Essa entrevista originalmente foi realizada por Rennó & Amélie, do Blog Outros Críticos, para ser publicada exclusivamente no RecifeRock!. Por conta de uma falha de comunicação (de minha parte!), ela foi postada no site deles, mas agora está disponível aqui também para todos vocês.
“A música que fazem soa pequena se restrita apenas a esta banda, por isso que vez ou outra andam a musicar com outrem…” – Alberto Infante, Diário Austral.
“Tenho medo de bandas contemporâneas que fazem discos dançantes. É dança pra dançar sentado, em teatro?” – Barbara Woolfer, Revista de Cinema.
“As primeiras composições da Mombojó, e ainda as parcerias com China, são a música que definem a cara do grupo. são as canções que canto de assobio…” – Clarice Flor, Suplemento Palavra.
“Ás vezes tenho a sensação de que há nos jovens músicos uma ânsia exagerada pela mudança, por vezes mudança vã, que não quer dizer nada. espero que não seja o caso deles. aquelas coisas de samba-ligeiro-lento eram bonitas demais…” – Marcel Ginsber-war, News Days Poems.
“Eu nunca baixei os discos deles!” – Anônimo, Fã Clube.
Lembro de ter visto um dos primeiros shows do Mombojó no Recife Antigo. Fiquei enrolado com o nome da banda, chamava “Monjobó“, e depois perguntava a um amigo: “Como é o nome daquela banda mesmo?!”
Pois bem, muita coisa aconteceu nestes anos. é possível vê-los não apenas como banda, mas como músicos que trabalham com outros diversos músicos. A música deles se multiplica em outros ares. Esta entrevista foi feita com Felipe S. por e-mail, e sendo assim, perdem em espontaneidade em relação a uma entrevista cara a cara, mas ganham em maturação das perguntas e respostas, é o que espero. Eis a entrevista.
Mombojó – Casa Caiada
[audio:http://www.reciferock.com.br/images/2009/10/mombojo-casa-caiada.mp3]
Vocês estão prestes a pôr mais um disco na praça, “Amigo do Tempo“. Que relação há entre o título e as canções que em breve virão? Os amigos do tempo são vocês, sua música, a amizade, o tempo da canção?
“Amigo do Tempo” surgiu a partir da letra da música, esse nome remete muito a época que estamos passando agora, muita mudança acontecendo e temos que saber esperar as coisas se organizarem. “Amigo do Tempo” é um lema que pode ser seguido por qualquer pessoa, nem sempre é a melhor opção, mas reflete muito bem o que estamos querendo ser hoje em dia.
As canções dos discos geralmente são o corte de um determinado tempo, o registro daquele pedaço de vida. O que vocês registraram nestas canções que valha a pena registrar aqui em poucas palavras? Nos falem de uma música e de uma história a ela relacionada. Qualquer uma.
O grande diferencial para nós nesse disco é que a base dele não foi gravado em estúdio. Gravamos numa casa aqui em Pernambuco, num lugar que se chama Aldeia. É perto de Recife, mas é bem mais perto da natureza e longe do barulho da cidade. Regravamos várias coisas em São Paulo, em estúdio, mas usamos 80% das duas semanas que passamos experimentando ideias. A única música que não foi gravada nessa ocasião foi “Antimonotonia”, que aproveitamos a participação no programa “10 Horas no Estúdio”, feito pelo Radiola (Trama), para registrar a música.
Vimos a participação que vocês fizeram noquadro “10 Horas no Estúdio”, do programa Radiola. E a canção “Antimonotonia”, segundo Chiquinho, é um outro lado do outro lado do Mombojó. Então pergunto: as canções do disco novo seguem mostrando estas outras faces e lados? Os arranjos e formação da banda tendem a explorar isso?
Isso é uma eterna busca em que estamos, tentando não se repetir muito, mas acho que esse disco ficou mais dançante e como você mesmo me perguntou, os arranjos e a formação da banda tendem a explorar mais isso .
Ainda sobre “Antimonotonia”… A canção tem uma letra curta; esse fato influencia no tratamento que se dará ao arranjo? Ou seja, a parte instrumental tem um tratamento e uma elaboração distinta do que teria se a letra fosse maior, contendo nela mais partes melódicas?
Com certeza, mas tentamos não criar hierarquias entre os instrumentos, por isso acho que no Mombojó a voz não é tão na cara.
A produção do disco se dá de forma independente. É assim que vocês queriam gravar este disco? E qual a diferença primordial deste disco em relação ao Homem espuma, no que tange o processo de produção?
Queríamos muito fazer esse disco independente para testar mais as possibilidades da banda, se esforçar para ser mais auto-suficiente. Durante essa época estávamos mais interessados em aprender coisas dentro do estúdio, acabou que deixamos um pouco de lado como faríamos o disco.
Muitas bandas e artistas têm em seu primeiro disco as canções que definem suas carreiras ou estilo, e em geral estes primeiros discos nascem em confronto com os percalços de ser um artista iniciante, e pela própria falta de maturidade, que é natural, já que se trata de uma estreia. Agora vocês atingem uma maturidade, mas não pensam que sempre ficarão fadados àquelas primeiras canções? Sempre será aquela a cara da Mombojó, pelo menos para a maioria das pessoas?
Não fico fadado àquelas canções não, como já disse antes, nossa busca é não se repetir e acho muito legal tocar todas as músicas possíveis em shows e ver as mudanças que o tempo faz nas músicas, depois de lançarmos esse terceiro disco, queremos lançar uma trilogia, releituras nossas de músicas dos três discos para marcar os 10 anos de banda que vamos ter em 2011.
Depois de oito anos de banda; e o que antes era tido como brincadeira é hoje o trabalho que guia a vida de vocês. Esse compromisso com o trabalho tira das canções a espontaneidade e ingenuidade de início de banda? Dá pra pôr numa balança as conquistas musicais que vocês tiveram nestes anos em contraponto com as músicas do “nadadenovo”?
Com certeza. A experiência faz você evitar situações indesejáveis e inevitavelmente você acaba se preocupando mais com a parte executiva da banda, até porque é o nosso trabalho, é dali que tiramos nosso sustento e queremos muito investir para que a banda seja maior, essa ultima pergunta requer um tempo maior para pensar, até porque a maioria das coisas que conquistamos é graças a um primeiro disco bem sucedido.
Nunca haverá uma banda como a Mombojó, ou haverá músicas como as que vocês fazem. Isto não é elogio, é apenas uma constatação óbvia, mas quero com isso dizer que a responsabilidade de pôr o trabalho de vocês na rua parte de uma relevância que vocês próprios têm que ter da música que fazem. Vale a pena fazer mais canções pra esse mundo cheio de artistas e caos?
Eu não consigo me imaginar fazendo outra coisa, além do que, eu acredito muito nas pessoas e na verdade.
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