foi um showzaço. A próxima ocasião foi em 2002, também no APR, só que agora como jornalista, entrevistando a banda. E pagando o mico de pegar autógrafo de todos os discos para um amigo. Foi bacana. Descobri que os caras são gente fina, que o presidente do fã-clube, Toninho, é um figuraça, e que a banda tem um respeito pelos fãs que todo artista deveria ter. Depois do show, passaram horas conversando com os fãs e autografando discos.
Toda a ladainha acima foi para dizer que o Sepultura é uma das bandas que mais respeito no mundo. Mesmo que a formação mude 500 vezes, eles não abrem mão da sonoridade que fazem. Mesmo que esteja fora de moda. Ainda que o público tenha diminuído nos últimos anos.
Essa turnê que estão fazendo com o Angra será reveladora. Será que o público das duas bandas é o mesmo? Meu palpite é que não. A conferir no sábado, no Clube Português.
9 Comments
Na turne que eles estão fazendo tambem há participação de outras bandas, pois em garanhuns eu vi um cartaz anunciando o show do sepultura, angra e(pasmen) Matanza para o mesmo dia naquela cidade das flores.
Viper?! Aquela banda do guitarra do Capital? A que cantava “dinheiro, dinheiro, dinheiro, ou tem pra todo mundo ou não tem pra ninguém” na trilha da novela da record (ou era do SBT)?!
Eu fui no show do abril de 2009 tb, naquela epoca eles ainda sustentavam a bandeira do heavy metal nacional, mas, com o passar do tempo o som foi ficando moderno demais..
eu particularmente axo que o ultimo disco realmente bom do sepultura é o Chaos A.D. (que ja tinha alguns elementos modernos p/ época que foi lançado)
o Roots tem algumas coisas legais mas, axo que forçou demais na “brasilidade” e acabou esquecendo o heavy metal. Com a saida de Max muitos fãs ja desistiram da banda sem nem xegar a ouvir o Against. eu comprei o disco, ouvi p/ um bom tempo mas me desfiz depois.. tinha perdido a essencia (e não foi p/ causa do Max que provou p/ A+B que era o maior responsavel p/ brasilidade na banda com o lançamento do Soulfly). hj em dia eu nem busco mais informações do Sepultura. to com vontade de ir nesse show unicamente p/ causa do Confessori, sou fã do estilo dele, mas, mesmo assim fico meio triste p/ saber que de quebra vou ter que aturar Edu esculhambando com as musicas antigas e com as que ele gravou também. axo que o Angra só volta a ter um pouco do respeito que tinha quando ele sair da banda..
corrigindo..
abril de 1999
xD
Show do sepultura nuncai vi um ruim, faz tempo q vejo essa banda, já angra……rsrssrsrrssr
Muito bom texto, que realmente mostra que o jornalista está com a música na veia. Espero ver um bom Show.
Falar que eles eram mais brasileiros do que Carmem Miranda e a Bossa Nova foi estupidez.
A galera do Sepultura é muito gente fina mesmo,na turnê do Dante XXI no abril pro rock de 2007,juntamente com o Korzus eu conseguir falar com o Andreas Kisser e ele perguntou como é teu nome ai eu falei Enzo ai ele nome do meu filho,o Paulo Xisto também,o pessoal fala que o Sepultura só com o Max,o Derrick consegiuiu ser bom substituto a sim como Jean Dollabela substituiiu o Igor que também da conta do Recado.
Show foda
OLHA HUGO PASSEI UMS DIAS SEM NET VI AGORA ESTA MATERIA VC ESTA DE PARABÉNS E REALMENTE OS CARAS SÃO GENTE FINA VIU, OUTRA COISA SOBRE O SEPULTURA O DERRICK E MUITO COMPETENTE E UM BOM VOCALISTA NAO DEVE NADA AO MAX NÃO VALEU UM FORTE ABRAÇO