Tagore Suassuna tem apenas 25 anos, mas já acumula experiência de veterano. Começou a fazer barulho na cena pernambucana com o The Keith, banda que seguia o jeito Strokes de ser e onde Tagore era guitarrista e vocalista. Em 2009, tocou no Abril pro Rock com o The Keith. No ano seguinte, Tagore lançou-se em projeto-solo com o elogiado “Aldeia”, disco que mesclava tonalidades regionais com influências do pop britânico. Bem sucedido, Tagore montou banda homônima, venceu a edição 2013 do Pre-Amp, está gravando disco novo (que deve ser lançado ainda nesse semestre) e foi escalado para tocar no Abril pro Rock deste ano, onde se apresenta sexta-feira, dia 19. Na entrevista abaixo, Tagore conta um pouco da sua trajetória, fala da mudança estética de sua sonoridade e de como será sua apresentação no Abril pro Rock
Como foi a transiçao do The Keith para o Tagore?
Apesar de eu ter na minha família diversos artistas de cunho regional, sempre curti mais artistas internacionais e particularmente ligados ao rock. Esse interesse repentino por uma sonoridade mais próxima das minhas raízes, com certeza se deve ao fato de eu ter ido estudar em Caruaru e, de certa forma, bebido um pouco mais da “cultura do barro”. Mas isso se reflete em poucas das nossas músicas, no geral, tentamos trabalhar melodias mais universais, mais rock, porém, meu sotaque de inhame não tem como ser retirado, então sempre carregaremos uma fagulha regional nesse incêndio sonoro.
Como foi a experiência no Pre-Amp? Imaginava ganhar? Sentiu que o festival deu maior visibilidade ao Tagore?
Foi massa, de início pensamos em não levar a ideia de participar adiante, por não curtir mesmo esses eventos de “competição” musical, mas uma vez que decidimos entrar, foi de cabeça, focados em ganhar, claro. Se conseguimos, quero imaginar que tenha sido por merecimento e pelo trabalho de qualidade apresentado, e como julgar arte é semi-impossível, isso não significa que sejamos melhor que nenhum outro grupo participante. A visibilidade aumentou consideravelmente, e esperamos mais com a vinda do nosso disco ainda esse semestre.
Em recente entrevista ao Jornal do Commercio, você disse que só veio conhecer a obra de Alceu Valença em 2011. É recente esse seu “merguho” na música brasileira?
Seria um absurdo eu dizer que conheci Alceu apenas em 2011, mas foi nessa época em que tive contato com uma parte de sua obra que havia me passado despercebida, e que, por acaso, nela encontrei diversas semelhanças com a sonoridade que estávamos construindo. Foi então que “mergulhei” no Molhado de Suor e Espelho Cristalino, que são seus primeiros discos solo. Antes disso meu interesse pela música brasileira existia sim, e passava por artistas como Ave Sangria, Raul Seixas e Ronnie Von.
Da sua geração, talvez você seja o único músico a tocar em bandas diferentes no Abril pro Rock. Qual a sensação?
Meio louca, confesso. Toquei muito novo, tinha 21 anos e uma proposta de arte muito imatura ao meu ver hoje. Não que eu esteja um idoso, mas do alto dos meus 25, me sinto bem mais sólido como artista. Estar no mesmo palco 4 anos depois, mas com tudo completamente diferente à minha volta, vai ser no mínimo estranho.
Como será o show no Abril pro Rock?
Curto, suave e grosso.
Como acha que a mídia vem encarando o seu trabalho? Não está cansado de ser “rotulado” como roqueiro Zen?
Não podemos reclamar em termos de espaço, pois estamos sempre dando alguma entrevista pra matérias legais e de considerável alcance de público, o que enche um pouco o saco é o rótulo regionalista, mas que, como disse, não foi estabelecido por nós de forma intencional, é algo natural e vem principalmente das vozes. Mas garanto que o que estamos guardando para os discos futuros vai gerar outra etiqueta.
A proposta do Tagore é se fixar no Recife ou a banda tem planos de se mudar para São Paulo ou Rio, onde o mercado é maior?
É o sonho adolescente das bandas daqui né? Ter um espaço habitável em alguma dessa duas cidades e correr atrás do lugar no olimpo. Por hora, nossa toca é aqui, mas temos planos sim de fazer essa transição experimental.
Se quiser acrescentar alguma coisa, o espaço é seu!
Gostaria apenas de agradecer a todos os responsáveis por esse projeto vir se tornando reconhecido e impulsionado, gente como vocês dos veículos midiáticos, e os apreciadores da boa música.
No mais, até sexta.
One Comment
muito bom. Qual o email de contato de vcs?