Clipping: “Arnaldo nos embalos do iê-iê-iê”

Por Guilherme Moura em 2 de novembro de 2009

Foram 21 canções e 900 pessoas felizes. Esse é o resultado do show de Arnaldo Antunes

Arnaldo Antunes (JC)
Do JC de Hoje.

» CONCHA ACÚSTICA
Arnaldo nos embalos do iê-iê-iê
Publicado em 02.11.2009

Diana Moura (diana@jc.com.br)

Foram 21 canções e 900 pessoas felizes. Esse é o resultado do show de Arnaldo Antunes, na noite da última sexta-feira, na Concha Acústica da UFPE, lançando, no Recife, o CD Iê iê iê. O público dançou, entoou refrões, ensaiou passinhos e jogou as mãozinhas pro ar. Uma prova de que a alegria pode ser como o compositor: minimalista mesmo sem ser contido, autoral e inteligente. E quem deixou de conferir a apresentação porque já tinha visto o cantor em julho, no Teatro da UFPE, perdeu uma noite linda.

Tudo contribuiu para a animação dos fãs: o lugar agradável e cheio de árvores, o clima ameno, o repertório de músicas animadinhas e a qualidade da apresentação. O show foi totalmente dedicado ao iê-iê-iê em todas as suas vertentes, das baladas de bailinho, passando pelo roquezinho inocente dos primeiros anos dos 1960, indo até a sonoridade do brega romântico de gafieira, meio latino, que marcou a história de nomes mais populares remanescentes da jovem guarda. Vem daí a ótima releitura de Odair José (Quando você decidir) que entrou em cena na Concha Acústica. Todas as referências surgiram filtradas pelo estilo de Arnaldo Antunes, que usa o humor e a ironia como elementos de desconstrução de linguagens consagradas para transportá-las ao seu próprio universo criativo.

O cantor e sua banda, com destaque e muitos aplausos para o guitarrista Edgard Scandurra (ex-Ira), tocaram todas as canções do CD Iê iê iê. O fato de ser um disco recém-lançado, com músicas ainda pouco conhecidas do público, não atrapalhou a animação da galera, que se divertiu com o ritmo contagiante das canções. A descontração dos músicos, metidos em terninhos anos 1960 em cores neutras e Arnaldo em preto e branco, contribuiu com o clima divertido da noite. Sem contar nas bem humoradas citações aos arranjos à iê-iê-iê, com direito a teclados que simulam o som de órgãos, com efeitos que chegam perto do cafona.

Entre os momentos mais festejados do show, está a versão de Arnaldo Antunes para Americana (Ela é americana, da América do Sul), de Dorgival Dantas. Outro cover veio com Vou festejar, um sambão de avenida que ganhou tons mais dramáticos, como pede a letra. O ponto alto da noite, entretanto, veio com Longe, composição mais bonita e menos efusiva de Iê iê iê, que já havia sido mostrada no Recife, em julho. Com um globo de espelhos iluminado no centro do palco, espalhando estrelinhas por toda a Concha Acústica, a música ganhou sessões de aplausos antes do final. A delicadeza do momento só foi quebrada pela microfonia, que atrapalhou a execução de várias canções.

Em tempo: num lugar onde shows em áreas residenciais são interrompidos na metade – como ocorreu no Clube Alemão –, ou que as pessoas sofrem com o calor e o aperto de espaços como o Mercado Eufrásio Barbosa, está na hora de os produtores de eventos olharem com mais atenção para a Concha Acústica, que oferece conforto e boa infraestrutura para o público.

fonte: http://jc3.uol.com.br/jornal/2009/11/02/not_353224.php

One Comment

  1. Posted 6 de novembro de 2009 at 17h41 | Permalink

    O show foi realmente vibrante, a atmosfera e a acústica do céu aberto cria uma ambiente diferenciado para os presentes. Perdi o show de julho mas fui à forra neste…

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