Seria praticamente impossível repetir o feito do Cordel do Fogo Encantado no ano passado. Mas a Original Olinda Style não ficou muito longe.
Ficou também para o último dia aquele que foi o pior show do RecBeat: o do mexicano Cabezas de Cera. Foi também a noite em que o Cidadão Instigado fez um show irrepreensível. E que o acreano Caldo de Piaba deixou todo mundo confuso.
No último dia, a noite começou mais cedo, por volta das 19h, com a apresentação de Adiel Luna e Coco Camará, vencedor do polêmico Pré-Amp, que o credenciou, entre outras coisas, a abrir a última noite do festival. É inegável que são bons, e ver o público todo dançar coco fez lembrar dos antológicos shows de Coco Raízes de Arcoverde no RecBeat. Ao ser informado que seu tempo já tinha esgotado, Adiel saiu-se com essa: “aqui em cima o tempo já está esgotado. Mas aí embaixo a gente pode fazer o que quiser”. E fizeram. Desceram e tocaram no meio do público, para alegria de gringos ensandecidos com suas filmadoras e câmeras digitais. Bonito de ver.
Na sequência veio Mestre Galo Preto, em show didático em que explicou as várias ramificações do coco e suas formas de dançá-lo.
Por ser o último dia de carnaval, já havia muita gente no Paço Alfândega durante a apresentação do trio instrumental acreano Caldo de Piaba. A maioria reagiu de forma hipnótica ao som deles. Quem já os conhecia ficou sem entender o porquê da saraivada de covers que tocaram. Será que acharam que era o que o público queria no carnaval? Ou queriam se mostrar mais acessíveis? O fato é que a banda continua fiel à sua proposta, que é a de eletrificar os ritmos locais, dando-lhes um acabamento mais pesado. E foi no mínimo divertido ouvir “O Caminho do Bem”, da fase Racional de Tim Maia, em versão tão inusitada. Nem os Beatles escaparam. Show divertido, mas que teria sido mais interessante com o repertório autoral.
O Cidadão Instigado foi perfeito. E, surpresa, muita gente estava ali para vê-los. Em outros festivais que acompanhei, o Cidadão Instigado era apenas mais um nome “desconhecido” entre tantos outros, tocando como coadjuvante para alguém mais famoso. Desta vez, não. Eram um dos principais nomes, e seu show não deixou dúvidas quanto a isso. O fato de terem lançado, em 2009, um dos discos mais aclamados do ano, também ajudou. “Uhu” teve suas músicas cantadas por boa parte do público, e a banda compreensivelmente priorizou o repertório deste trabalho. Dos melhores shows desta edição do RecBeat.
Depois veio o pior show do RecBeat: o do trio mexicano Cabezas de Cera. Para tentar resumir a história: três caras que tocam pra cacete fazendo uma música absurdamente chata. Algo como jazz progressivo, simplesmente insuportável de tão diluído. Surpresa mesmo foi constatar que a banda tinha um fã na primeira fila, que se esgoelava ao gritar o nome da banda e pedir músicas. Algo muito ruim travestido de bom. Ser bom músico não adianta de nada se suas músicas são uma droga…Enfim…
E a Original Olinda Style começou seu show com “Guia de Olinda”, de Erasto Vasconcelos. O próprio entrou em cena logo a seguir, fantasiado de mulher, para cantar “Maranguape”. Formada pelo Eddie e pela Orquestra Contemporânea de Olinda, a Original Olinda Style foi brindando o público com uma fábrica de hits, boa parte deles tendo a cidade como sujeito da história. Terminaram o show com todo mundo cantando “Não Vou Embora”, aquela que diz que “Olinda inteira vai descer ladeira”. No último dia de carnaval, Olinda inteira parecia estar no RecBeat.
5 Comments
A mim não surpreendeu em nada a quantidade de gente que foi ver o Cidadão Instigado.
Lançaram um cd foda e estão sendo reconhecidos.
Cabezas de Cera é bom, só estava no lugar errado.
Já o Original Olinda Style é ótimo e estava no lugar certo.
Mesmo esse reconhecimento sendo um tanto quanto tardio, já que Catatau fez um ótimo trabalho desde o método tufo, que foi lançado em 2005. :)
Pessoal, vai ter Julia Says & DJ Dolores no UK Pub no próximo sábado, dia 27/02. A partir das 22h.
Esse foi o ano em que assisti somente um show no rec beat – magic slim – todavia, a cidadão estigado tem sido ajudada por pernambucanos que têm convidado seus integrantes para participarem de apresentações, principalmente o CATATAU que, por exemplo tocou com OTTO no Marco ZEro, sem falar de outras participações importantes como no tributo a Luiz Gonzaga e outros shows de Otto como no festival de circo do ano passado, isso ajudou a banda que vem sendo chamada para apresentar-se no grande recife, tendo mais oportunidade do que outras bandas locais, assim fica facil ter público(sem desmerece-los, pois devem ter uma certa qualidade musical),
Como o Otto tem a cara do Rec Beat, aí vai uma entrevista massa do cara.
Vale a pena:
http://musica.ig.com.br/entrevistas/2010/03/01/em+conversa+franca+otto+confessa+alcoolismo+9412521.html
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