Resenha – D Mingus: Filmes e Quadrinhos

Por Hugo Montarroyos em 14 de outubro de 2010

Há pouco tempo, o excelente blog Hominis Canidae http://www.hominiscanidae.org/ publicou texto afirmando que “Filme e Quadrinhos”, disco de estreia de D Mingus, era o melhor álbum pernambucano lançado em 2010. Isso foi antes do lançamento do excepcional disco do A Banda do Joseph Tourton. E, mesmo que comparações não caibam aqui, algumas constatações são surpreendentemente reveladoras. Não parece, não há como perceber, mas a verdade é que “Filmes e Quadrinhos” foi gravado todo no quarto de D Mingus, com ele tocando todos os instrumentos.

E o som de D Mingus intriga, instiga, provoca. Ecos de Morricone, guitarras climáticas como as do Radiohead, peso, distorção, noise e, aqui e ali, frescor pop, como no caso da faixa que dá título ao álbum.
O disco abre com “Alien Morricone Strikes Again”, uma espécie de trilha de velho oeste adaptada para o espaço sideral. Muito diferente de tudo que já foi feito por esses lados.

O que impressiona – muito – no disco são as texturas, os detalhes, tudo trabalhado de forma artesanal, num resultado surpreendente e extremamente interessante. “Galáxia 2001 Futuro”, por exemplo, remete aos Mutantes, adicionando ainda mais psicodelia, numa balada onírica que nos transporta para outras influências, essas mais obscuras, como o rock da Finlândia.

“Filmes e Quadrinhos” traz 12 faixas bem diferentes entre si, mas que, mesmo assim, compõem uma unidade, uma identidade, um todo completamente bem delineado.
“Oroboro” é um exercício de desconstrução da música latina. E é justamente isso o que o iconoclasta D Mingus fez neste disco: derrubou todos os mitos da música moderna e os readaptou ao seu estilo. Não é pouco. Disco do ano, meu chapa!

Cotação – ótimo

http://www.myspace.com/dmingusp

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